
Fonte
Universidade Monash
Publicação Original
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Resumo
Usando dados de 16.055 pessoas dos EUA com idades entre 20 e 79 anos do estudo US National Health and Nutrition Examination Survey 2003-2010, em conjunto com o algoritmo PhenoAge para avaliação do envelhecimento, pesquisadores identificaram uma associação significativa entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o aumento do envelhecimento biológico.
O estudo, liderado pela Universidade Monash e com a participação de pesquisadoras brasileiras, destacou a importância de uma dieta saudável e de consumir o mínimo possível de alimentos ultraprocessados.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Os alimentos ultraprocessados incluem, entre outros, alimentos como batatas fritas, refrigerantes, macarrão instantâneo, sorvete, chocolate, biscoitos, refeições prontas, salsichas, hambúrgueres, nuggets de frango e peixe, lanches doces ou salgados e barras energéticas.
Como muitos destes alimentos podem ter uma participação importante na dieta, principalmente pela justificativa de falta de tempo de preparo e da ‘conveniência’ do consumo de fast-food, é importante ter ciência sobre como o consumo de alimentos deste tipo influencia no processo de envelhecimento real (biológico) das pessoas.
Estudo
Estudo recente associou o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados com a aceleração do envelhecimento biológico.
Além da participação de pesquisadores da Escola de Medicina Icahn em Monte Sinai, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e da Escola de Saúde Pública da Universidade Colúmbia, nos EUA, a pesquisa teve a participação das pesquisadoras brasileiras Dra. Bárbara Rita Cardoso, primeira autora do estudo, doutora em Ciência dos Alimentos pela Universidade de São Paulo (USP) e atualmente pesquisadora do Departamento de Nutrição, Dietética e Alimentos da Universidade Monash, na Austrália; Dra. Priscila Machado, pesquisadora da Universidade Deakin, também na Austrália, e doutora pela Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP-USP); e Dra. Eurídice Martínez Steele, pós-doutoranda da FSP-USP.
Publicado na revista científica Age and Ageing, o estudo mostrou que para cada aumento de 10% no consumo de alimentos ultraprocessados, a diferença entre a idade biológica e a idade cronológica aumentou em 2,4 meses.
O estudo transversal avaliou dados envolvendo 16.055 pessoas dos EUA com idades entre 20 e 79 anos, cuja saúde e estilo de vida eram comparáveis aos de outros países ocidentais, como a Austrália.
O estudo usou dados do US National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) 2003-2010. A qualidade da dieta foi avaliada com a American Heart Association (AHA) 2020 e o Healthy Eating Index 2015 (HEI-15). O envelhecimento biológico foi avaliado usando o algoritmo PhenoAge.
A significância de nossas descobertas é tremenda, pois nossas previsões mostram que para cada aumento de 10% no consumo de alimentos ultraprocessados, há um aumento de quase 2% no risco de mortalidade e 0,5% no risco de doença crônica incidente ao longo de dois anos
Resultados
Segundo a Dra. Barbara Cardoso, apesar de a associação entre alimentos ultraprocessados e marcadores de envelhecimento biológico ter sido pouco investigada até aqui, as descobertas ressaltaram a importância de consumir o máximo possível de alimentos não processados e minimamente processados.
Para cada 10% da ingestão de energia por alimentos ultraprocessados, os participantes eram biologicamente mais velhos em 0,21 anos. Comparados aos participantes no quintil mais baixo de consumo de alimentos ultraprocessados (39% ou menos da dieta com alimentos ultraprocessados), aqueles no quintil mais alto (com 68% a 100% da dieta baseada em ultraprocessados) eram biologicamente mais velhos em 0,86 anos.
A associação entre a ingestão de alimentos ultraprocessados e o envelhecimento biológico permaneceu significativa após o ajuste para a qualidade da dieta e a ingestão total de energia.
Isso sugere que a associação pode ser devida a outros fatores, como menor ingestão de flavonoides ou fitoestrógenos, que ocorrem em alimentos naturais, como frutas e vegetais frescos, ou maior exposição a produtos químicos de embalagem e compostos formados durante o processamento de alimentos.
Os resultados também apoiaram pesquisas anteriores que vinculavam o consumo de ultraprocessados a marcadores de envelhecimento, como comprimento do telômero (um comprimento menor do telômero é um sinal de envelhecimento celular), fragilidade, declínio cognitivo e demência.
Assumindo uma dieta padrão de 2.000 calorias por dia, adicionar 200 calorias extras de alimentos ultraprocessados, o que equivale aproximadamente a uma porção de 80 gramas de pedaços de frango ou uma pequena barra de chocolate, pode levar ao processo de envelhecimento biológico avançando em mais de dois meses em comparação ao envelhecimento cronológico
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Autores/Pesquisadores Citados
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Publicação
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