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Universidade de Helsinque
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Resumo
Um estudo conduzido na Finlândia analisou a saúde óssea de 71 crianças, entre dois e sete anos, e de 76 adultos cuidadores – divididos em veganos, vegetarianos e onívoros.
Como na Finlândia especificamente o vegetarianismo é bastante comum, os participantes do estudo que seguiam dieta vegana aderiram quase sem exceção às recomendações sobre o consumo de suplementos alimentares e alimentos fortificados.
Os pesquisadores constataram que as dietas veganas e vegetarianas estavam associadas, em adultos, a maiores concentrações de marcadores de formação e reabsorção óssea, o que pode indicar metabolismo ósseo acelerado.
Por outro lado, dietas mais baseadas em vegetais entre crianças foram associadas a concentrações mais elevadas de hormônio da paratireoide, que podem estar ligadas a uma reabsorção óssea mais ativa.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Muitos estudos internacionais têm levantado preocupações sobre os potenciais efeitos adversos de dietas veganas sobre a saúde óssea.
No entanto, esses estudos geralmente têm como alvo populações onde a ingestão de vitamina D é baixa, a seleção de produtos veganos no mercado é limitada e o consumo de alimentos fortificados ou suplementos alimentares é pouco difundida.
Alimentos fortificados são alimentos comuns aos quais vitaminas, minerais ou outras substâncias com efeitos nutricionais ou fisiológicos são adicionados durante o processo de produção .
Já suplementos alimentares são produtos alimentícios que diferem dos alimentos comuns pela aparência ou pela forma como são utilizados, incluindo comprimidos, cápsulas ou extratos de ervas. Os suplementos alimentares incluem preparações destinadas à ingestão de vitaminas, minerais, fibras e ácidos graxos.
Estudo
Um estudo conduzido na Universidade de Helsinque, na Finlândia, investigou o metabolismo ósseo e a ingestão de nutrientes essenciais para a saúde óssea, como cálcio, vitamina D e proteínas. O estudo MIRA2 envolveu crianças residentes em Helsinque, com idades entre dois e sete anos, que seguiam uma dieta vegana (29 crianças), vegetariana (18 crianças) ou onívora (24 crianças), bem como seus cuidadores (29 veganos, 23 vegetarianos, e 24 que seguiam dieta onívora).
Os participantes do estudo que seguiam uma dieta vegana aderiram quase sem exceção às recomendações sobre o consumo de suplementos alimentares e alimentos fortificados e apresentaram, em média, ingestão adequada de vitamina D e cálcio.
O conjunto de dados do MIRA2 foi coletado em Helsinque, onde alimentos veganos em creches e diversos produtos alimentícios veganos são abundantemente disponíveis. As famílias que participaram do estudo estavam bem familiarizadas com as diretrizes para suplementação de vitamina D e consumo de alimentos fortificados.
As recomendações nutricionais publicadas recentemente na Finlândia enfatizam uma dieta predominantemente vegetal, com restrição do consumo de carne e moderação do consumo de leite.
Os pesquisadores alertam que, se um alimento for totalmente excluído da dieta, é importante substituí-lo por alternativas nutricionalmente complementares. Ao planejar uma dieta vegana para crianças e adolescentes, é recomendado consultar um(a) nutricionista.
O Dr. Kevin Cashman, professor da Escola de Ciências da Alimentação e Nutrição da University College Cork, na Irlanda, também participou do estudo, publicado na revista científica European Journal of Nutrition.
A população da Região Metropolitana de Helsinque vive em uma espécie de bolha vegetariana. Por isso, é preciso ter em mente que os resultados do estudo não são diretamente aplicáveis às populações de outras regiões ou países
Resultados
No estudo, as crianças que seguiam dieta vegana apresentaram maior ingestão de vitamina D do que aquelas com dieta onívora ou vegetariana devido ao consumo mais ativo de suplementos de vitamina D em doses mais elevadas. Em média, o nível de vitamina D medido no sangue também foi adequado em todos os grupos alimentares.
O estudo constatou que as dietas mais baseadas em vegetais, principalmente veganas e vegetarianas, estavam associadas, em adultos, a maiores concentrações de marcadores de formação e reabsorção óssea, o que pode indicar metabolismo ósseo acelerado.
Por outro lado, dietas mais baseadas em vegetais entre crianças foram associadas a concentrações mais elevadas de hormônio da paratireoide, que podem estar ligadas a uma reabsorção óssea mais ativa. Embora essas observações possam indicar efeitos adversos em longo prazo sobre a saúde óssea, sua significância clínica ainda não está clara.
“O cálcio naturalmente presente em alimentos de origem vegetal é absorvido de forma relativamente deficiente. De fato, a ampla fortificação com vitamina D e cálcio de alternativas lácteas de origem vegetal na Finlândia é importante para a ingestão adequada desses nutrientes entre veganos e, consequentemente, para sua saúde óssea”, explicou a Dra. Suvi Itkonen, pesquisadora da Faculdade de Agricultura e Silvicultura da Universidade de Helsinque e primeira autora do estudo.
Os pesquisadores descobriram que veganos e vegetarianos participantes do estudo apresentaram menor ingestão de proteínas em comparação com aqueles que seguiam uma dieta onívora, embora, em média, essa ingestão fosse adequada.
“É possível que a menor absorção e a diferente composição de aminoácidos das proteínas vegetais em comparação com as proteínas animais expliquem, em parte, as diferenças observadas no metabolismo ósseo, mas mais pesquisas são necessárias sobre o tema. De fato, em seguida, investigaremos a ingestão de aminoácidos entre os participantes do estudo MIRA2 e a composição de aminoácidos das dietas veganas”, afirmou a Dra. Suvi Itkonen.
Outras descobertas do estudo relacionadas, entre outras coisas, ao metabolismo lipídico, à metabolômica e à ingestão de outros nutrientes serão publicadas em breve.
Em termos de saúde óssea, é essencial, ao consumir bebidas à base de plantas e produtos semelhantes a iogurte, escolher a opção enriquecida com cálcio e vitamina D. As crianças devem tomar um suplemento diário de vitamina D durante todo o ano. Se a dieta diária não contiver margarinas, laticínios ou bebidas à base de plantas enriquecidas com vitamina D, e se o consumo de peixe for inferior a 2 a 3 vezes por semana, é importante garantir a suplementação de vitamina D. Entre os veganos, a necessidade de suplementação de vitamina D é comum
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