
Fonte
Ligia Gabrielli, Unifesp
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Resumo
O Ministério da Saúde divulgou recentemente o ‘Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras’, que traz dados atuais, perspectivas e desafios da demência para a saúde pública.
O relatório destaca não só a gravidade da condição e a urgência de ações para prevenção, diagnóstico, cuidado e tratamento, como também destaca a importância de abordar os fatores evitáveis, que poderiam mudar o cenário futuro: 48% dos casos de demência poderiam ser prevenidos ou retardados.
A demência é um conjunto de sintomas que comprometem progressivamente a memória, o pensamento, a orientação, a compreensão, o cálculo, a capacidade de aprendizagem e o julgamento. É uma condição que afeta a qualidade de vida da pessoa com demência e, também, o cotidiano de familiares e cuidadores que precisam lidar com os desafios do cuidado contínuo.
Em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o Ministério da Saúde lançou recentemente o ‘Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras’.
Coordenado pela Dra. Cleusa Ferri, professora do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), o relatório apresenta dados inéditos e atualizados sobre a demência no Brasil, destacando a gravidade da condição e a urgência de ações para prevenção, diagnóstico, cuidado e tratamento.
De acordo com o relatório, cerca de 8,5% da população brasileira com 60 anos ou mais vive com demência, o que representa aproximadamente 2,71 milhões de pessoas. E as projeções indicam que, até 2050, esse número poderá alcançar 5,6 milhões de brasileiros, evidenciando a necessidade de políticas públicas que atendam a essa crescente demanda.
O relatório mostra que a prevalência da demência é maior entre as mulheres, com 9,1% dos diagnósticos – enquanto entre os homens esse percentual é de 7,7%.
Também foram observadas variações regionais: o Nordeste apresentou a maior prevalência, com 10,4%, enquanto a região Sul teve a menor taxa, com 7,3%.
Esse trabalho conjunto é uma oportunidade de conhecer a realidade da população brasileira e os fatores de riscos modificáveis. A atenção primária tem um papel chave, na qual podemos atuar no processo de promoção, prevenção, diagnóstico oportuno e, por fim, articular com a atenção especializada para um cuidado específico
Destacado no documento, o estigma associado à demência impacta diretamente a busca por diagnóstico e tratamento, e está entre as razões para as altas taxas de subdiagnóstico encontradas no relatório: cerca de 80% das pessoas com demência no Brasil não estão diagnosticadas.
A desinformação e o preconceito dificultam a integração social e o apoio às pessoas com demência e seus cuidadores, tornando a conscientização pública sobre a doença uma prioridade.
Finalmente, o relatório também destaca que aproximadamente 48% dos casos de demência poderiam ser prevenidos ou retardados, caso os 12 fatores de risco mais bem estabelecidos pudessem ser eliminados.
Entre esses fatores modificáveis estão a baixa escolaridade, perda auditiva, hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, depressão, inatividade física e isolamento social. A professora Cleusa Ferri destacou que a promoção de hábitos saudáveis e a prevenção ao longo da vida são essenciais para reduzir a incidência de demência no futuro.
Os dados apresentados ressaltam a necessidade de políticas de saúde que considerem as diferenças regionais e busquem atender as necessidades das pessoas com demência e seus familiares em todo o país.
O relatório está disponível para consulta pública e serve como um guia para profissionais de saúde, gestores, familiares e toda a sociedade brasileira na busca por soluções eficazes para enfrentar a demência no país.
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Acesse o ‘Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras’.
Acesse a notícia original completa na página da Universidade Federal de São Paulo.
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