
Fonte
Ligia Gabrielli, Unifesp
Publicação Original
Áreas
Resumo
Pesquisadores associaram o consumo de alimentos ultraprocessados à ocorrência de mortes prematuras em oito diferentes países, com alto, médio e relativamente baixo consumo de ultraprocessados.
Foi constatado que cada aumento de 10% na participação de ultraprocessados na dieta está associado a um incremento de 3% no risco de mortalidade por todas as causas.
Em países com relativamente baixo consumo de ultraprocessados, cerca de 4% das mortes prematuras são atribuíveis ao consumo de ultraprocessados, enquanto em países com alto consumo desse tipo de alimento, essa proporção atinge 14%.
Os pesquisadores defendem que a redução do consumo de ultraprocessados deve ser tratada como uma prioridade de saúde pública globalmente.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Os alimentos ultraprocessados – com pouca ou nenhuma presença de ingredientes in natura, alto teor calórico, açúcares, gorduras e aditivos artificiais – já correspondem a mais da metade das calorias diárias consumidas em países como Estados Unidos e Reino Unido. Mas em outros países, como a Colômbia, essa proporção de consumo de ultraprocessados pode ser bem menor.
Apesar de ser conhecida a influência do consumo de alimentos ultraprocessados sobre a saúde em geral e sobre vários doenças, é importante destacar a relação direta entre o consumo dessa classe de alimentos e a ocorrência de mortes prematuras, em países com alto, médio ou relativamente baixo consumo de ultraprocessados.
Estudo
Um estudo internacional inédito revelou que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados está associado a milhares de mortes prematuras (em pessoas com idades entre 30 e 69 anos) por causas evitáveis em oito países com diferentes níveis de consumo de alimentos ultraprocessados: relativamente baixo consumo (Brasil e Colômbia); consumo intermediário (Chile e México) e consumo elevado (Austrália, Canadá, Reino Unido e EUA).
O estudo, publicado na revista científica American Journal of Preventive Medicine, foi coordenado pelo Dr. Leandro de Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva e do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (EPM/Unifesp) – Campus São Paulo.
A pesquisa é a primeira a estimar o impacto da alimentação baseada em ultraprocessados na mortalidade geral, comparando países com níveis diversos de consumo desse tipo de alimento.
Foam considerados dados de 239 mil pessoas provenientes de estudos de coorte prospectivos e pesquisas nacionais de alimentação. Os pesquisadores constataram que cada aumento de 10% na participação de ultraprocessados na dieta está associado a um incremento de 3% no risco de mortalidade por todas as causas.
Com base nessa relação, o grupo calculou a fração de mortes que poderia ser evitada com a redução do consumo de ultraprocessados.
Além da EPM/Unifesp, participaram do estudo pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília, Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP-USP), no Brasil; da Universidade Autônoma do Chile, da Universidade do Chile e da Universidade de Santiago do Chile; do Instituto Nacional de Saúde Pública do México; da Universidade Deakin, na Austrália; da Universidade de Montreal, no Canadá; da Universidade de Antioquia, na Colômbia, e do Instituto de Investigação Biomédica de Salamanca, na Espanha.
A base da alimentação deve ser composta por alimentos frescos ou minimamente processados, como aqueles que encontramos nas feiras ou preparamos em casa. Quando a maior parte da dieta é composta por ultraprocessados, acumulamos riscos de doenças e, agora sabemos, também de morte precoce
Resultados
Os resultados mostraram que os impactos do consumo de ultraprocessados variam conforme o país. Na Colômbia, país com menor consumo de ultraprocessados (15% do total de calorias), estima-se que 4% das mortes prematuras poderiam ser evitadas. Já nos Estados Unidos e Reino Unido, onde o consumo supera 50% das calorias diárias, o estudo aponta que 14% das mortes prematuras poderiam ser evitadas.
Para o professor Leandro Rezende, os resultados reforçam a urgência de repensar os sistemas alimentares globais. O pesquisador também destacou que o estudo amplia a visão tradicional focada em nutrientes isolados, como açúcares ou gorduras. “Nosso estudo leva em conta padrões alimentares e o grau de processamento dos alimentos, o que permite capturar de forma mais abrangente os efeitos da dieta na saúde da população”.
Os pesquisadores defendem que a redução do consumo de ultraprocessados deve ser tratada como uma prioridade de saúde pública e incorporada às diretrizes alimentares nacionais.
Entre as medidas sugeridas pelos especialistas, estão: incentivos ao consumo de alimentos in natura; taxação de ultraprocessados e bebidas adoçadas; rotulagem nutricional clara; regulação da publicidade, especialmente aquela voltada ao público infantil; e promoção de ambientes alimentares saudáveis em escolas e locais de trabalho.
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Autores/Pesquisadores Citados
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Publicação
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