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Fonte
Ali Howard, Universidade de Glasgow
Publicação Original
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Resumo
Com base em dados de mais de 200 mil adultos do UK Biobank, pesquisadores estudaram a correlação entre dor crônica – dependendo do tipo, localização e intensidade da dor – e o risco de desenvolver hipertensão, ao longo de um acompanhamento médio de mais de 13 anos.
Quase 10% de todos os participantes desenvolveram hipertensão arterial. Participantes com dor crônica generalizada apresentaram o maior risco de hipertensão (aumento de 75% no risco), enquanto a dor de curta duração foi associada a um risco 10% maior e a dor crônica localizada a um risco 20% maior.
Como fatores que contribuíram para o desenvolvimento da hipertensão, a depressão (que ocorreu em 11,3% dos participantes) e a inflamação (que ocorreu em 0,4% dos participantes) foram responsáveis por 11,7% da associação entre dor crônica e hipertensão.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A hipertensão arterial aumenta o risco de ataque cardíaco ou acidente vascular cerebral (AVC).
De acordo com pesquisas anteriores, a dor musculoesquelética crônica — dor no quadril, joelho, costas ou pescoço/ombro que dura pelo menos três meses — é o tipo de dor mais comum na população em geral.
Neste sentido, é importante analisar a possibilidade de correlação entre a dor crônica e o risco de desenvolver hipertensão arterial.
Os cientistas também sabem que a inflamação e a depressão aumentam o risco de hipertensão arterial; no entanto, nenhum estudo anterior examinou em que medida a ligação entre dor e hipertensão arterial é mediada pela inflamação e pela depressão.
Estudo
A dor crônica em adultos pode aumentar o risco de hipertensão, e a localização e intensidade da dor, bem como a presença de depressão, são fatores que também contribuem, de acordo com uma nova pesquisa liderada por pesquisadores da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, e publicada na revista científica Hypertension.
O estudo analisou dados do UK Biobank e incluiu dados de 206.963 adultos. Entre todos os participantes, 35,2% relataram sentir dor musculoesquelética crônica; desses, 62,2% relataram dor crônica em uma parte do corpo; 34,9% relataram dor crônica em duas ou três partes do corpo; e 3,2% relataram dor em quatro partes do corpo.
Os pesquisadores investigaram as associações entre o tipo, a localização e a intensidade da dor em todo o corpo e o desenvolvimento de hipertensão arterial e descobriram que aqueles que relataram dor crônica em todo o corpo tinham maior probabilidade de desenvolver hipertensão do que pessoas que não relataram dor, que relataram dor de curta duração ou dor localizada.
Os participantes responderam a um questionário inicial e forneceram informações sobre se haviam sentido dor no último mês que interferiu em suas atividades habituais. Eles indicaram se a dor era na cabeça, rosto, pescoço/ombro, costas, estômago/abdômen, quadril, joelho ou em todo o corpo. Caso relatassem dor, indicaram se ela persistia por mais de três meses.
A depressão foi avaliada com base nas respostas dos participantes a um questionário sobre a frequência de humor deprimido, desinteresse, inquietação ou letargia nas duas semanas anteriores e a inflamação foi medida por meio de exames de sangue para proteína C-reativa (PCR).
Quanto mais disseminada a dor, maior o risco de desenvolver hipertensão. Parte da explicação para essa descoberta foi que a dor crônica aumenta a probabilidade de depressão, e a depressão, por sua vez, aumenta a probabilidade de desenvolver hipertensão. Isso sugere que a detecção e o tratamento precoces da depressão em pessoas com dor crônica podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver hipertensão
Resultados
Após um acompanhamento médio de 13,5 anos, a análise revelou que quase 10% de todos os participantes desenvolveram hipertensão arterial. Além disso, em comparação com pessoas sem dor, aquelas com dor crônica generalizada apresentaram o maior risco de hipertensão (aumento de 75% no risco), enquanto a dor de curta duração foi associada a um risco 10% maior e a dor crônica localizada a um risco 20% maior.
Ao comparar os locais de dor com pessoas sem dor, a análise mostrou que a dor crônica generalizada foi associada a um risco 74% maior de desenvolver hipertensão; a dor abdominal crônica, a um risco 43% maior; as cefaleias crônicas, a um risco 22% maior; a dor crônica no pescoço/ombro, a um risco 19% maior; a dor crônica no quadril, a um risco 17% maior; e a dor crônica nas costas, a um risco 16% maior.
Depressão (que ocorreu em 11,3% dos participantes) e inflamação (que ocorreu em 0,4% dos participantes) foram responsáveis por 11,7% da associação entre dor crônica e hipertensão.
“Ao cuidar de pessoas com dor, os profissionais de saúde precisam estar cientes de que elas têm maior risco de desenvolver hipertensão, seja diretamente ou por meio da depressão. Reconhecer a dor pode ajudar a detectar e tratar essas condições adicionais precocemente”, destacou a Dra. Jill Pell, professora de Saúde Pública na Universidade de Glasgow e autora sênior do estudo.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica Hypertension (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Glasgow (em inglês).
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