
Fonte
Gabriel Guimarães, UFF
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Resumo
Estudo realizado por pesquisadoras da Universidade Federal Fluminense demonstrou a segurança e a importância de reaproveitar resíduos da cafeicultura – principalmente a casca e a polpa do café – em ingredientes de alto valor nutricional.
Além das propriedades intrínsecas que valorizam a aplicação alimentícia, a pesquisa destaca ainda a importância ambiental de valorizar o destino dos resíduos da cafeicultura.
Desde 2020, a Dra. Thais Matsue Uekane, nutricionista e professora da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Ingrid Pacheco, nutricionista e mestre em Desenvolvimento de Produtos para Saúde pela UFF, estão pesquisando como aproveitar os resíduos da cafeicultura como subprodutos que poderiam ser transformados em ingredientes alimentares com alto valor nutricional.
O projeto ‘Avaliação do potencial econômico de resíduo sólido do processamento de café arábica do Estado do Rio de Janeiro’, apoiado pela FAPERJ, tem foco nas análises da casca e da polpa do café, que são subprodutos gerados durante o processamento por via seca e úmida.
Após trituração, as pesquisadoras submeteram o extrato dos resíduos a análises para determinar sua composição química. Os resultados revelaram que o farelo da casca do café é rico em fibras, apresentando até 50% de conteúdo fibroso — superior ao encontrado na farinha de trigo integral. Além disso, foram identificadas cerca de 10% de proteínas e um baixo teor de lipídios (aproximadamente 5%).
Para a professora Thais Uekane, a importância do aproveitamento da casca de café vem de seu conteúdo de compostos bioativos, como a cafeína e os ácidos clorogênicos, ambos com potencial antioxidante. Esses compostos podem ser liberados no organismo durante o processo digestivo, trazendo benefícios à saúde, como a melhoria da memória e o combate aos radicais livres, quando incorporados a alguns alimentos.
Mas o uso da casca do café como ingrediente alimentar precisa ser feito com cuidado. O teor de cafeína, por exemplo, pode limitar seu consumo em grupos específicos, especialmente gestantes e crianças. Ainda assim, o farelo se mostra promissor como substituto de farinhas tradicionais e pode ser utilizado em biscoitos, macarrão, bebidas fermentadas e outros produtos alimentícios enriquecidos com fibras e antioxidantes.
Os inúmeros efeitos positivos do desenvolvimento de alimentos reaproveitados também são destacados pelo possível cumprimento de 7 dos 17 ODS estipulados pela ONU, sendo eles erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável, saúde e bem-estar, energia limpa e acessível, trabalho decente e crescimento econômico, consumo e produção responsáveis, vida terrestre e como contribuição para economia circular
Segurança microbiológica e toxicidade
Durante a pesquisa, a análise microbiológica envolveu a avaliação de microrganismos como Escherichia coli e Salmonella, e nenhum deles foi detectado, indicando que o produto pode ser seguro para consumo.
As pesquisadoras também realizaram análises de bolores, leveduras e bacillus cereus, com resultados também favoráveis quanto à segurança microbiológica do subproduto.
Impacto ambiental
Além dos benefícios nutricionais, outro resultado importante da utilização dos resíduos da cafeicultura é o seu impacto ambiental positivo. O Brasil, maior produtor mundial de café, gera uma enorme quantidade de resíduos que, na maior parte das vezes, é reutilizada como adubo, mas que também é descartada de forma inadequada.
A aplicação dos resultados da pesquisa pode contribuir para a sustentabilidade na cadeia produtiva do café, reduzindo o impacto ambiental e oferecendo novas oportunidades econômicas, especialmente para pequenos produtores.
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