
Antonino Paolo Di Giovanna via Wikimedia Commons
Vasos sanguíneos em uma área de aproximadamente 1 milímetro quadrado no córtex cerebral de um camundongo
Fonte
Katie Cottingham, Escola de Medicina da Universidade Cornell
Publicação Original
Áreas
Resumo
Baixa presença do lipídio ceramida no endotélio dos vasos sanguíneos pode aumentar sua fragilidade, causando perda de tônus, inflamação grave e até formação de coágulos, e inclusive causar doenças cardiovasculares crônicas.
Esta é a conclusão de um estudo recente, que também indicou proteínas que funcionam como inibidores da ceramida e são responsáveis por sua pequena quantidade nos vasos sanguíneos mesmo quando a dieta é rica em gorduras.
Foco do Estudo
Estudo
Um estudo recente liderado por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Cornell, nos EUA, apontou um culpado surpreendente por trás de doenças cardiovasculares em pessoas obesas e diabéticas: a falta de lipídios, nos vasos sanguíneos.
O estudo, publicado na revista científica Nature Communications, desafia a crença convencional de que as ceramidas, um tipo de gordura, se acumulam nos vasos sanguíneos, causando inflamação e riscos à saúde.
Em vez disso, as descobertas revelaram que a diminuição de ceramidas nas células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos pode ser prejudicial e causar doenças crônicas.
As ceramidas são encontradas em todo o corpo e no endotélio, o revestimento interno dos vasos sanguíneos. Esses lipídios regulam o tônus dos vasos sanguíneos, dilatando ou contraindo-os para modular a pressão arterial, e também ajudam a prevenir coágulos sanguíneos, mantendo o sangue fluindo facilmente pelas extensas artérias e veias do corpo.
“A suposição comum na área era que altos níveis de ceramidas no endotélio dos vasos sanguíneos contribuíam para doenças cardiovasculares, mas essa conclusão foi extrapolada a partir de dados in vitro em células”, disse a Dra. Annarita Di Lorenzo, professora de Patologia e Medicina Laboratorial na Escola de Medicina de Cornell.
Também colaboraram com o estudo pesquisadores da Universidade de Nápoles Federico II, na Itália, e da Universidade Colúmbia, nos EUA.
Este é o primeiro estudo in vivo que mede os níveis de lipídios nas células endoteliais de um modelo animal. Em camundongos obesos alimentados com uma dieta rica em gordura, as ceramidas não se acumulam – elas diminuem em comparação com camundongos magros
Resultados
A professora Di Lorenzo e sua equipe descobriram a importância das ceramidas nos vasos sanguíneos há dois anos. Juntamente com o Dr. Giuseppe Faraco, professor de Neurociências na Escola de Medicina de Cornell, os pesquisadores descobriram que a diminuição dos níveis de ceramidas em camundongos saudáveis causava inflamação grave dos vasos sanguíneos no cérebro, formação de coágulos e morte.
No ano passado, a equipe relatou que a produção de ceramida aumenta como resposta protetora em um modelo murino de doença arterial coronariana.
Em última análise, quando a ceramida é decomposta pelo corpo, ela produz um composto chamado esfingosina-1-fosfato (S1P), que se acumula e protege os camundongos contra doenças cardiovasculares. Mas quando esse processo não funciona, os camundongos ficam vulneráveis.
Os pesquisadores descobriram que duas proteínas, a Nogo-B e a ORMDL, diminuem a produção de ceramidas e S1P na obesidade – ou seja, são proteínas inibidoras.
Essa diminuição de ceramidas e S1P pode levar ao aumento da pressão arterial, à regulação vascular prejudicada e níveis mais altos de glicose – todas condições que contribuem para condições cardiometabólicas que afetam o coração e o metabolismo, como diabetes, hipertensão, doença arterial coronariana e acidente vascular cerebral.
No estudo, camundongos obesos alimentados com uma dieta rica em gordura apresentaram baixos níveis de ceramidas e S1P, mas altos níveis da proteína Nogo-B. Esses camundongos apresentaram sinais de inflamação, diabetes e hipertensão.
Então, os pesquisadores desativaram a proteína Nogo-B apenas no endotélio dos vasos sanguíneos em um modelo murino para descobrir o que aconteceria.
“Esses camundongos tinham o mesmo peso corporal e diabetes que os animais controles, mas a saúde dos vasos sanguíneos era muito melhor”, disse a professora Di Lorenzo. “Ao desativar esse inibidor [Nogo-B], preservamos a saúde vascular. Isso também mostrou que a regulação do metabolismo da ceramida causa disfunção vascular e inflamação na obesidade”.
Os pesquisadores sugeriram que o direcionamento dessa via metabólica pode ter múltiplos efeitos benéficos no tratamento de doenças cardiometabólicas relacionadas à obesidade.
A Nogo-B suprime a biossíntese de ceramidas; portanto, se pudermos identificar um medicamento que possa bloquear a Nogo-B, poderemos restaurar os níveis de ceramida a um equilíbrio saudável, o que combateria não apenas a obesidade e o diabetes, mas também manteria os vasos sanguíneos funcionando corretamente
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