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Proteínas do parasita da malária podem abrir portas para novas terapias antimaláricas
4 de julho de 2025, 07:05

Fonte

Iqbal Pittalwala, Universidade da Califórnia em Riverside

Publicação Original

Áreas

Biologia, Biomedicina, Biotecnologia, Desenvolvimento de Fármacos, Genética, Genômica, Imunologia, Microbiologia, Proteômica

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Resumo

Pesquisadores avançaram na compreensão do Plasmodium falciparum – o parasita responsável pela forma mais mortal de malária humana – o que pode tornar possíveis novas terapias antimaláricas altamente direcionadas.

Sob a liderança da Dra. Karine Le Roch, professora de Biologia Molecular, Celular e de Sistemas da Universidade da Califórnia em Riverside, nos EUA, a equipe identificou duas proteínas-chave dentro do ‘apicoplasto’ — uma organela única e específica para parasitas encontrada no Plasmodium falciparum — que controlam a expressão gênica.

Essas proteínas pertencem à família de proteínas RAP (do inglês RNA-binding domain Abundant in Apicomplexans). Muito mais numerosas em parasitas do que em humanos, as proteínas RAP desempenham papéis críticos na regulação de moléculas de RNA e na tradução delas em proteínas dentro das organelas parasitárias.

Utilizando ferramentas genéticas avançadas, a equipe criou linhagens knockdown de P. falciparum para desativar seletivamente as duas proteínas RAP (PfRAP03 e PfRAP08). A equipe descobriu que a perda de qualquer uma delas levou à morte do parasita, confirmando seus papéis essenciais.

Os pesquisadores também descobriram que as proteínas PfRAP03 e PfRAP08 se ligam especificamente às moléculas de RNA ribossômico (rRNA) e RNA transportador (tRNA), respectivamente. Esses RNAs não codificantes são fundamentais para a síntese de proteínas no apicoplasto.

“Esta é a primeira vez que alguém demonstrou como as proteínas RAP no apicoplasto interagem diretamente com o rRNA e o tRNA”, disse a Dra. Karine Le Roch, diretora do Centro de Pesquisa de Vetores de Doenças Infecciosas da Universidade da Califórnia em Riverside. “Agora demonstramos mecanicamente como essas proteínas regulam a tradução em uma organela completamente estranha ao corpo humano”, continuou.

Le Roch explicou que os humanos possuem seis proteínas RAP, mas parasitas como o Plasmodium possuem mais de 20. “Essa expansão evolutiva sugere que as proteínas RAP podem desempenhar funções específicas do parasita, tornando-as alvos interessantes para fármacos”, disse a pesquisadora.

O estudo, publicado na revista científica Cell Reports, baseia-se na pesquisa  da equipe sobre proteínas RAP em mitocôndrias de parasitas e representa a primeira análise mecanística detalhada de sua função no apicoplasto. Também participaram do estudo pesquisadores do Instituto Stowers de Pesquisas Médicas e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA.

“Embora o foco do nosso artigo seja a malária, as implicações se estendem a outras doenças apicomplexas, como a toxoplasmose — perigosa especialmente para gestantes — e a babesiose, uma ameaça crescente transmitida por carrapatos nos Estados Unidos”, destacou a professora Le Roch. “Este trabalho expõe vulnerabilidades em toda uma classe de parasitas, revelando a maquinaria molecular da qual esses parasitas dependem. Se conseguirmos desmontá-la, podemos deter essas doenças antes que elas se instalem”, concluiu.

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Autores/Pesquisadores Citados

Professora de Biologia Molecular, Celular e de Sistemas da Universidade da Califórnia em Riverside

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