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Ivanir Ferreira, Jornal da USP
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Resumo
Em laboratório, utilizando especificamente células de câncer de cólon cultivadas, pesquisadores da USP descobriram que a polpa da pitaya vermelha fermentada com cepas probióticas ativa o gene ATG16L1, envolvido na regulação da autofagia celular.
A ativação da autofagia é essencial para manter a saúde celular e ajudar na prevenção de doenças inflamatórias intestinais, como a retrocolite ulcerativa e a doença de Crohn.
Os pesquisadores destacaram que a ativação do gene ATG16L1, responsável pela autofagia, ocorreu sem necessidade da participação do receptor de vitamina D, que é uma proteína geralmente envolvida nesse tipo de regulação.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A pitaya vermelha é rica em compostos antioxidantes com propriedades anti-inflamatórias, como a betacianina – pigmento natural que dá a coloração rosa-avermelhada intensa à fruta – e a rutina, um tipo de flavonoide.
Pelas propriedades anti-inflamatórias destes compostos antioxidantes, a pitaya vermelha vem sendo estudada por seu possível uso coadjuvante no tratamento de doenças inflamatórias do intestino.
Estudos já mostraram que o extrato da fruta reduz lesões no cólon e diminui marcadores inflamatórios em modelos experimentais.
Estudo
Uma nova pesquisa identificou que a polpa da pitaya vermelha fermentada com probióticos é capaz de ativar o gene ATG16L1, responsável pela regulação da autofagia – processo biológico de ‘limpeza’ celular que remove componentes danificados e ajuda a prevenir inflamações, especialmente no intestino.
A pesquisa, realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) em parceria com o Food Research Center (FoRC), utilizou cepas probióticas de Lacticaseibacillus paracasei F-19 e Bifidobacterium animalis BB-12. O resultado foi um aumento de duas vezes na expressão do gene ATG16L1 em células de câncer de cólon cultivadas em laboratório.
De acordo com a Dra. Juliana Yumi Suzuki, que liderou o estudo durante seu doutorado na FCF-USP sob orientação da professora Dra. Susana Marta Isay Saad, essa ativação da autofagia é essencial não só para manter a saúde celular, mas também para ajudar na prevenção de doenças inflamatórias intestinais, como a retrocolite ulcerativa e a doença de Crohn. “Além disso, o processo retarda o envelhecimento celular”, afirmou a pesquisadora.
Essa descoberta é relevante, pois abre possibilidades para o uso de alimentos fermentados na regulação da saúde celular por caminhos até então não descritos
Resultados
Um dos achados mais importantes da pesquisa foi a constatação de que a ativação do gene ATG16L1, responsável pela autofagia, ocorreu sem necessidade da participação do receptor de vitamina D, o VDR, que é uma proteína geralmente envolvida nesse tipo de regulação.
A Dra. Juliana Suzuki explicou que, até então, acreditava-se que o VDR fosse essencial para a ativação desse gene, mas os experimentos revelaram um novo mecanismo de ação dos alimentos fermentados.
Além dos efeitos da polpa fermentada, a pesquisadora também analisou os compostos químicos da fruta antes e depois da fermentação. Em comparação com a polpa in natura, as versões fermentadas apresentaram níveis mais elevados de betacianina e maior estabilidade desse composto por até 28 dias de armazenamento, o que contribui para a conservação e valor nutricional do produto.
Adicionalmente, a fermentação com a cepa F-19 também gerou alterações bioquímicas na formulação, formando o 2-feniletanol, um composto orgânico com propriedades antifúngicas, antimicrobianas e aroma floral suave, semelhante ao de rosas. Segundo a pesquisadora, esse composto pode ser empregado amplamente na indústria cosmética, farmacêutica e alimentícia.
A professora Susana Saad destacou que os resultados são promissores e podem, no futuro, impulsionar o desenvolvimento de alimentos ou produtos funcionais com alto valor nutritivo, capazes de oferecer os mesmos benefícios observados nos testes laboratoriais.
Segundo a professora, o estudo também considerou o uso de probióticos em diferentes matrizes alimentares, incluindo opções de origem vegetal. Com isso, o consumo pode ser ampliado para pessoas veganas, flexitarianas e pessoas com alergia à proteína do leite.
Os resultados foram publicados na revista científica Food Bioscience.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
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Mais Informações
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