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Åsa Hansdotter, Universidade Lund
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Resumo
Um estudo piloto liderado pela Universidade Lund, na Suécia, vai acompanhar 40 participantes com anorexia nervosa com idades entre 16 e 35 anos que tenham sofrido pelo menos uma recaída, e que receberão o tratamento convencional ou um tratamento com psilocibina, uma substância psicodélica natural encontrada em certos fungos, frequentemente chamados de ‘cogumelos mágicos’.
O estudo é principalmente um estudo de segurança clínica, no qual os pesquisadores avaliarão sistematicamente os riscos e efeitos colaterais da psilocibina em comparação com o tratamento convencional.
Os resultados do estudo devem ser concluídos até o final de 2027.
A anorexia nervosa é um transtorno psiquiátrico grave, para o qual existem opções limitadas de tratamento e que apresenta uma das maiores taxas de mortalidade entre todos os diagnósticos psiquiátricos.
Em breve, será iniciado um estudo piloto na Universidade Lund, na Suécia, onde pesquisadores vão analisar a segurança e os efeitos de uma droga psicodélica em pacientes jovens com o transtorno.
O estudo piloto recebeu recentemente aprovação da Agência Sueca de Produtos Médicos e da Autoridade Sueca de Revisão Ética, e vai envolver 40 pacientes com idades entre 16 e 35 anos que tenham sofrido pelo menos uma recaída do transtorno.
O estudo é o primeiro no mundo a investigar sistematicamente o tratamento com psilocibina para pacientes jovens com anorexia. A psilocibina é uma substância psicodélica natural encontrada em certos fungos, frequentemente chamados de ‘cogumelos mágicos’. Como na maioria dos outros países, a psilocibina é classificada como narcótico na Suécia. Ela só pode ser usada em estudos de pesquisa onde seja possível administrar o medicamento com segurança e monitorar os participantes cuidadosamente durante todo o processo.
O estudo é principalmente um estudo de segurança clínica, no qual os pesquisadores avaliarão sistematicamente os riscos e efeitos colaterais da psilocibina em comparação com o tratamento convencional para anorexia nervosa. Eles também vão observar o tempo até uma possível recaída, as alterações no IMC, o bem-estar mental e potenciais alterações na comunicação entre diferentes regiões do cérebro.
A anorexia tem um componente hereditário e também é mais comum em pessoas com autismo ou transtorno obsessivo-compulsivo. A anorexia normalmente tem duas idades de pico de início, ocorrendo o primeiro por volta dos 14 anos e o segundo por volta dos 18. É por isso que queríamos incluir pacientes a partir dos 16 anos que tiveram recaídas pelo menos uma vez, obviamente com o consentimento dos pais no caso de menores
“A anorexia é um transtorno grave e não existe tratamento farmacológico para ela. Portanto, é importante experimentar novas abordagens que possam atingir os principais sintomas da doença, sem focar apenas no peso. Ter uma medida objetiva de desfecho, como o Índice de Massa Corporal (IMC), facilita a avaliação do efeito do tratamento”, afirmou Olea Schau Rybäck, médica residente em Psiquiatria e doutoranda na Universidade Lund.
Descobertas anteriores em pesquisas sobre depressão e TEPT mostraram que a psilocibina pode ajudar a quebrar padrões rígidos de pensamento e comportamento. Há a hipótese de que a psilocibina pode afetar a plasticidade sináptica do cérebro, o que, por sua vez, também pode alterar os padrões de pensamento e comportamento em pacientes com anorexia.
“O estudo de segurança nos dá a oportunidade de testar um tratamento potencialmente eficaz, mas ainda inexplorado, em pacientes que sofreram recaídas”, destacou a doutoranda Olea Schau Rybäck.
Se os pesquisadores encontrarem resultados promissores, a ideia é prosseguir com um estudo maior, com foco na eficácia e na duração da plasticidade sináptica no cérebro.
“O cérebro é incrível e imprevisível. A psilocibina pode abrir uma janela terapêutica para a criação de novos padrões funcionais. Se o tratamento for bem-sucedido, não vejo razão para que as drogas psicodélicas não possam se tornar um tratamento estabelecido para a anorexia nervosa no futuro”, concluiu Pouya Movahed Rad.
Além do tratamento convencional, os participantes do estudo serão tratados com psilocibina em duas ocasiões. As doses serão administradas durante sessões cuidadosamente monitoradas e acompanhadas por terapeutas, que incluem a verificação da frequência cardíaca, da pressão arterial e do nível de açúcar no sangue. A previsão é de que os resultados sejam concluídos até o final de 2027.
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Acesse a notícia original completa na página da Universidade Lund (em inglês).
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