
Benoit-Joseph Laventie via Wikimedia Commons
Infecção de células pulmonares por Pseudomonas aeruginosa
Fonte
José Gadelha, Fiocruz Rondônia
Publicação Original
Áreas
Resumo
Pesquisadores da Fiocruz e do CEPEM investigaram a prevalência e o perfil de resistência aos antimicrobianos de bactérias do gênero Klebsiella e Pseudomonas aeruginosa isoladas de amostras clínicas, ambientais e de efluentes hospitalares na região de Porto Velho/RO.
Os cientistas consideraram a disseminação das bactérias multirresistentes em ambiente hospitalar, pacientes hospitalizados em UTIs, profissionais de saúde intensiva e superfícies hospitalares como piso, leitos, aparelhos de ventilação mecânica, bancadas, torneiras e lavatórios ou pias.
A pesquisa identificou que houve maior prevalência de colonização de Klebsiella spp. e Pseudomonas aeruginosa na cavidade bucal e axila de pacientes hospitalizados, bem como em superfícies de leitos hospitalares.
No ambiente hospitalar, as bactérias tendem a ser mais resistentes devido ao maior uso de antibióticos. Elas podem se espalhar com maior facilidade dentro e entre unidades de saúde, por meio do contato pessoa a pessoa, mãos contaminadas de profissionais de saúde ou superfícies contaminadas, ocasionando infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), anteriormente conhecidas como infecções hospitalares.
Recentemente, pesquisadores da Fiocruz Rondônia e do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical (CEPEM) de Rondônia investigaram o perfil de resistência aos antibióticos de bactérias do gênero Klebsiella e Pseudomonas aeruginosa em hospitais.
Os pesquisadores tiveram foco nas bactérias do gênero Klebsiella e Pseudomonas aeruginosa, que têm apresentado alta taxa de resistência a antibióticos frequentemente utilizados na prática clínica, como as cefalosporinas e até mesmo os carbapenêmicos (considerados entre as últimas opções de tratamento).
A pesquisa avaliou a ocorrência da disseminação de bactérias multirresistentes em ambiente hospitalar, pacientes hospitalizados em UTIs, profissionais de saúde intensiva e superfícies hospitalares como piso, leitos, aparelhos de ventilação mecânica, bancadas, torneiras e lavatórios ou pias.
As IRAS ameaçam a segurança dos pacientes e podem causar hospitalização prolongada, além de incapacidade a longo prazo, e aumento da resistência aos antibióticos, causando um impacto financeiro adicional para o Sistema Único de Saúde. Por isso, constatamos a necessidade de realização de estudos com essas bactérias, com o objetivo de identificarmos esses microrganismos e propormos estratégias conjuntas para combater as infecções hospitalares e a resistência aos antimicrobianos de acordo com a realidade dos hospitais de Porto Velho
Os resultados demonstraram que houve maior prevalência de colonização de Klebsiella spp. e Pseudomonas aeruginosa na cavidade bucal e axila de pacientes hospitalizados, bem como em leitos no caso das superfícies hospitalares.
Bactérias Klebsiella spp.
Em amostras de profissionais de saúde intensivistas, as bactérias do gênero Klebsiella foram mais frequentes na cavidade nasal. O objetivo do estudo foi o compartilhamento de evidências científicas para contribuir com a Secretaria da Saúde de Rondônia na adoção de medidas de combate às infecções em ambiente hospitalar e à resistência aos antibióticos..
Em relação ao perfil de resistência, no estudo com Klebsiella houve um quantitativo maior de bactérias resistentes (acima de 50%) a antibióticos da classe das cefalosporinas e fluoroquinolonas (ciprofloxacina e levofloxacina), principalmente em amostras coletadas de superfícies hospitalares e pacientes hospitalizados. Nas amostras provenientes de profissionais de saúde, a quantidade de microrganismos resistentes foi consideravelmente menor. Além disso, as bactérias foram mais sensíveis à polimixina B (94,3%) e aos carbapenêmicos (acima de 70%).
O estudo usou metodologias de análise do DNA bacteriano, o que permitiu confirmar a ocorrência de disseminação/propagação de clones de Klebsiella pneumoniae multirresistentes entre as unidades hospitalares analisadas; entre pacientes; entre paciente e superfícies hospitalares; e entre paciente e profissional intensivista, sendo o clone mais prevalente o ST629, seguido do ST11.
Os pesquisadores destacam que esses dados são extremamente relevantes, pois há poucos estudos demonstrando a ocorrência do ST629, não tendo sido encontrado artigos publicados sobre esse clone no Brasil, podendo ser este o primeiro relato no país. O ST11 é considerado um clone disseminado mundialmente e conhecido como causador de surtos em diversos hospitais.
Bactérias Pseudomonas aeruginosa
Quanto ao estudo com Pseudomonas aeruginosa, os pesquisadores identificaram maior taxa de resistência aos carbapenêmicos, sendo 33,7% resistentes ao imipenem e 29,6% ao meropenem, havendo maior sensibilidade aos antibióticos piperaciclina-tazobactam; ceftolozane-tazobactam e ceftazidima-avibactam, com percentuais superiores a 80%.
Por meio da pesquisa de genes que conferem resistência aos antibióticos, foi observado que as bactérias dessa espécie podem estar se utilizando de outros mecanismos de resistência não incluídos no estudo para serem resistentes aos carbapenêmicos.
Com base na análise do DNA de Pseudomonas aeruginosa também foi possível comprovar que houve a colonização de pacientes com clones multirresistentes encontrados em superfícies hospitalares e em outros pacientes, além de ocorrer a disseminação desses clones entre diferentes hospitais de Porto Velho. O clone de Pseudomonas aeruginosa mais prevalente foi o ST3079, reportado anteriormente pela primeira vez no Rio de Janeiro, tendo ocasionado surtos.
Prevenção
Com esses resultados, os pesquisadores destacaram a importância da higiene das mãos, o uso correto de equipamentos de proteção individual (EPIs) por profissionais de saúde, utilização racional de antibióticos e a necessidade de higienização adequada das superfícies hospitalares como medidas de prevenção à propagação das infecções relacionadas à assistência à saúde, e para combater a resistência antimicrobiana.
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Autores/Pesquisadores Citados
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