
Fonte
Candy Gibson, UniSA
Publicação Original
Áreas
Compartilhar
Resumo
Em entrevistas com 88 gestantes no Reino Unido, pesquisadoras avaliaram, usando a Escala de Bem-Estar Mental de Warwick-Edimburgo, a relação entre o bem-estar mental e a capacidade das gestantes de lidarem com os desafios e o medo do parto.
A sensação de bem-estar mental da gestante foi o preditor mais forte de controle do medo de dar à luz. O segundo preditor foi a autoeficácia no parto, quanto as gestantes acreditavam que poderiam enfrentar situações que ocorressem durante o parto.
As pesquisadoras defendem que os programas pré-natais mudem de um modelo exclusivamente médico para um modelo que ajude a desenvolver a autoconfiança das gestantes com foco em seu bem-estar mental, que pode levar a melhores resultados para as mães e seus bebês.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Durante a gestação e o pré-natal, o medo de dar à luz – mais comum na primeira gravidez – pode afetar a confiança e o bem-estar da mulher tanto antes quanto durante ou mesmo depois do trabalho de parto.
Além de técnicas adequadas para o momento do parto, pode ser importante que a educação para o parto durante programas pré-natais também considere aspectos psicológicos e de bem-estar mental, para garantir que a gestante esteja mais confiante, inclusive no pós-parto.
Estudo
Um estudo transversal conduzido por pesquisadoras da Universidade Robert Gordon, no Reino Unido, e da Universidade da Austrália Meridional (UniSA) investigou os fatores que ajudam a aliviar o medo do parto.
As pesquisadoras entrevistaram 88 gestantes no terceiro trimestre de gestação, antes de participarem de aulas de pré-natal na Escócia.
Usando a Escala de Bem-Estar Mental de Warwick-Edimburgo para medir a relação entre o bem-estar mental, a crença da mulher em sua capacidade de lidar com os desafios do trabalho de parto e o medo do parto, os cientistas identificaram que, enquanto 12% das gestantes apresentaram medo ‘grave’ do parto, as gestantes mais positivas, confiantes e em relacionamentos significativos relataram menos preocupações.
Os resultados foram publicados na revista científica Journal of Psychosomatic Obstetrics & Gynaecology.
A Dra. Katrina Forbes-McKay, professora de Psicologia na Universidade Robert Gordon e autora principal do estudo, afirmou que os resultados fornecem esclarecimentos valiosos sobre como o atendimento pré-natal pode ser aprimorado para promover a confiança, aumentar as emoções positivas e, em última análise, promover partos mais saudáveis para mães e bebês.
“Embora muitos estudos tenham explorado os efeitos negativos do medo do parto, incluindo trabalho de parto prolongado, cesáreas de emergência e problemas de saúde mental pós-parto, há pouca pesquisa sobre o que protege as mulheres de vivenciar esses medos”, afirmou a Dra. Katrina Forbes-McKay.
Nossas descobertas destacam a necessidade de cuidados pré-natais que não apenas ensinem às mulheres o que fazer durante o trabalho de parto, mas também as capacitem a acreditar que podem fazê-lo
Resultados
A Dra. Tracy Humphrey, professora de Obstetrícia da UniSA e coautora do estudo, destacou que a sensação de bem-estar mental da gestante foi o preditor mais forte de controle do medo de dar à luz: “Isso inclui ter um senso de propósito, positividade emocional e relacionamentos sociais significativos – todos aspectos frequentemente negligenciados nos cuidados de maternidade”.
“O segundo preditor-chave foi a autoeficácia no parto – particularmente se as mulheres acreditavam que poderiam aplicar estratégias de enfrentamento [a intercorrências] quando chegasse a hora”, continuou a professora.
O estudo defende que os programas pré-natais mudem de um modelo exclusivamente médico para um que desenvolva a autoconfiança. Especificamente, as pesquisadoras recomendam que a educação para o parto promova a confiança no uso de técnicas de parto, como respiração, visualização e relaxamento, melhore o bem-estar psicológico, apoiando a conexão social, o propósito e a satisfação; e finalmente adote uma abordagem que se concentra no bem-estar em vez dos riscos.
Embora este estudo tenha se restringido a mulheres no terceiro trimestre, pesquisas adicionais foram realizadas sobre o papel das práticas de relaxamento pré-natal na melhoria do bem-estar materno e das experiências de parto.
A Dra. Mo Tabib, professora de Obstetrícia da Universidade Robert Gordon, liderou o estudo como parte de seu doutorado, sob a supervisão da Dra. Forbes-McKay e da professora Tracy Humphrey.
“Mulheres que incorporaram essas técnicas de relaxamento relataram ‘melhoras significativas’ em seu bem-estar mental e confiança na abordagem do parto, melhorias que permaneceram estáveis até 4 a 8 semanas após o parto”, afirmou a Dra. Mo Tabib.
As pesquisadoras destacaram a importância de realizar estudos maiores e em vários locais para validar esses resultados em diversas populações.
Os resultados estão alinhados com as prioridades globais da Organização Mundial da Saúde para promover a saúde mental e física das mulheres durante a gravidez. Ao abordar o medo do parto por meio de intervenções psicológicas e educacionais, não apenas apoiamos as mulheres a terem experiências de parto mais positivas, mas também potencialmente reduzimos as intervenções médicas e melhoramos os resultados para mães e bebês
Em suas publicações, o Portal SciAdvances tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal SciAdvances tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Journal of Psychosomatic Obstetrics & Gynaecology (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade da Austrália Meridional (em inglês).
Notícias relacionadas

Universidade Federal de Alagoas
Universidade de Oxford
Universidade Federal de Alfenas