
Fonte
Michael Brown, Folio, Universidade de Alberta
Publicação Original
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Resumo
Uma publicação recente destacou que um efeito colateral importante de medicamentos usados para a perda de peso, como a semaglutida, é a redução de massa muscular.
Com foco nesse cenário, pesquisadores analisaram os resultados da administração da semaglutida em camundongos obesos e não obesos, verificando os resultados sobre o tamanho dos cardiomiócitos e da massa muscular cardíaca.
Eles observaram que a redução na massa cardíaca induzida pela semaglutida ocorreu independentemente da perda de peso, em camundongos obesos ou magros.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Na edição de novembro da revista científica The Lancet Diabetes and Endocrinology, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Alberta e da Universidade McMaster, no Canadá; da Universidade do Estado da Louisiana, nos EUA, e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Brasil, comentaram pesquisas emergentes mostrando que até 40% do peso perdido por pessoas que usam medicamentos para perda de peso é, na verdade, perda de massa muscular.
A Dra. Carla Prado, professora e pesquisadora de Nutrição da Universidade de Alberta e autora principal da publicação, explicou que essa taxa de declínio muscular é significativamente maior do que a taxa normalmente observada em dietas com redução de calorias e pode levar a uma série de problemas de saúde de longo prazo — incluindo imunidade diminuída, risco aumentado de infecções e má cicatrização de feridas.
“O músculo faz muito mais do que apenas nos ajudar a movimentar ou levantar coisas. É um órgão poderoso que nos mantém saudáveis de várias maneiras”, disse a pesquisadora.
Por exemplo, o músculo armazena aminoácidos e também desempenha um papel importante no controle da glicemia, o que ajuda a prevenir o diabetes.
Além disso, a professora Carla Prado observou que o músculo libera moléculas especiais chamadas miocinas, que sinalizam outras partes do corpo para ajudar a combater infecções e dar suporte ao sistema imunológico.
“É por isso que preservar o músculo é tão importante, especialmente durante tratamentos de perda de peso — não se trata apenas de permanecer forte, mas de manter todo o nosso corpo resiliente e saudável”, destacou a professora.
Na publicação, os autores sugerem que a perda muscular devida à redução de peso também pode agravar condições como a obesidade sarcopênica – caracterizada por uma combinação de alta gordura corporal e baixa massa muscular esquelética – o que contribui para resultados de saúde mais precários, incluindo doenças cardiovasculares e maiores taxas de mortalidade.
Para manter os músculos fortes enquanto se perde peso, a Dra. Carla Prado reforçou que é essencial focar em duas coisas principais: nutrição e exercícios. Nutrição adequada significa obter proteínas de alta qualidade, vitaminas e minerais essenciais e outros nutrientes de ‘construção muscular’. Eventualmente, isso pode incluir suplementos de proteína para garantir que o corpo tenha o que precisa.
Ela acrescentou ainda que, para qualquer pessoa que use medicamentos para perda de peso, é melhor seguir um programa equilibrado que inclua proteína suficiente e treinamento de resistência.
Estudo
Pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, desenvolveram um estudo em camundongos com a finalidade de compreender um efeito colateral da administração de semaglutida (Ozempic): a perda de músculo esquelético.
O medicamento foi originalmente projetado para ajudar pacientes adultos com diabetes tipo 2 a controlar o açúcar no sangue. No entanto, este medicamento — e uma série de outros nesta classe de medicamentos — também são considerados como medicamentos antiobesidade.
Nos animais, a obesidade foi induzida alimentando camundongos machos com uma dieta rica em gordura e sacarose durante 10 semanas.
Então, os animais foram aleatoriamente separados em dois grupos: um grupo recebeu placebo e outro grupo recebeu semaglutida.
Se esses medicamentos foram prescritos às pessoas, os benefícios provavelmente excederão em muito os riscos. No entanto, o número crescente de pessoas que podem estar tomando esses medicamentos que não atendem aos critérios de elegibilidade e que não estão em risco têm uma relação risco-benefício diferente, da qual devem estar cientes
Resultados
Camundongos tratados com semaglutida perderam cerca de 30% do peso corporal e cerca de 65% e massa gorda em comparação com animais não tratados.
Mas os pesquisadores também descobriram que o músculo cardíaco diminuiu em camundongos obesos e magros: a redução no tamanho cardíaco induzida pela semaglutida ocorreu independentemente da perda de peso.
O efeito sistêmico observado em camundongos foi então confirmado em células cardíacas humanas cultivadas.
O Dr. Jason Dyck, autor principal do estudo e professor de Pediatria na Faculdade de Medicina e Odontologia da Universidade de Alberta, disse que sua equipe não observou nenhum efeito funcional prejudicial em camundongos com menos massa cardíaca e, portanto, não esperaria nenhum efeito evidente na saúde em humanos.
Mas ele acrescenta que pode haver mais impacto em longo prazo, ou algumas formas de estresse cardíaco podem ter um efeito prejudicial que não foi observado em repouso.
“Dado o número crescente de pessoas que tomam este medicamento e que não têm doença cardiovascular ou que não são classificadas como obesas, sugerimos que a estrutura e a função cardíaca sejam cuidadosamente avaliadas”, reforçou o Dr. Jason Dyck.
Os resultados foram publicados na revista científica JACC: Basic to Translational Science.
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Autores/Pesquisadores Citados
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Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica JACC: Basic to Translational Science (em inglês).
Mais Informações
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