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Resumo
Estudo de pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQUSP) mostrou que ajustar o horário de aplicação de herbicidas de acordo com o relógio biológico das plantas — o chamado ritmo circadiano — pode aumentar a eficácia do produto para controlar o crescimento de ervas daninhas.
Os herbicidas interrompem processos vitais de crescimento e sobrevivência das plantas, como fotossíntese, trocas gasosas, absorção de água e nutrientes, floração, divisão celular e síntese de proteínas — atividades metabólicas que ocorrem dentro das células vegetais ao longo das 24 horas do dia.
A técnica, conhecida como cronotoxicidade, consiste em usar agroquímicos no período do dia em que as plantas estão mais sensíveis ao produto. A estratégia pode reduzir custos para os produtores e minimizar impactos ambientais como a contaminação do solo, da água e do ar. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica New Phytologist.
O Dr. Carlos Takeshi Hotta, um dos autores do artigo e professor do IQUSP, defende práticas agrícolas mais seguras e alerta sobre o uso indiscriminado de agroquímicos. Em sua opinião, “o desenvolvimento de novos produtos precisa considerar em sua composição compostos-alvos que agem diretamente em estruturas específicas das plantas”.
O professor destacou que, embora seja importante, não existem orientações sobre a sincronicidade de horário de aplicação e os ritmos circadianos das plantas nos rótulos de produtos comercializados.
O Dr. Antony Dodd, pesquisador do Centro John Innes, no Reino Unido, e coautor do estudo, explicou que, assim como a medicina humana tem buscado ajustar o horário de administração de medicamentos ao ritmo biológico do corpo (cronoterapia) para aumentar a eficácia e reduzir efeitos colaterais, o conceito de cronotoxicidade nos vegetais adota lógica semelhante: identificar os horários em que os herbicidas são mais eficazes, levando em conta os ciclos das plantas.
Um estudo anterior publicado na revista científica Nature Communications em 2019 e liderado pelo Dr. Antony Dodd já tinha mostrado que a hora do dia em que um herbicida à base de glifosato é aplicado influencia sua eficácia. “Isso acontece porque o relógio biológico das plantas afeta como elas reagem ao produto químico”, explicou o Dr. Antony Dood.
Segundo o professor Carlos Hotta, esses resultados sugerem que o relógio interno das plantas influencia diretamente sua sensibilidade às substâncias químicas. “Isso pode ter implicações importantes na agricultura”.
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