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Resumo
O consumo de herbicidas no Brasil mais que dobrou em 11 anos, expondo um fenômeno silencioso, mas de grandes proporções: a resistência crescente das plantas daninhas ao glifosato, principal molécula utilizada nas lavouras brasileiras. A falta de alternativas sustentáveis está forçando mudanças no manejo agrícola.
Entre 2010 e 2020, o volume de ingredientes ativos de herbicidas vendidos saltou de 157,5 mil para 329,7 mil toneladas anuais, um aumento de 128%, segundo estudo da Embrapa Meio Ambiente, em parceria com a Universidade de Rio Verde (UniRV), de Goiás, publicado na revista científica Agriculture.
O aumento contrasta com a expansão da área agrícola no período, que foi de 24%. A pesquisa, que analisou informações oficiais de comercialização de defensivos agrícolas no País, apontou que esse avanço acelerado no consumo dos herbicidas é consequência direta da perda de eficácia do glifosato e do uso intensivo de soluções químicas diante da baixa oferta de alternativas mais sustentáveis de controle de plantas daninhas, como os herbicidas de base biológica ou bioherbicidas.
“Esses números apontam para uma tentativa dos agricultores de continuar utilizando o controle químico como solução única, mesmo com a perda de eficiência do glifosato no controle de algumas espécies”, explicou o Dr. Robson Barizon, chefe-adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Embrapa Meio Ambiente e um dos autores do estudo. Segundo o pesquisador, a complementação do glifosato com outras moléculas químicas é uma resposta direta à emergência de espécies resistentes, que desafiam as tecnologias atuais.
O estudo coletou dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), promovendo ajustes para adequação às normativas internacionais. Foram excluídas da série histórica as vendas de produtos de uso não agrícola, adjuvantes de uso exclusivo, semioquímicos e microbiológicos e transações entre empresas entre outros ajustes.
A equipe de pesquisa comparou os dados de venda de herbicidas com a expansão da área agrícola, da área plantada com soja e das pastagens não degradadas, utilizando levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig/UFG).
O resultado confirmou que o herbicida se consolidou como o principal defensivo agrícola na agricultura nacional, superando, com folga, fungicidas e inseticidas. A razão disso, segundo especialistas, está nas diferentes modalidades de aplicação e na versatilidade de uso. “Ao contrário de fungicidas e inseticidas, usados apenas durante o cultivo, os herbicidas são aplicados em todas as fases do calendário agrícola, do preparo do solo à pré-colheita, passando até mesmo pelo pousio, quando não há cultura plantada”, explicou o Dr. Robson Barizon.
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Autores/Pesquisadores Citados
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Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Agriculture (em inglês).
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Acesse a notícia original completa na página da Embrapa.
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