
Iriano Dinelli via Wikimedia Commons
Criança no vale do Rio Omo, no Sul da Etiópia
Fonte
Universidade de Oxford
Publicação Original
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Resumo
Um estudo longitudinal liderado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, tem analisado, desde 2002, vários aspectos da influência de crises globais sobre a saúde e a vida de jovens em regiões pobres da Etiópia, Índia, Peru e Vietnã.
Os ultimos resultados obtidos pelos pesqusiadores, correspondentes à setima rodada da pesquisa, destacam a necessidade de ações sociais e políticas para abordar as desigualdades e as dificuldades que os jovens dessas regiões enfrentam.
Além de problemas na educação e no trabalho e família, problemas relacionados à saúde e bem-estar também estão em destaque, principalmente envolvendo desnutrição, obesidade e saúde mental.
Pesquisadores da Universidade de Oxford têm acompanhado as vidas de 12.000 crianças de regiões na Etiópia, Índia, Peru e Vietnã desde 2002 no estudo chamado Young Lives, e têm destacado que mudanças políticas significativas são necessárias para melhorar as vidas de crianças e jovens que crescem na pobreza.
As descobertas preliminares da sétima rodada da pesquisa, com os participantes agora com idades entre 22 e 29 anos, foram divulgadas recentemente e ressaltam a necessidade urgente de ação social e política para abordar o impacto das desigualdades no início da vida sobre os resultados posteriores em termos de educação, trabalho e família e saúde.
Embora o estudo Young Lives tenha encontrado melhorias significativas nos padrões de vida em geral nos primeiros 20 anos, tendências preocupantes surgiram durante a pandemia, quando a pobreza familiar e a escassez de alimentos aumentaram e a educação foi severamente interrompida.
Problemas de saúde mental também aumentaram significativamente, especialmente para jovens que enfrentam os profundos impactos econômicos e sociais da pandemia, juntamente com a crise climática e o conflito na Etiópia.
Embora as últimas descobertas mostrem alguma recuperação pós-pandemia na vida dos jovens, um quadro complexo e desigual está se revelando, com os efeitos compostos da COVID-19, mudanças climáticas e conflitos continuando a dificultar a trajetória dos jovens.
Além de problemas na educação – relativos principalmente às barreiras que ainda existem para o acesso à educação dos jovens – e no trabalho e família, com grande parte dos empregos disponíveis sendo de baixa qualidade e baixa remuneração, além das disparidades de gênero, também sobressaem os problemas relacionados à saúde e bem-estar, principalmente envolvendo desnutrição, obesidade e saúde mental.
Nossa sétima pesquisa revela a resiliência dos jovens, com muitos colocando suas vidas de volta nos trilhos e retornando à educação ou ao trabalho. No entanto, várias crises continuam a ter impacto.Um exemplo claro disso é a crescente insegurança alimentar, com muito mais jovens agora vivendo em lares com insegurança alimentar do que esperávamos ver. Isso é quase certamente o resultado da pandemia e de outros choques, incluindo conflitos, secas e inundações
Apesar das melhorias na saúde e nutrição nas últimas duas décadas, a desnutrição continua sendo um desafio significativo, com a insegurança alimentar atingindo de modo generalizado todos os países pesquisados.
Na Etiópia, um número significativo de jovens (23%) está abaixo do peso, enquanto no Peru a obesidade é uma preocupação crescente, com mais de 40% dos jovens de 22 anos classificados como acima do peso ou obesos.
A Índia enfrenta um fardo duplo de desnutrição, com níveis persistentes de jovens abaixo do peso (24%) ao lado de níveis crescentes de sobrepeso e obesidade (21%) associados a um risco aumentado de doenças não transmissíveis, como diabetes e doenças cardiovasculares.
A saúde mental dos jovens continua sendo impactada por choques e crises. No Peru, o fardo das condições de saúde mental continua significativamente alto, com as mulheres sofrendo mais do que os homens tanto no Peru quanto na Índia.
Na Etiópia, a ansiedade aumentou significativamente entre aqueles que vivem em regiões afetadas por conflitos, e 60% dos participantes relataram sintomas de estresse pelo menos moderado.
O aumento dos problemas de saúde mental é uma preocupação particular, pois a adolescência e o início da idade adulta são períodos vulneráveis ao desenvolvimento de condições crônicas de saúde mental.
“Garantir apoio direcionado a grupos desfavorecidos é fundamental para construir resiliência diante de múltiplas crises, incluindo COVID-19, mudanças climáticas e conflitos, e para capacitar jovens vulneráveis para que realizem todo seu potencial”, concluiu a Dra. Marta Favara, diretora de pesquisa do estudo Young Lives.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Mais Informações
Acesse a página oficial do projeto Young Lives (em inglês).
Acesse a página dos resultados da sétima rodada de pesquisa do projeto Young Lives (em inglês).
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Oxford (em inglês).
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Universidade Federal Fluminense