
Dr. Arash Kheradvar, Universidade da Califórnia em Irvine
Válvula Iris
Fonte
Brian Bell, Universidade da Califórnia em Irvine
Publicação Original
Áreas
Resumo
Nos EUA, pesquisadores estão testando, ainda em fase pré-clínica, uma nova válvula cardíaca que pode ser implantada por meio de cateter minimamente invasivo na veia femoral de crianças ainda com baixo peso portadoras de cardiopatia congênita.
Em estudos em laboratório e com animais, os cientistas puderam verificar a integração bem-sucedida do dispositivo ao anel da válvula pulmonar, demonstrando a integridade da válvula e uma resposta tecidual favorável.
Com a nova tecnologia, a válvula consegue ser comprimida até um diâmetro de 3mm para a administração transcateter e então expandida para o diâmetro correto na posição da válvula pulmonar, atingindo um diâmetro de até 20 mm.
Agora, os pesquisadores estão trabalhando na aprovação da agência reguladora FDA para a realização de testes clínicos em humanos.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Cardiopatias congênitas afetam cerca de 1% das crianças e frequentemente exigem intervenções cirúrgicas no início da vida, com procedimentos adicionais necessários para tratar uma válvula pulmonar com vazamento e prevenir a insuficiência ventricular direita à medida que as crianças crescem.
A válvula pulmonar está localizada entre o ventrículo direito do coração e a artéria pulmonar, sendo responsável por controlar o fluxo sanguíneo para os pulmões.
O tratamento de pacientes com cardiopatia congênita que necessitam de substituição cirúrgica da válvula pulmonar geralmente ocorre entre 2 e 10 anos de idade.
Para serem elegíveis para um procedimento minimamente invasivo de válvula pulmonar transcateter, os pacientes devem pesar pelo menos 20 kgf. Para que as crianças recebam tratamento minimamente invasivo, elas devem ter tamanho suficiente para que suas veias possam acomodar o tamanho da válvula substituta.
Estudo
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine (UC Irvine), nos EUA, realizaram com sucesso testes laboratoriais pré-clínicos de uma nova válvula cardíaca substituta destinada a bebês e crianças pequenas com defeitos cardíacos congênitos.
Os resultados foram publicados na revista científica Journal of the American Heart Association.
A chamada Válvula Iris pode ser implantada em crianças com peso entre 8 e 10 kgf e gradualmente expandida para um diâmetro adulto à medida que a criança cresce.
A válvula com a nova tecnologia pode ser implantada por meio de cateter minimamente invasivo na veia femoral do paciente. O grupo de pesquisa do Dr. Arash Kheradvar, professor de Engenharia Biomédica da UC Irvine, utilizou técnicas de dobradura em origami para comprimir o dispositivo no sistema transcateter.
Este método de implante, juntamente com a possibilidade de iniciar o tratamento mais precocemente em pacientes muito jovens, ajuda a mitigar o risco de complicações decorrentes do atraso no atendimento e reduz a necessidade de múltiplas cirurgias nessa população vulnerável.
“Quando a Válvula Iris estiver disponível, centenas de crianças economizarão pelo menos uma cirurgia – se não duas – ao longo de suas vidas”, disse o Dr. Michael Recto, cardiologista pediátrico intervencionista do Hospital Infantil do Condado de Orange e professor de Pediatria na UC Irvine.
“Isso evitará que elas precisem se submeter à colocação cirúrgica de uma válvula pulmonar, já que a Válvula Iris é inserida por meio de um pequeno cateter na veia e pode ser expandida em série até o diâmetro de um adulto, além de facilitar a futura colocação de válvulas pulmonares transcateter maiores – com tamanhos superiores a 20 milímetros, como os dispositivos Melody, Harmony e Sapien – se necessário”, completou o professor Michael Recto.
Estamos satisfeitos em ver a Válvula Iris apresentando o desempenho esperado em testes de bancada em laboratório e como implantes em mini porcos de Yucatán, uma medida crucial da viabilidade do dispositivo
Resultados
Testes de laboratório demonstraram a capacidade da válvula de ser comprimida até um diâmetro de 3 milímetros para administração transcateter e posteriormente ampliada para 20 milímetros de diâmetro sem danos.
Estudos em animais com duração de seis meses também confirmaram a integração bem-sucedida do dispositivo no anel da válvula pulmonar, demonstrando a integridade da válvula e uma resposta tecidual favorável.
“Estamos ativamente envolvidos com a [agência] Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para definir e realizar os experimentos e a documentação necessários para a primeira autorização em humanos da Válvula Iris”, disse o professor Kheradvar. “Nossa equipe está avançando urgentemente com a Válvula Iris por meio de estudos pré-clínicos para permitir sua liberação para uso pela primeira vez em humanos. Este é um passo fundamental para fornecer às crianças pequenas – que atualmente não têm tratamento minimamente invasivo viável até atingirem o limite de 20 kg – uma opção muito necessária.”
Nnaoma Agwu, doutorando em Engenharia Biomédica na UC Irvine e primeiro autor do estudo, destacou: “O desenvolvimento da Válvula Iris exigiu uma equipe forte e experiente, que compreendesse os requisitos clínicos e de projeto mecânico. Essa conquista não teria sido possível sem a colaboração de médicos, veterinários e engenheiros talentosos. Com este marco alcançado, estamos avançando rigorosamente no desenvolvimento da Válvula Iris visando ensaios clínicos em humanos”.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Journal of the American Heart Association (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade da Califórnia em Irvine (em inglês).
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