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Universidade de Aberdeen
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Resumo
Para pesquisadores do Reino Unido, o que a ciência já reconhece são os efeitos ameaçadores de alimentos com alto teor de gordura, açúcar e sal. Porém, ainda faltam estudos sobre os efeitos específicos do processamento dos alimentos.
Para populações em estado de pobreza alimentar, a disseminação de informações oficiais para que as pessoas evitem a qualquer custo todos os alimentos ultraprocessados pode ter um custo social grande, dadas as condições já limitadas de alimentação dessas populações.
Em um artigo de perspectiva publicado recentemente na revista científica PLOS Medicine, a Dra. Alexandra Johnstone, professora do Instituto de Nutrição e Saúde da Universidade de Aberdeen, e o Dr. Eric Robinson, professor da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, alertaram sobre as considerações – inclusive na mídia – sobre o consumo de alimentos ultraprocessados.
Os pesquisadores alertam que a disseminação de informações para evitar comer todos os produtos alimentícios ultraprocessados tem provavelmente custos sociais e que isso pode prejudicar a saúde de pessoas que enfrentam pobreza alimentar – pelo menos em curto prazo.
No artigo, os especialistas disseram que, até que a ligação entre alimentos ultraprocessados e problemas de saúde seja melhor compreendida, o foco do aconselhamento público oficial deve permanecer em evitar as ameaças já reconhecidas pela ciência: alto teor de gordura, açúcar e sal.
Alertas para não consumir qualquer tipo de ultraprocessado pode fazer com que pessoas passem a consumir alimentos não classificados como ultraprocessados, porém menos nutritivos. E este deve ser um ponto considerado no caso de pessoas que enfrentam pobreza alimentar, para quem alguns ultraprocessados podem ser uma opção de consumo.
Sabemos com certeza que alimentos densos em energia e/ou ricos em gordura saturada, sal ou açúcar são prejudiciais à saúde e devemos continuar a aconselhar os consumidores a limitar o consumo desses alimentos. Da mesma forma, devemos incentivar o consumo de alimentos que promovam a saúde, como frutas, vegetais e grãos integrais
Orientações públicas
A pressão para emitir orientações contra o consumo de alimentos ultraprocessados — que representam uma parte significativa da dieta em vários países — aumentou na mídia devido a evidências consistentes de um número crescente de estudos observacionais de que eles estão ligados a resultados ruins para a saúde.
Mas muitos alimentos ultraprocessados também são ricos em gordura, açúcar e sal e, até o momento, a Food Standards Agency, no Reino Unido, acredita que outras possíveis causas de problemas de saúde por consumi-los “ainda não foram totalmente explicadas pela ciência” e, portanto, orientações públicas específicas não foram emitidas.
Também no Reino Unido, a Food Standards Scotland alertou recentemente que “há um risco de que a ênfase em alimentos ultraprocessados crie uma distração das principais questões dietéticas onde há evidências robustas para ação, ou seja, alimentos ricos em gordura, sal e açúcar”.
“Devemos nos proteger contra a possibilidade de que as pessoas em nossa sociedade que já correm mais risco de não ter condições de comer de forma saudável não sejam colocadas em uma posição ainda pior, à medida que continuamos a investigar as ligações entre alguns alimentos ultraprocessados e problemas de saúde”, disse a Dra. Alexandra Johnstone.
“Precisamos de mais pesquisas mecanicistas de alta qualidade em humanos, usando dietas controladas, para descobrir os efeitos do perfil nutricional e do ultraprocessamento em si. A reformulação da dieta e a qualidade da dieta são dois aspectos-chave do nosso ambiente alimentar e, juntamente com a acessibilidade, continuam sendo desafios do sistema alimentar”, continuou a pesquisadora.
“Alimentos classificados como ultraprocessados, ricos em gordura, sal e/ou açúcar, devem ser evitados, mas vários alimentos ultraprocessados não. Devemos pensar com muito cuidado sobre quais conselhos estão sendo dados ao público, em vez de fornecer mensagens simplificadas e potencialmente enganosas que ganham manchetes”, disse o Dr. Eric Robinson.
No artigo, a Dra. Alexandra Johnstone e o Dr. Eric Robinson concluíram: “Com base no equilíbrio das evidências atuais, não acreditamos que seja apropriado aconselhar os consumidores a evitar todos os alimentos ultraprocessados e aguardamos mais evidências para informar a orientação do consumidor sobre a necessidade de limitar o consumo de alimentos específicos com base em seu grau ou tipo de processamento”.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Aberdeen (em inglês).
Acesse o artigo na revista PLOS Medicine (em inglês).
Acesse os conselhos ao consumidor da Food Standards Agency (em inglês).
Acesse os conselhos ao consumidor da Food Standards Scotland (em inglês).
Acesse o documento de posicionamento da Food Standards Scotland em relação a alimentos ultraprocessados (em inglês).
Acesse o posicionamento do Scientific Advisory Committee on Nutrition (SACN) do Reino Unido sobre alimentos ultraprocessados (em inglês).