
Fonte
Tom Wilemon, Centro Médico da Universidade Vanderbilt
Publicação Original
Áreas
Resumo
Pesquisadores desenvolveram um novo estudo em animais que mostra que, durante o ciclo de tratamento de pacientes com câncer, o sucesso de uma vacina pode depender do instante em que é aplicada.
Se aplicada em um instante inicial de progressão da doença, a vacina pode impulsionar células T reativas ao tumor e viabilizar a imunoterapia.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Com o desenvolvimento e o uso de vacinas de mRNA durante a pandemia da COVID-19, há um entusiasmo crescente sobre o uso de vacinas personalizadas para tratar e prevenir diversos tipos de câncer.
Neste sentido, a vacina poderia ser um recurso terapêutico importante para evitar a progressão do câncer, melhorando a qualidade de vida dos pacientes e estendendo a sobrevivência.
Porém, em estudos publicados anteriormente em que a aplicação de vacinas contra o câncer foi realizada em estágios avançado da doença, os resultados foram limitados ou ineficazes.
Estudo
Pesquisadores da Escola de Medicina e do Centro Médico da Universidade Vanderbilt, nos EUA, trouxeram um novo posicionamento quanto à efetividade de vacinas contra o câncer: vacinas que não conseguem deter o câncer em um estágio avançado poderiam potencialmente ter sucesso se administradas precocemente, em uma fase inicial do desenvolvimento da doença.
Em um novo estudo, publicado na revista científica Journal for ImmunoTherapy of Cancer, os pesquisadores demonstraram, em um modelo animal, que a vacinação pode bloquear a progressão do tumor, se administrada precocemente.
Os pesquisadores desenvolveram um modelo de camundongo com câncer genético clinicamente relevante no qual os hepatócitos (células do fígado) sofrem eventualmente transformação oncogênica.
Eles descobriram que camundongos com lesões iniciais mantiveram uma população de células T CD8 específicas do tumor (TCF1+ progenitor), o que não aconteceu em camundongos com tumores avançados.
Os pesquisadores investigaram uma vacina previamente testada em ensaios clínicos em humanos para cânceres avançados. Esta vacina usa uma bactéria intracelular gram-positiva que induz respostas intensas de células T CD4 e CD8, e é projetada para expressar o epítopo do tumor, que impulsiona as células T reativas ao tumor.
Nosso estudo sugere que o momento da vacinação é importante. Uma característica única do nosso estudo é que esses camundongos têm alto risco, essencialmente 100%, de desenvolver câncer, então o fato de que uma única imunização no momento certo pode dar proteção vitalícia é bastante impressionante. Não há muitos estudos sobre câncer em que camundongos foram acompanhados por tanto tempo após a vacinação e permaneceram livres de tumores por dois anos
Resultados
Os resultados do estudo revelaram que populações de células T específicas do tumor estão presentes em camundongos com lesões em estágio inicial e podem ser exploradas terapeuticamente pela vacinação, mas camundongos com tumores avançados não retêm essas células.
O estudo também mostrou que o tratamento precoce com uma vacina contra o câncer bloqueou a progressão do tumor quando as terapias de bloqueio do checkpoint imunológico (ICB) foram ineficazes. As terapias de ICB são aprovadas para tratar cânceres avançados, mas apenas um subconjunto de pacientes com certos tipos de câncer atingem remissão duradoura com elas.
Todos os camundongos que receberam a vacinação em estágio inicial permaneceram livres do tumor, mas a vacina não conseguiu deter a progressão do tumor hepático quando administrada posteriormente.
Os pesquisadores concluíram que a presença de uma população de células T CD8 específicas do tumor (TCF1+ progenitor) é necessária para que as vacinas contra o câncer sejam eficazes.
“O ICB funciona tirando os freios das células T, mas se as células T nunca foram ativadas corretamente, elas são como carros sem combustível, e o ICB não funciona. A vacinação impulsiona as células T para um estado funcional para que elas possam eliminar células cancerígenas iniciais”, concluiu a Dra. Mary Philip, professora da Escola de Medicina e Diretora do Instituto de Infecção, Imunologia e Inflamação da Universidade Vanderbilt. A Dra. Mary Philip é a autora sênior do estudo.
As descobertas destacam a importância de mais pesquisas sobre a aplicação precoce de vacinas para que o bloqueio da progressão da doença em longo prazo seja uma realidade para mais pacientes com câncer
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Journal for ImmunoTherapy of Cancer (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia completa na página da Universidade Vanderbilt (em inglês).
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