
Fonte
Luisa Low, Universidade de Sydney
Publicação Original
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Resumo
Mesmo quem não pratica exercícios físicos estruturados e frequentes pode se beneficiar de atividades físicas diárias, intensas e simples, incorporadas ao seu estilo de vida, para melhorar a saúde cadiovascular.
Uma nova pesquisa analisou efeitos desse tipo de atividade física em homens e mulheres de meia-idade, a partir de dados do UK Biobank, e verificou maior redução de eventos adversos cardiovasculares principalmente em mulheres.
Os pesquisadores destacaram que, mesmo para quem não pratica esportes ou vai regularmente à academia, a incorporação de atividades físicas diárias de alta intensidade, mesmo apenas durante alguns minutos, pode fazer toda a diferença para a saúde cardiovascular.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Muitas pessoas acabam não praticando exercícios físicos – atividade física estruturada, como praticar esportes ou então treinar em uma academia – e isso pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, como ataques cardíacos ou insuficiência cardíaca.
As justificativas, como falta de tempo ou mesmo desinteresse em disciplinar a realização de exercícios físicos, pode comprometer os resultados de saúde, principalmente após a juventude.
Mas e se, mesmo sem realizar exercícios físicos estruturados, as pessoas pelo menos conseguissem realizar, diariamente, atividades físicas curtas e de alta intensidade? Isso melhoraria a saúde do coração?
Em estudo recente, pesquisadores responderam essa questão.
Estudo
Em uma colaboração internacional de pesquisa e considerando dados do estudo UK Biobank, pesquisadores analisaram os efeitos de ‘explosões’ de atividades físicas comuns (não estruturadas), realizadas em curto espaço de tempo e diariamente, sobre o risco ocorrência de eventos adversos cardiovasculares.
O estudo colaborativo, publicado na revista científica British Journal of Sports Medicine, teve a participação de pesquisadores da Universidade de Sydney e do Westmead Hospital, na Austrália; da Universidade Europeia de Madri, na Espanha; da Universidade do Sul da Dinamarca, na Dinamarca; da Universidade de Edimburgo, da Universidade de Glasgow e da University College London (UCL), no Reino Unido, e da Universidade Simon Fraser, no Canadá.
A atividade física de alta intensidade que faz parte de uma rotina diária é conhecida como ‘atividade física intermitente e vigorosa integrada ao estilo de vida’ (VILPA, do inglês vigorous intermittent lifestyle physical activity). Sessões mais longas de VILPA estão associadas a um risco significativamente menor de doenças cardiovasculares.
O estudo se baseou em dados de 22.368 participantes (13.018 mulheres e 9.350 homens), com idades entre 40 e 79 anos, que relataram não praticar exercícios estruturados regularmente. Os participantes do UK Biobank que foram considerados neste estudo usaram rastreadores de atividade física por quase 24 horas por dia durante 7 dias entre 2013 e 2015.
A saúde cardiovascular foi monitorada por meio de registros hospitalares e de mortalidade, rastreando eventos cardiovasculares adversos significativos, como ataque cardíaco, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral, até novembro de 2022.
Descobrimos que um mínimo entre 1,5 minuto e 4 minutos de atividade física vigorosa diária, concluída em ‘explosões’ curtas com duração de até 1 minuto, foram associadas a melhores resultados de saúde cardiovascular em mulheres de meia-idade que não praticam exercícios estruturados
Resultados
Uma média de quatro minutos de atividade física vigorosa (integrada ao estilo de vida) por dia pode reduzir quase pela metade o risco de grandes eventos cardiovasculares, como ataques cardíacos, para mulheres de meia-idade que não praticam exercícios estruturados.
Os pesquisadores disseram que, dado que menos de 20% dos adultos de meia-idade ou mais velhos praticam exercícios estruturados regularmente, praticar esse tipo de atividade física pode ser uma boa alternativa.
“Tornar curtos períodos de atividade física vigorosa um hábito de estilo de vida pode ser uma opção promissora para mulheres que não gostam de exercícios estruturados ou não conseguem fazê-los por qualquer motivo. Como ponto de partida, pode ser tão simples quanto incorporar, ao longo do dia, alguns minutos de atividades como subir escadas, carregar compras, caminhar em um aclive, brincar de pega-pega com uma criança ou animal de estimação, ou caminhar rápido”, disse o Dr. Emmanuel Stamatakis, professor da Faculdade de Medicina e Saúde da Universidade de Sydney e autor principal do estudo.
Após o ajuste para fatores como estilo de vida, posição socioeconômica, saúde cardiovascular, condições coexistentes e etnia, os pesquisadores descobriram que quanto mais as mulheres realizaram atividades do tipo VILPA, menor era o risco de um evento cardiovascular importante.
Mulheres que realizaram em média 3,4 minutos de VILPA diariamente tiveram 45% menos probabilidade de sofrer um evento cardiovascular importante. Elas também tiveram 51% menos probabilidade de ter um ataque cardíaco e 67% menos probabilidade de desenvolver insuficiência cardíaca do que mulheres que não praticaram essa atividade intensa e rápida diariamente.
Mesmo quando o tempo de realização da atividade física intensa foi menor que 3,4 minutos, ainda assim houve um menor risco de eventos cardiovasculares. Para mulheres, um mínimo de 1,2 a 1,6 minutos de VILPA por dia foi associado a um risco 30% menor de eventos cardiovasculares totais, um risco 33% menor de ataque cardíaco e um risco 40% menor de insuficiência cardíaca.
No entanto, os homens colheram menos benefícios desse tipo de atividade física. Aqueles que fizeram uma média de 5,6 minutos diários tiveram apenas 16% menos probabilidade de sofrer um grande evento cardiovascular em comparação com os homens que não fizeram nenhuma atividade desse tipo. Um mínimo de 2,3 minutos por dia foi associado a apenas 11% de redução de risco.
O professor Emmanuel Stamatakis ressaltou que mais estudos são necessários para entender como a atividade física do tipo VILPA pode melhorar a saúde cardiovascular.
“Até o momento, não ficou claro se explosões curtas de VILPA reduzem o risco de tipos específicos de eventos cardiovasculares, como ataque cardíaco ou derrame. Nosso objetivo foi identificar limites mínimos diários e quantidades viáveis para testes em programas comunitários e ensaios futuros”, concluiu o pesquisador.
É importante ressaltar que as associações benéficas que observamos foram em mulheres que se comprometeram com explosões curtas de VILPA quase diariamente. Isso destaca a importância da formação de hábitos, o que nem sempre é fácil. [A atividade do tipo] VILPA não deve ser vista como uma solução rápida — não há soluções mágicas para a saúde. Mas nossos resultados mostram que mesmo uma atividade de intensidade um pouco mais alta pode ajudar e pode ser exatamente o que as pessoas precisam para desenvolver um hábito regular de atividade física — ou mesmo exercício
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Autores/Pesquisadores Citados
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Publicação
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Mais Informações
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