
Dr. Albert Santamaria-Martinez, EPFL
Espiral linfomoide
Fonte
Nik Papageorgiou, EPFL
Publicação Original
Áreas
Resumo
Para enfrentar o desafio de tratamentos personalizados de pacientes com linfoma, pesquisadores desenvolveram um modelo ‘ex vivo’ avançado chamado ‘linfomoides’.
Eles identificaram um ambiente específico que permite manter fragmentos de tecido de linfoma ‘ex vivo’ – em laboratório – por vários dias. Nessas condições, eles conseguiram preservar a arquitetura do tumor, a diversidade celular e o microambiente tumoral.
Deste modo, os linfomoides podem ser usados com várias finalidades, desde o teste de terapias individualizadas até estudos clínicos par testar terapias emergentes.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Há anos cientistas buscam maneiras de identificar terapias que contemplem as características individuais de cada paciente com câncer para buscar os melhores resultados no tratamento.
No caso de pacientes com linfoma – um tipo de câncer no sangue – os métodos tradicionais para testar a eficácia de terapias são limitados.
Por exemplo, modelos de xenoenxerto derivados de pacientes, onde tumores humanos são cultivados em camundongos, são eficazes, mas também lentos e caros. Além disso, esses modelos não capturam totalmente a diversidade de interações entre o tumor e as células imunes.
Outras técnicas recentes e promissoras, como o uso de ‘avatares tumorais’, também têm limitações nos casos de linfomas.
Estudo
Pesquisadores validaram recentemente um modelo ‘ex vivo’ de linfoma – chamado de ‘linfomoide’ – que consegue manter, em laboratório e por vários dias, a arquitetura do tumor, a diversidade celular e o microambiente tumoral.
No estudo foram coletadas 27 amostras de linfoma humano, com as quais foi demonstrado, usando análises baseadas em imagens e perfis moleculares espaciais, que os ‘linfomoides’ preservam as características fenotípicas e moleculares dos tumores originais.
Participaram do estudo cientistas da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), da Universidade de Lausanne, do Swiss Cancer Center Léman, do Centro Hospitalar Universitário Vaudois (CHUV), do Instituto Suíço de Bioinformática e do Instituto Central Des Hôpitaux (ICH), todas instituições da Suíça. O Dr. Albert Santamaria-Martínez, cientista de câncer da EPFL, é o autor principal do estudo, e a Dra. Elisa Oricchio, professora da EPFL, é a autora sênior.
No estudo, que envolveu vários tipos de linfomas de células B humanas, os linfomoides, vivos e estruturalmente intactos, permitiram que os pesquisadores examinassem como as amostras responderam a diferentes medicamentos.
A equipe testou uma variedade de medicamentos contra o câncer nos linfomoides, incluindo inibidores da tirosina quinase de Bruton (BTK), inibidores da PI3K e inibidores da BCL-2, para determinar se esses tratamentos poderiam reduzir o crescimento e a proliferação de células de linfoma.
Os linfomoides representam um modelo ex vivo inovador para avaliar o efeito de terapias anticâncer, preservando a estrutura do tecido e seus componentes
Resultados
Os linfomoides reproduziram as respostas clínicas dos pacientes cujas amostras de tecido foram usadas. Por exemplo, linfomoides de paciente cujo tumor respondeu bem aos inibidores de BTK também mostraram sensibilidade ao mesmo medicamento no modelo ex vivo. Em outro caso, linfomoides de paciente resistente à lenalidomida demonstraram uma resistência semelhante durante o teste ex vivo.
Isso sugere que os linfomoides podem servir como uma ferramenta confiável para prever como pacientes podem responder a tratamentos personalizados.
Ao permitir que os pesquisadores testem a eficácia do medicamento em amostras derivadas de pacientes, os linfomoides oferecem uma nova maneira promissora de personalizar o tratamento do câncer. Eles podem eventualmente permitir que os médicos usem a amostra de tecido de um paciente para encontrar o tratamento mais eficaz para aquele indivíduo antes de iniciar a terapia, potencialmente poupando os pacientes de tratamentos e efeitos colaterais desnecessários.
Além disso, os linfomoides também podem ser usados em estudos clínicos para testar terapias emergentes contra o câncer e explorar a dinâmica complexa entre células tumorais e células imunológicas durante o tratamento.
Os resultados foram publicados na revista científica Nature Communications.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
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