
Georgetown Lombardi Comprehensive Cancer Center via NCI Visuals Online
Cultura de células de câncer de mama humano
Fonte
Diélen Borges, Portal Comunica UFU
Publicação Original
Áreas
Resumo
Pesquisadores desenvolveram um protocolo de pesquisa para um Estudo Clínico de Fase II não randomizado com a finalidade de acompanhar a aplicação de hormonioterapia neoadjuvante em pacientes pós-menopausadas, em estágios II e III de câncer de mama, com tumores luminais e HER2.
Com características de tratamento personalizado e de baixo custo, a hormonioterapia associada à biópsia líquida poderia ser aplicada precocemente em relação à quimioterapia, melhorando a qualidade de vida das pacientes.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Segundo o Ministério da Saúde, o câncer de mama é o segundo tipo mais comum de câncer entre as mulheres brasileiras, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Dentre os casos de câncer de mama, 70% apresentam receptores hormonais positivos, o que possibilita o tratamento com hormonioterapia neoadjuvante.
Nesses casos, as células cancerosas se alimentam de hormônios, mas como eles são reduzidos ou bloqueados por medicamentos, o câncer deixa de ser alimentado.
Porém, esta pode ser uma opção de tratamento que reduz o tamanho do tumor para cirurgias menos invasivas e que possibilita aos médicos observar a sensibilidade do tumor e os biomarcadores, que indicam como o tumor está reagindo.
Estudo
Cientistas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e do Hospital de Amor, em Barretos/SP, estão pesquisando a possibilidade de expandir o uso da hormonioterapia entre pacientes com câncer de mama e formas de monitorar a resposta ao tratamento por meio de exames de sangue, sem a necessidade de repetir biópsias do tumor.
A equipe de cientistas é liderada pelo Dr. Carlos Eduardo Paiva – pesquisador do Grupo de Pesquisa em Qualidade de Vida e Cuidados Paliativos (GPQual) e Coordenador da Pós-graduação em Oncologia do Hospital de Amor -, pela Dra. Yara Cristina de Paiva Maia – professora e pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Biologia Molecular e Nutrição da UFU -, e pela pesquisadora Dra. Alinne Tatiane Faria Silva, que faz estágio de pós-doutorado como bolsista do CNPq, com a participação de outros pesquisadores e alunos de mestrado e doutorado.
O estudo encontra-se em fase de Estudo Clínico de Fase II não randomizado.
A proposta do grupo, chamada Ensaio ANNE (ANastrozol NEoadjuvante), é avaliar o uso de hormonioterapia neoadjuvante para pacientes pós-menopausadas, em estágios II e III, com tumores luminais (que têm receptores de estrogênio e progesterona) e HER2 (proteína que atua como receptora de fatores de crescimento celular) negativo.
Estudo Clínico
No hospital de Barretos, as mulheres pós-menopausadas com tumores luminais HER2 negativos nos estágios II e III serão submetidas ao tratamento com anastrozol, um inibidor da enzima aromatase que converte a testosterona em estrogênio. Então, após duas a quatro semanas, será avaliada a continuidade da hormonioterapia ou a indicação para quimioterapia através da análise precoce de Ki-67.
Em seguida, os pesquisadores vão avaliar a extensão da hormonioterapia por até dez meses, com acompanhamento seriado por ultrassonografia mamária padronizada e critérios clínicos. Serão avaliados também a toxicidade, a qualidade de vida relacionada à saúde e os biomarcadores circulantes que preveem a resposta precoce à hormonioterapia.
Se o estudo identificar marcadores robustos de predição de resposta, essa abordagem poderá selecionar pacientes para início precoce de hormonioterapia mesmo por médicos menos especializados, antes da entrada nos centros de referência em oncologia. Em termos de Sistema Único de Saúde (SUS), poderá levar a uma redução no tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento
Resultados
Atualmente, segundo os pesquisadores, a hormonioterapia é reservada para casos de pacientes idosas ou frágeis, em que a quimioterapia seria muito agressiva.
Entre as vantagens da proposta estão a personalização do tratamento, ao identificar biomarcadores específicos de resposta à hormonioterapia; o monitoramento mais eficaz e menos invasivo dos tumores, por meio da biópsia líquida com exames de sangue; e melhor qualidade de vida para pacientes, pois a hormonioterapia geralmente apresenta menos efeitos colaterais que a quimioterapia.
A estratégia de hormonioterapia com rebiopsia do tumor após duas a quatro semanas de tratamento tem como limitações a padronização da rebiopsia e a confiabilidade da análise por imunohistoquímica do marcador Ki67.
A Dra. Yara Maia explicou que, considerando o grande número de pacientes diagnosticadas com câncer de mama, o início precoce de uma terapia com poucos eventos adversos e de baixo custo poderá ser útil em termos de saúde pública.
Os pesquisadores publicaram os detalhes do protocolo de pesquisa a ser seguido na revista científica Cancer Control.
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Autores/Pesquisadores Citados
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