
National Institutes of Health via NCI Visuals Online
Grupo de células T (em verde e vermelho) ao redor de uma célula cancerosa (em azul, ao centro)
Fonte
Meagan Raeke, Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia
Publicação Original
Áreas
Resumo
Pesquisadores publicaram novos resultados de estudos iniciais sobre a interferência do tipo de dieta sobre os resultados anticâncer alcançados pela imunoterapia com células CAR-T.
Os estudos em laboratório, em camundongos com linfoma difuso de grandes células B, e em modelos de laboratório de câncer humano, se mostraram bastante promissores.
Os pesquisadores descobriram que níveis mais altos de beta-hidroxibutirato (BHB), um metabólito produzido pelo fígado em resposta a uma dieta cetogênica e que pode ser uma fonte de combustível para as células CAR-T, seria um mediador-chave envolvido nessa melhoria.
O próximo passo é a realização de estudo clínico de Fase I.
Um suplemento alimentar simples pode ser uma nova abordagem para melhorar a imunoterapia contra o câncer, de acordo com estudo de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia (UPenn).
Embora ainda precise ser avaliada em estudos clínicos, a pesquisa inicial sugere uma estratégia potencialmente econômica para melhorar a função das células CAR-T e sua capacidade de combate ao câncer.
Os resultados preliminares do estudo foram compartilhados na 66ª Reunião e Exposição Anual da Sociedade Americana de Hematologia (ASH Annual Meeting & Exposition), realizado entre os dias 7 e 10 de dezembro de 2024 na Califórnia, nos EUA.
A terapia com células CAR-T é uma abordagem de tratamento personalizada que reprograma as células imunológicas do paciente para atuarem contra seu próprio câncer.
“Milhares de pacientes com câncer no sangue foram tratados com sucesso com terapia com células CAR-T, mas isso ainda não funciona para todos”, disse a Dra. Shan Liu, pesquisadora de pós-doutorado e uma das coautoras principais do estudo, que apresentou os resultados no evento. “Adotamos uma abordagem inovadora para melhorar a terapia com células CAR-T, direcionando as células T por meio da dieta em vez de engenharia genética”.
Os autores principais do estudo trabalharam sob a orientação do Dr. Marco Ruella, professor e pesquisador de Hematologia-Oncologia, e da Dra. Maayan Levy, professora e pesquisadora de Microbiologia, ambos da Escola de Medicina da UPenn.
Células CAR-T preferem BHB como fonte de combustível
Inicialmente, a equipe de pesquisa testou o efeito de várias dietas diferentes – incluindo a dieta cetogênica – e uma dieta controle, para observar a possível interferência sobre a capacidade de combate a tumores com células CAR-T usando um modelo de camundongo com linfoma difuso de grandes células B.
Os pesquisadores observaram melhor controle do tumor e sobrevivência nos camundongos que receberam uma dieta cetogênica em comparação com todas as outras dietas. Em estudos subsequentes, eles descobriram que níveis mais altos de beta-hidroxibutirato (BHB), um metabólito produzido pelo fígado em resposta a uma dieta cetogênica, seria um mediador-chave desse efeito.
“Nossa teoria é que as células CAR-T preferem o BHB como fonte de combustível em vez dos açúcares padrão em nosso corpo, como a glicose. Portanto, aumentar os níveis de BHB no corpo dá às células CAR-T mais poder para eliminar as células cancerígenas”, disse o Dr. Puneeth Guruprasad, pesquisador da UPenn que coliderou o estudo juntamente com a Dra. Shan Liu.
Estamos falando de uma intervenção que é relativamente barata e tem baixo potencial de toxicidade. Se os dados do ensaio clínico forem bem-sucedidos, estou animado para pensar em como uma abordagem bastante simples como essa pode ser combinada com intervenções dietéticas ou outras abordagens mais tradicionais para aumentar o efeito anticâncer [da imunoterapia]
Estudos translacionais
Em seguida, a equipe de pesquisa testou um suplemento de BHB combinado com terapia de células CAR-T em modelos de laboratório de câncer humano (em dieta padrão). Os resultados mostraram a eliminação completa do câncer na grande maioria dos camundongos, com maior expansão e ativação das células CAR-T.
Para ver se o BHB teria um efeito semelhante em humanos, a equipe avaliou amostras de sangue de pacientes que receberam recentemente terapia de células CAR-T e descobriu que maiores níveis de BHB estavam associados a melhor expansão de células CAR-T nos pacientes.
Estudo clínico
A teoria de que a suplementação de BHB pode melhorar a resposta à terapia com células CAR-T deve ser testada em um estudo clínico de Fase I no Centro de Câncer Abramson da Escola de Medicina da UPenn.
“Como médico e cientista, compartilho o entusiasmo dos meus pacientes por novas estratégias potenciais para tratar melhor o câncer, e estou emocionado em ver essa pesquisa passar da bancada de laboratório para estudos translacionais e agora para um estudo clínico”, disse o Dr. Marco Ruella. “No entanto, queremos enfatizar que, neste momento, a pesquisa ainda é preliminar e não estamos fazendo nenhuma recomendação dietética ou de suplementos aos pacientes com base neste estudo até que tenhamos evidências clínicas definitivas”, concluiu o pesquisador.
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Autores/Pesquisadores Citados
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia (em inglês).