
Guarda Costeira dos EUA via Wikimedia Commons
Derramamento de óleo em Louisiana, EUA, em 2010
Fonte
Amanda Menezes, Vilma Torres e Beatriz Azevedo, NPAD/UFRN
Publicação Original
Áreas
Resumo
Com o uso de supercomputador para analisar dados genéticos complexos, pesquisadores da UFRN validaram um novo consórcio de bactérias como agente de degradação de óleo em ambientes contaminados.
Com considerável flexibilidade metabólica, o consórcio de bactérias ativa rapidamente genes ligados à adaptação ao ambiente tóxico e à degradação de compostos perigosos, como benzeno e naftaleno.
Agora, os pesquisadores pretendem explorar a aplicação do consórcio de bactérias em escala industrial.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A poluição por óleo é um dos principais problemas da biotecnologia ambiental.
Mas nenhuma espécie de bactéria, sozinha, consegue degradar todos os compostos presentes em uma mistura complexa de hidrocarbonetos.
Por outro lado, a aplicação de um conjunto de bactérias, cada qual com suas ações específicas, poderia potencialmente ajudar a resolver este problema.
Estudo
Pesquisadores do Departamento de Biologia Celular e Genética e do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) usaram o supercomputador do Núcleo de Processamento de Alto Desempenho (NPAD) da universidade para analisar dados genéticos complexos e identificaram genes essenciais para a limpeza de ambientes contaminados por resíduos oleosos.
O NPAD auxiliou no processamento dos dados de sequenciamento de RNA, fundamentais para compreender como uma mistura de bactérias atua na degradação de compostos tóxicos e persistentes.
A pesquisa, publicada na revista científica Journal of Hazardous Materials, desenvolveu um novo consórcio microbiano degradador de óleo – chamado MC1 -, formado por quatro espécies de bactérias que atuam de forma complementar, cada uma responsável por enzimas específicas no processo de degradação do óleo: Acinetobacter baumannii subsp. oleum ficedula, Bacillus velezensis, Enterobacter asburiae e Klebsiella pneumoniae.
O impacto social é significativo, pois a pesquisa oferece uma solução sustentável e econômica para o tratamento de resíduos oleosos, que são altamente tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente
Resultados
A pesquisa revelou que o consórcio de bactérias MC1 apresenta um processo de degradação eficiente, com redução significativa do conteúdo de hidrocarbonetos em resíduos industriais e potencial para aplicação em larga escala.
A Dra. Lucymara Fassarella, professora do Departamento de Biologia da UFRN e coautora sênior do estudo, destacou o papel da diversidade microbiana como recurso estratégico na redução da contaminação ambiental e disse que os resultados da pesquisa podem orientar futuras estratégias para tratamento e recuperação de ambientes contaminados, inclusive com possibilidades de reutilização da água.
O diferencial do consórcio de bactérias encontrado está na flexibilidade metabólica. Análises metatranscriptômicas revelaram que o consórcio ativa rapidamente genes ligados à adaptação ao ambiente tóxico e à degradação de compostos perigosos, como benzeno e naftaleno.
Um dos genes em destaque, o AlkB — que codifica a enzima Alk1-monooxigenase — apresentou aumento de atividade nas últimas etapas do processo, reforçando a eficiência do consórcio na descontaminação.
Agora, os pesquisadores pretendem aprofundar os estudos sobre as funções das proteínas hipotéticas identificadas e otimizar as condições de cultivo para maximizar a eficiência do consórcio em diferentes tipos de resíduos.
Além disso, há interesse em explorar a aplicação do consórcio MC1 em escala industrial, abrindo caminho para uma solução mais limpa e sustentável para o meio ambiente.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica Journal of Hazardous Materials (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
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