
Alain Herzog, EPFL
A Dra. Camille Goemans estuda como os antibióticos e outros medicamentos afetam o microbioma intestinal e como essas bactérias contribuem para a resistência aos antibióticos
Fonte
Valérie Geneux, EPFL
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Resumo
O microbioma intestinal possui uma série de funções que são importantes para a manutenção da saúde humana, afetando decisivamente, além do sistema digestório, os sistemas imunológico, metabólico e neurológico.
Na busca por melhorar a compreensão sobre a microbiota intestinal e também de como manter sua integridade, pesquisadores estão estudando a interação entre medicamentos e as bactérias intestinais.
Atualmente, no caso de infecções, o consumo de antibióticos orais pode comprometer a saúde da flora intestinal, eliminando bactérias saudáveis. Esse é um desafio para os cientistas, que buscam maneiras de resolver ou minimizar esse problema.
O trato digestivo humano contém cerca de 1,5 kg de bactérias. Esse microbioma intestinal vem ganhando atenção nos últimos anos, à medida que os cientistas descobrem que seu papel se estende muito além da digestão: essas bactérias ajudam a digerir fibras, produzem vitaminas, auxiliam o sistema imunológico, protegem o intestino, ajudam a regular o peso e o metabolismo e a manter uma boa saúde mental.
O microbioma intestinal é composto por cerca de 1.000 cepas de bactérias e é o microbioma mais denso e diverso do corpo humano. “Essas bactérias desempenham funções específicas com base em seu metabolismo”, disse a Dra. Camille Goemans, microbiologista, professora e pesquisadora no Laboratório de Interações Medicamento-Microbiota da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça.
Um número crescente de doenças aparentemente não relacionadas ao intestino – como alergias, obesidade, autismo e distúrbios autoimunes – podem ser influenciadas pelo microbioma.
O microbioma intestinal fica completamente formado aos três anos de idade, sendo modificado ao longo da vida como resultado da dieta, exercícios, estresse e doenças, além de medicamentos, como antibióticos, que reduzem a diversidade das bactérias intestinais. “Quanto mais ampla a gama de bactérias, mais capaz nosso microbioma intestinal é de nos manter saudáveis”, destacou a professora Camille Goemans.
Chamado por alguns cientistas de ‘segundo cérebro’ do corpo humano, o microbioma intestinal pode afetar condições de saúde mental como ansiedade, depressão e transtorno bipolar, bem como doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson. Algumas dessas bactérias produzem dopamina, serotonina e outros neurotransmissores que interagem diretamente com o cérebro e o sistema nervoso.
Os neurotransmissores [produzidos por bactérias do microbioma intestinal] criam sentimentos de felicidade, contentamento e bem-estar. Se não forem produzidos adequadamente, nossa saúde mental pode sofrer. Pacientes com condições de saúde mental frequentemente também têm problemas com o trato digestivo
No laboratório da professora Camille Goemans na EPFL, ela e seus colegas pesquisadores estão estudando como os antibióticos e outros medicamentos afetam as várias bactérias intestinais e como essas bactérias contribuem para a resistência aos antibióticos.
“Antibióticos são compostos que matam bactérias para livrar o corpo de uma infecção. Os antibióticos que estão no mercado hoje não diferenciam entre bactérias úteis e patógenos. Antibióticos orais frequentemente destroem parte da flora intestinal”, disse a professora. Em algumas pessoas, a flora é capaz de se recuperar naturalmente, enquanto em outras, a recuperação pode levar um tempo considerável.
Os cientistas esperam conseguir desenvolver tratamentos direcionados que possam eliminar uma infecção sem danificar todo o microbioma do paciente. Eles também estão examinando a função precisa de cada tipo de bactéria intestinal. “Precisamos descobrir como os diferentes componentes interagem antes de podermos melhorar a saúde do corpo humano como um todo”, concluiu a Dra. Camille Goemans.
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