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Jonathan Watson, Universidade de Dundee
Publicação Original
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Resumo
Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Dundee, no Reino Unido, descobriu que silenciar um gene que codifica uma enzima conhecida como HRI ou EIF2AK1, aumenta drasticamente a ativação dos genes PINK1 e Parkin.
Esses genes atuam como interruptores moleculares que sinalizam a remoção de mitocôndrias danificadas e, assim, podem prevenir a perda de células cerebrais.
Mutações nos genes PINK1 e Parkin estão entre as principais causas da doença de Parkinson de início precoce.
Foco do Estudo
Por que é importante?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos tem a doença de Parkinson, ou seja, a doença afeta cerca de 4 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, estima-se que cerca de 200 mil indivíduos estejam afetados pela doença.
Os medicamentos atuais, embora eficazes em controlar os sintomas, não detêm a progressão do Parkinson e podem causar efeitos colaterais. O desenvolvimento de novos medicamentos poderia melhorar a qualidade de vida dos pacientes, retardar a progressão da doença ou mesmo proporcionar a cura.
Estudo
Especialistas da Unidade de Fosforilação e Ubiquitilação de Proteínas e da Faculdade de Medicina da Universidade de Dundee, no Reino Unido, identificaram uma maneira de manipular uma das principais causas da doença de Parkinson.
Há mais de duas décadas, pesquisas em Dundee revelaram mutações em dois genes – PINK1 e Parkin – como uma das principais causas da doença de Parkinson de início precoce. As células cerebrais são altamente dependentes da energia produzida pelas mitocôndrias; no entanto, danos às mitocôndrias e seu subsequente acúmulo estão associados a uma série de distúrbios cerebrais, incluindo a doença de Parkinson.
O genes PINK1 e Parkin atuam como interruptores moleculares que sinalizam a remoção de mitocôndrias danificadas e, assim, podem prevenir a perda de células cerebrais. No entanto, até o momento, tem sido desafiador desenvolver medicamentos que ativem diretamente esses genes.
No entanto, em uma nova pesquisa publicada na revista Science Advances, a equipe da Universidade de Dundee descobriu que silenciar um gene em uma via totalmente diferente, que codifica uma enzima conhecida como HRI ou EIF2AK1, aumentou drasticamente a ativação dos genes PINK1 e Parkin.
Ao identificar a HRI como um freio crítico na via PINK1-Parkin, a equipe descobriu uma perspectiva terapêutica promissora que pode acelerar o desenvolvimento de tratamentos que visam preservar a saúde das células cerebrais. É especialmente encorajador que compostos que visam essa via já existam, potencialmente permitindo uma tradução muito mais rápida em benefício clínico para os pacientes
Resultados
A enzima HRI age nas vias de resposta ao estresse celular, mas não havia sido previamente implicada na doença de Parkinson. Inibidores da resposta ao estresse celular já haviam sido desenvolvidos, e a equipe de pesquisa demonstrou que um inibidor chamado ISRIB foi capaz de bloquear a enzima HRI e aumentar a capacidade dos genes PINK1 e Parkin de remover mitocôndrias danificadas.
O Dr. Miratul Muqit, pesquisador da Universidade de Dundee e líder do estudo, destacou: “O acúmulo de mitocôndrias danificadas no cérebro surgiu como um mecanismo importante para a perda de células cerebrais na doença de Parkinson, com ensaios clínicos em andamento visando a via PINK1”.
“No entanto, nossa descoberta de que a HRI atua como um freio molecular na via PINK1 abre caminhos completamente inesperados para o desenvolvimento de novos medicamentos que podem reduzir o acúmulo de mitocôndrias danificadas como tratamento para a doença de Parkinson e distúrbios cerebrais relacionados”, continuou o pesquisador.
“De relevância clínica, já existem medicamentos disponíveis que se mostraram seguros em humanos, e nossas descobertas indicam que eles podem ser reaproveitados para testes em ensaios clínicos com pacientes de Parkinson imediatamente”, disse o Dr. Miratul Muqit.
Desde que ingressou na Universidade em 2008, o laboratório do Professor Muqit tem sido responsável por revelar os segredos de como mutações no gene PINK1 levam ao acúmulo de mitocôndrias danificadas nas células cerebrais. Este trabalho levou ao desenvolvimento de novos biomarcadores para o diagnóstico da doença de Parkinson e a novas estratégias para o tratamento da doença, que estão sendo exploradas por empresas de biotecnologia e farmacêuticas.
Esta nova pesquisa é apenas o mais recente sucesso do professor Muqit e sua equipe, que têm estudado como mutações genéticas afetam o acúmulo de mitocôndrias danificadas desde 2008. No início de 2025, foi feito um anúncio de que o pesquisador liderará um novo projeto que visa acelerar a velocidade com que as descobertas científicas sobre a doença de Parkinson podem chegar aos pacientes.
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Autores/Pesquisadores Citados
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