
Puwadol Jaturawutthichai via Shuttertock
Fonte
Comunicação do Mass General Brigham e Universidade Harvard
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Resumo
Um novo estudo associou o consumo excessivo de álcool (igual ou superior a duas doses por dia) com a idade de ocorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) e também com a localização e extensão da hemorragia.
Os pesquisadores utilizaram tomografias computadorizadas para avaliar o tamanho e a localização da hemorragia cerebral de 1.600 pacientes internados entre 2003 e 2019 que sofreram AVC hemorrágico.
Cerca de 7% dos pacientes com hemorragia cerebral relataram consumir três ou mais doses de bebidas alcoólicas por dia. Mas mesmo o consumo de duas doses por dia esteve significativamente associado a uma idade mais jovem de início da hemorragia cerebral.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Uma hemorragia cerebral — também chamada de hemorragia intracerebral ou acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico — ocorre quando um vaso sanguíneo dentro do cérebro se rompe.
Até 50% das pessoas com essa condição morrem e 30% ficam gravemente incapacitadas.
Apenas 20% das pessoas que sofrem uma hemorragia cerebral conseguem cuidar de si mesmas de forma independente um ano depois.
Estudo
Um novo estudo liderado por pesquisadores do sistema de saúde Massachusetts General Brigham (Mass General Brigham) e da Escola Médica de Harvard, nos EUA, sugere que o consumo excessivo de álcool pode levar a hemorragias cerebrais mais graves e causar danos permanentes aos vasos sanguíneos do cérebro em uma idade mais jovem.
O estudo utilizou uma coorte de 1.600 pacientes internados entre 2003 e 2019 no Hospital Geral de Massachusetts (Mass General) que sofreram hemorragia cerebral não resultante de lesão ou trauma.
Os pesquisadores utilizaram tomografias computadorizadas para avaliar o tamanho e a localização da hemorragia cerebral. Também foram analisadas ressonâncias magnéticas em busca de sinais de danos aos pequenos vasos sanguíneos do cérebro.
Além de pesquisadores do Mass General Brigham e da Escola Médica de Harvard, também participaram do estudo cientistas da Universidade de Brescia, na Itália, da Universidade Aarhus e do Hospital Universitário Aarhus, na Dinamarca.
A hemorragia cerebral é uma das condições mais letais e incapacitantes conhecidas pelo ser humano. Elas surgem repentinamente, causam danos graves e, muitas vezes, deixam os pacientes com sequelas permanentes. É uma das condições mais difíceis de se recuperar
Resultados
Os resultados, com base em pacientes tratados por hemorragias cerebrais no Massachusetts General Hospital, foram publicados na revista científica Neurology.
Cerca de 7% dos pacientes com hemorragia cerebral relataram consumir três ou mais bebidas alcoólicas por dia. Comparados com aqueles que não bebiam, os que bebiam em excesso eram mais jovens quando a hemorragia cerebral ocorreu (idade média de 64 anos contra 75) e apresentaram hemorragias cerca de 70% maiores. Esses pacientes tiveram o dobro da probabilidade de sofrer uma hemorragia profunda no cérebro ou uma hemorragia que se espalhou para os espaços preenchidos por líquido cefalorraquidiano.
Os pesquisadores observaram que um nível ainda menor de consumo de álcool, de duas doses por dia, também esteve significativamente associado a uma idade mais jovem de início de hemorragia cerebral.
Os participantes que bebiam em excesso apresentaram contagens de plaquetas mais baixas e pressão arterial mais alta ao chegarem ao hospital. Elas tiveram maior probabilidade de apresentar sinais de danos nos minúsculos vasos sanguíneos do cérebro, o que está ligado à demência, perda de memória e problemas de locomoção.
Os pesquisadores consideraram a hipótese de que o consumo excessivo de álcool eleva a pressão arterial, danificando os pequenos vasos sanguíneos do cérebro, tornando-os frágeis e mais propensos a vazamentos ou rupturas. Além disso, a baixa contagem de plaquetas dificulta a capacidade do corpo de estancar sangramentos. Juntos, esses fatores aumentam consideravelmente o risco de hemorragia cerebral.
“Agora sabemos que o consumo excessivo de álcool leva a hemorragias cerebrais maiores e mais precoces. Minimizar ou interromper o consumo de álcool é um passo importante para reduzir esse risco. Mesmo para pessoas com risco relativamente baixo de hemorragia cerebral, limitar o consumo de álcool a no máximo três doses por semana pode ser uma medida eficaz para proteger contra todos os tipos de AVC e preservar a saúde cerebral e cardiovascular”, concluiu o Dr. Edip Gurol, pesquisador clínico do Departamento de Neurologia do Mass General Brigham, professor de Neurologia da Escola Médica de Harvard e autor sênior do estudo.
Reduzir o consumo de álcool é fundamental para a prevenção de AVC e para os esforços de saúde cerebral
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica Neurology (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade Harvard (em inglês).
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