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Renderização 3D de bactéria helicobacter pylori
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Lachlan Gilbert, UNSW
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Resumo
Um novo estudo global, que deve envolver mais de 1.900 participantes no Leste Asiático, Oriente Médio, Europa, América do Sul e Austrália, pretende avançar na compreensão das causas e mecanismos envolvidos no câncer de estômago.
Embora mutações genéticas promovam mudanças importantes nas células do câncer de estômago – como o crescimento descontrolado – os pesquisadores querem investigar a autofagia das células cancerígenas e também a colonização do estômago por microrganismos que produzam lactato, que o câncer usa como ferramenta para sobreviver e se espalhar.
Os pesquisadores pretendem validar assinaturas imunogenéticas-microbianas em estudos prospectivos em humanos e avançar em modelos in vitro e animais.
Desde o início da década de 1980, pesquisadores sabem que a bactéria Helicobacter pylori causa gastrite e úlceras pépticas. Até então, acreditava-se que as úlceras estomacais eram causadas por estresse ou acúmulo de ácido.
Pouco tempo depois, cientistas estabeleceram uma ligação entre infecções crônicas por H. pylori e o câncer de estômago. Mas, embora se acredite que pelo menos metade da população mundial tenha a bactéria H. pylori, apenas uma pequena porcentagem desenvolve câncer de estômago.
Em geral, as taxas de mortalidade por câncer de estômago são altas se o diagnóstico for feito tardiamente. Alimentação saudável, boas condições sanitárias, acesso a diagnósticos precoces e baixa prevalência de infecção por Helicobacter pylori são fatores que mantêm a incidência de câncer de estômago baixa em vários países, em comparação com áreas críticas globais como a América do Sul e o Leste Asiático.
Agora, a Dra. Natalia Castaño Rodríguez, professora e pesquisadora da Escola de Biotecnologia e Ciências Biomoleculares da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), está colaborando com pesquisadores em um estudo global envolvendo mais de 1.900 participantes no Leste Asiático, Oriente Médio, Europa, América do Sul e Austrália sobre o câncer de estômago.
Dessas diversas populações globais, os pesquisadores vão buscar amostras e dados para analisar mutações genéticas e o microbioma associado ao risco de câncer de estômago.
“Meu objetivo é representar as populações de baixo, médio e alto risco em todo o mundo para tentar criar uma assinatura para o câncer de estômago que seja consistente em diferentes locais”, afirmou a Dra. Natalia Rodriguez.
A professora afirmou que a inflamação crônica causada pela infecção por H. pylori altera o ambiente estomacal, permitindo que outras bactérias – especialmente da boca – colonizem e produzam lactato, que o câncer usa como ferramenta para sobreviver e se espalhar.
“Já se sabe há algum tempo que o lactato alimenta o crescimento do tumor cancerígeno, mas ninguém realmente analisou o lactato proveniente de micróbios”, disse a pesquisadora.
“Os micróbios podem produzir quantidades realmente grandes de lactato, então precisamos examinar se bactérias como o Lactobacillus, usadas em probióticos comerciais, podem contribuir para a progressão do câncer de estômago em uma pessoa que já apresenta lesões pré-malignas no estômago”, disse a Dra. Natalia Rodríguez. No entanto, ela enfatizou que mais pesquisas são necessárias para confirmar se há algum efeito dos probióticos.
Acreditamos que o desenvolvimento do câncer de estômago, na verdade, requer uma combinação de fatores: infecção por H. pylori, mutações genéticas no revestimento estomacal e nas células imunológicas do paciente, além de alterações no microbioma estomacal
Tratamento
Embora mutações genéticas promovam mudanças importantes nas células do câncer de estômago – como o crescimento descontrolado – a professora Natalia Rodríguez também está estudando como essas células utilizam um processo natural de sobrevivência chamado autofagia, que as ajuda a lidar com o estresse e a se manterem vivas em condições adversas.
O bloqueio da autofagia com medicamentos existentes – alguns dos quais já aprovados para outras condições – está emergindo como uma estratégia potencial para tornar as células do câncer de estômago mais vulneráveis à terapia.
Outras opções de tratamento incluem a manipulação do microbioma para limitar bactérias específicas, como as produtoras de ácido lático, enquanto as diretrizes clínicas podem ser atualizadas para recomendar cautela com probióticos contendo certas bactérias, nos casos de pacientes com lesões gástricas pré-cancerosas.
A professora destacou que os próximos passos de pesquisa vão procurar validar assinaturas imunogenéticas-microbianas em estudos prospectivos em humanos e avançar em modelos in vitro e animais.
“Em médio prazo, gostaríamos de iniciar o primeiro estudo clínico investigando inibidores de autofagia no câncer de estômago e estudos pré-clínicos usando inibidores do metabolismo do lactato”, concluiu a pesquisadora.
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Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Nova Gales do Sul (em inglês).
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