
Fonte
Centre for Healthy Brain Ageing (CHeBA), UNSW
Publicação Original
Áreas
Resumo
Pesquisadores realizaram o maior estudo clínico randomizado controlado sobre a influência de intervenções on-line em relação ao estilo de vida sobre o declínio cognitivo em idosos entre 55 e 77 anos.
Os resultados mostraram que ações preventivas, reforçando fatores de risco evitáveis e melhorando o estilo de vida das pessoas em relação à alimentação, atividade física, treinamento cerebral e depressão/ansiedade, tiveram efeitos significativos sobre a manutenção da cognição.
Os pesquisadores reforçaram que, o quanto antes estas ações preventivas forem aplicadas, maior é o sucesso e melhor a qualidade de vida das pessoas idosas.
Foco do Estudo
Por que é importante?
O declínio cognitivo é uma das principais preocupações em adultos idosos, e o comprometimento da cognição pode resultar em demência, que tem uma influência devastadora sobre a qualidade de vida das pessoas.
Mas é sabido que existem vários fatores de risco evitáveis para o declínio cognitivo, e mudanças orientadas no estilo de vida podem ser suficientes para evitar, retardar ou diminuir o comprometimento da cognição.
Estudo
Um estudo clínico histórico, chamado de Maintain Your Brain (‘Cuide de seu Cérebro’) é o maior estudo baseado na internet já conduzido para tentar prevenir o declínio cognitivo e a demência em pessoas idosas.
A equipe de pesquisadores, liderada pelo Dr. Henry Brodaty, professor e codiretor do Centro de Envelhecimento Cerebral Saudável da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), na Austrália, calculou uma pontuação global de cognição a partir de testes on-line que mediam memória, raciocínio e velocidade de processamento de informações. As descobertas foram publicadas na revista científica Nature Medicine.
Além da UNSW em Sydney, participaram do estudo pesquisadores da Universidade de Sydney Ocidental, Universidade de Melbourne, Universidade Monash, Universidade Flinders, Universidade de Sydney e do The Royal Melbourne Hospital, todas instituições da Austrália, além da Universidade de Bristol, no Reino Unido.
Os pesquisadores recrutaram mais de 6.000 participantes com idades entre 55 e 77 anos, para reduzir fatores de risco modificáveis para demência em geral e para a doença de Alzheimer em particular. Os participantes não tinham demência, mas apresentavam pelo menos dois dos principais fatores de risco para demência.
O estudo incorporou participantes de áreas metropolitanas, rurais e remotas e avaliou uma intervenção de estilo de vida on-line para prevenir o declínio cognitivo ao longo de um período de três anos, com acompanhamentos feitos no final de cada ano. A equipe dividiu os participantes em dois grupos.
Metade dos participantes recebeu uma intervenção ativa que incluiu treinamento personalizado em dois a quatro módulos, dependendo de seus fatores de risco – atividade física, treinamento cerebral, nutrição ou depressão/ansiedade. O grupo controle recebeu apenas informações publicamente disponíveis.
Intervenções aplicadas
Os pesquisadores realizaram as seguintes intervenções divididas em quatro módulos:
Módulo Atividade física: orientado pela Dra. Maria Fiatarone Singh, professora da Universidade de Sydney – os participantes foram aconselhados a fazer 300 minutos de exercícios de intensidade moderada ou 150 minutos de exercícios de intensidade vigorosa por semana, bem como dois dias de treinamento de força de intensidade moderada-vigorosa por semana e treinamento de equilíbrio diário;
Módulo Nutrição: orientado pela Dra. Maria Fiatarone Singh – os participantes foram aconselhados a seguir uma dieta mediterrânea consumindo alimentos vegetais não processados, incluindo vegetais, frutas, legumes, grãos, nozes/sementes e azeite de oliva extra virgem, quantidades moderadas de peixe e marisco e baixa ingestão de carne, laticínios, ovos e gorduras animais;
Módulo Treinamento Cerebral: orientado pelo Dr. Michael Valenzuela, professor da UNSW – este treinamento teve como alvo sete domínios cognitivos (executivo verbal, memória verbal, executivo visual, memória visual, atenção visual, velocidade e memória de trabalho) e alocou três sessões de 45 minutos por semana nas primeiras 10 semanas e depois sessões mensais;
Módulo Tranquilidade: orientado pelo Dr. Gavin Andrews e pelo Dr. Michael Millard, da Unidade de Pesquisa Clínica para Ansiedade e Depressão da UNSW – os participantes receberam treinamento via ThisWayUp, um programa digital de saúde mental baseado nos princípios da terapia cognitivo-comportamental que visa reduzir ou prevenir a depressão e a ansiedade.
Esta intervenção é escalável com o potencial de implementação em nível populacional e pode atrasar o declínio cognitivo na comunidade em geral. Poderíamos essencialmente reduzir a prevalência mundial de demência se este estudo fosse implementado para a população em geral
Resultados
O estudo avaliou especificamente se melhorar os comportamentos de estilo de vida poderia retardar o declínio cognitivo em idosos. “O resultado foi um retumbante sim – podemos melhorar a cognição ao longo de três anos e, portanto, provavelmente aumentar a resiliência à demência”, disse o professor Brodaty.
“Ambos os grupos melhoraram, mas o grupo de intervenção demonstrou o maior benefício até o momento em um estudo randomizado controlado para prevenir o declínio cognitivo”, continuou o pesquisador.
Uma dieta mediterrânea com carne e laticínios limitados, um aumento em exercícios de intensidade moderada-vigorosa e tipos específicos de treinamento cerebral no computador foram algumas das mudanças que levaram a uma pontuação cognitiva melhorada.
O teste abordou direta ou indiretamente vários dos 14 fatores de risco modificáveis, relatados pela Comissão Lancet, respondendo por aproximadamente 45% do risco de demência.
Os pesquisadores também notaram melhorias significativas na atividade aeróbica, treinamento de força, dieta e escores de depressão.
“Participantes com idades entre 55 e 65 anos foram mais beneficiados do que aqueles com idades entre 66 e 77 anos, sugerindo que devemos considerar iniciar programas de prevenção mais cedo”, destacou o professor Henry Brodaty.
As descobertas recomendam a personalização dos esforços de prevenção e sugerem que intervenções focadas em apenas um fator de risco modificável – por exemplo, a falta de atividade física – são menos eficazes na prevenção da demência. “Nossas descobertas sugerem que personalizar intervenções e direcionar uma ampla gama de fatores de estilo de vida são importantes para o sucesso”, concluiu o pesquisador.
Esta evidência demonstra benefícios significativos para melhorar a cognição e potencialmente atrasar o início da demência
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