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Fabio Bergamin, Comunicação Corporativa do ETH Zurique
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Resumo
Usando uma técnica desenvolvida anteriormente para o cultivo de células musculares em laboratório para o tratamento de doenças hereditárias que envolvem degeneração muscular, cientistas estão conseguindo melhorar o desenvolvimento de carne em laboratório a partir de células bovinas.
Com a técnica – que envolve um coquetel de três moléculas adicionado ao meio de cultura celular – os cientistas conseguiram criar tecido muscular tridimensional composto por fibras espessas de mioblastos.
Apesar de terem conseguido produzir apenas alguns gramas de músculo, os pesquisadores estão agora explorando maneiras de aumentar a produção.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Em todo o mundo, vários grupos de pesquisa e startups estão tentando desenvolver carne produzida em laboratório a preços acessíveis, antecipando a demanda por uma produção de carne sem a necessidade de estábulos, transporte de gado e matadouros.
Em Singapura, por exemplo, frango produzido em laboratório a partir de células animais cultivadas já está disponível comercialmente. No caso da carne bovina produzida em laboratório, o desenvolvimento ainda não atingiu essa maturidade.
Sob outro aspecto, a carne produzida em laboratório a partir de células animais também liberaria uma área considerável ocupada pela pecuária. E também poderia ser mais favorável ao clima, embora esse ainda seja um assunto em debate.
Estudo
No Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurique), na Suíça, a equipe de pesquisa liderada pelo Dr. Ori Bar-Nur, especialista em Biologia Regenerativa e Muscular e professor do Departamento de Ciências e Tecnologia da Saúde, tem trabalhado no desenvolvimento de carne em cultura celular a partir de células bovinas.
Os cientistas usam células precursoras, conhecidas como mioblastos, que formam fibras musculares. Essas células podem ser obtidas por meio de biópsia de uma vaca viva. Para sua pesquisa, no entanto, eles isolaram as células de cortes bovinos padrão, como filé e contrafilé.
Para produzir as fibras musculares, os pesquisadores do ETH Zurique adicionaram um coquetel de três moléculas ao meio de cultura celular – o líquido rico em nutrientes usado para cultivar células em placas de Petri em laboratório.
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Resultados
Embora cientistas já tenham conseguido gerar fibras musculares a partir de mioblastos bovinos em laboratório, essas fibras geralmente são bastante finas.
Agora, os pesquisadores do ETH Zurique conseguiram criar tecido muscular tridimensional composto por fibras espessas de mioblastos. Esse tecido também se assemelha mais ao tecido muscular bovino natural nos níveis molecular e funcional, além de possuir os mesmos genes e proteínas ativos que o tecido muscular bovino natural e se contrair de forma semelhante. Estes são avanços em relação aos tecidos musculares produzidos anteriormente em laboratório, cujas células não possuíam algumas das proteínas encontradas no músculo natural.
As moléculas adicionadas desempenham um papel fundamental na diferenciação celular. O Dr. Ori Bar-Nur desenvolveu o coquetel originalmente há sete anos, durante seu pós-doutorado na Universidade de Harvard, nos EUA.
Naquela época, ele trabalhava principalmente com camundongos. Sua pesquisa básica girava em torno do cultivo de células musculares fora do corpo para o tratamento de doenças hereditárias que envolvem degeneração muscular. A pesquisa sobre distrofia muscular continua sendo um foco importante para o professor Ori Bar-Nur no ETH Zurique. Mas, como aplicação adicional, ele descobriu que sua abordagem envolvendo as três moléculas é adequada para a produção de células musculares bovinas de qualidade superior em laboratório.
As três moléculas são necessárias apenas nos estágios iniciais da formação das fibras musculares. Depois disso, é possível – e necessário – remover as moléculas do meio de cultura celular durante o processo de produção. Nenhum produto comercial futuro conteria essas moléculas.
Apesar dos bons resultados alcançados até agora, ainda é necessário desenvolvimento adicional para atingir a maturidade de mercado.
“O meio de cultura celular requer maior otimização para torná-lo mais acessível e seguro para o consumo. Além disso, precisamos explorar maneiras de produzir essas fibras musculares em maiores quantidades”, afirmou a Dra. Christine Trautmann, pesquisadora de pós-doutorado no grupo de pesquisa do professor Ori Bar-Nur e uma das autoras principais do estudo, publicado na revista científica Advanced Science.
Até o momento, os pesquisadores produziram apenas alguns gramas de músculo, mas agora estão explorando maneiras de aumentar a produção.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Advanced Science (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique.
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