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Estudo sobre conectividade ecológica mostra desafios e limitações da restauração funcional da Mata Atlântica
13 de setembro de 2025, 11:35

Fonte

José Tadeu Arantes, Agência FAPESP

Publicação Original

Áreas

Ciência Ambiental, Ecologia, Engenharia Ambiental, Engenharia Florestal, Geografia, Gestão Ambiental, Monitoramento Ambiental, Sustentabilidade

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Resumo

Em um estudo publicado na revista científica Journal of Applied Ecology, pesquisadores destacaram que, apesar dos avanços sobre a restauração florestal na Mata Atlântica, ainda não há integração plena de áreas replantadas ao mosaico de fragmentos nativos.

O estudo foi liderado pela Dra. Débora Cristina Rother, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em Lagoa do Sino, e pela Dra. Carine Emer, pesquisadora associada ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e ao Instituto Juruá (AM). Também colaboraram no estudo pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista em Rio Claro (UNESP Rio Claro), Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ da USP (ESALQ-USP), Universidade Federal do ABC (UFABC) e da Universidade de Sunshine Coast, na Austrália.

Os pesquisadores desenvolveram uma abordagem inédita baseada na teoria de redes para analisar a conectividade ecológica de 28 áreas na região de Batatais, no noroeste do Estado de São Paulo.

A teoria de redes é uma abordagem matemática e computacional usada para compreender sistemas complexos formados por muitos elementos interconectados. Em vez de analisar cada componente de forma isolada, a teoria os representa como ‘nós’ e as interações entre eles como ‘linhas’, possibilitando identificar padrões emergentes em conjunto.

A mesma lógica que explica o funcionamento de redes sociais e das redes neurais biológicas e artificiais também pode ser aplicada à ecologia, como no caso das ‘redes ecológicas’, que consideram interações entre plantas, animais e ambientes.

Essa perspectiva mostra não apenas quem está presente em um sistema, mas como os elementos se relacionam e quais são cruciais para a estabilidade e a resiliência do todo.

Segundo a pesquisa, a restauração ativa – com plantio de mudas em áreas totalmente desmatadas – resulta em comunidades vegetais que formam módulos separados dos fragmentos florestais remanescentes. “As áreas restauradas não se integram totalmente à paisagem. O que encontramos foi um subconjunto de espécies generalistas conectando o sistema, principalmente árvores de sementes pequenas, dispersas por aves”, explicou a Dra. Débora Rother.

O estudo utilizou a teoria de redes para sintetizar um banco de dados complexo, obtido ao longo de anos de coleta de campo. “São dados raros, resultantes de um grande esforço coletivo de investigação”, destacou a Dra. Carine Emer. “A teoria de redes nos ajudou a enxergar o todo: em vez de enfocar fragmentos isolados, buscamos a interação entre esses fragmentos e áreas restauradas na paisagem.”

Um dos pontos centrais do estudo foi mostrar que plantar árvores não basta. É importante, mas, por si só, não resolve. “Uma floresta é composta por processos ecológicos complexos. Precisamos olhar para as interações ecológicas também: aves e mamíferos dispersando sementes, polinizadores garantindo a reprodução, ciclos de sucessão se estabelecendo”, concluiu a pesquisadora.

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Autores/Pesquisadores Citados

Professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em Lagoa do Sino
Pesquisadora associada ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e ao Instituto Juruá (AM)

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