
Fonte
Julio Silva, Jornal da USP
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Resumo
Um novo aplicativo usa apenas o acelerômetro de um smartphone e um protocolo de análise para avaliar a estabilidade corporal dinâmica de idosos em movimento, o que é importante para desenvolver estratégias para a prevenção de quedas.
Com uma análise inicial estática seguida por uma análise dinâmica realizada durante a execução de movimentos pré-definidos – com tempos de execução controlados por um metrônomo – o software consegue avaliar o comportamento corporal e o equilíbrio das pessoas de forma simples, rápida e acessível.
Uma das estratégias mais promissoras para prevenir quedas e melhorar a qualidade de vida de idosos é o fortalecimento do equilíbrio dinâmico, ou seja, da capacidade de manter a estabilidade corporal mesmo quando em movimento.
Para ajudar no monitoramento do equilíbrio dinâmico de idosos, pesquisadores do Laboratório de Sistemas Motores Humanos da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP) desenvolveram o Equidyn, um aplicativo que usa o acelerômetro de smartphones para avaliar o equilíbrio das pessoas de forma simples, rápida e acessível.
O projeto foi realizado em parceria com o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), responsável pelo desenvolvimento técnico do aplicativo sob encomenda da equipe da EEFE-USP. A proposta era criar um protocolo padronizado de avaliação de equilíbrio corporal que pudesse ser inteiramente executado com o auxílio de um celular, reduzindo a necessidade de equipamentos caros ou procedimentos complexos.
De acordo com o Dr. Luís Augusto Teixeira, professor da EEFE-USP e um dos responsáveis pela ferramenta, há a necessidade de um examinador para colocar o dispositivo na pessoa avaliada e dar instruções básicas, mas, a partir daí, o aplicativo orienta o indivíduo e realiza praticamente todo o restante do processo.
Talvez no exterior exista algo semelhante, mas não com essa proposta de um protocolo completo para equilíbrio estático e dinâmico
Com o smartphone vinculado a uma cinta elástica e localizado na região central das costas, o app realiza um primeiro teste estático – registrando a oscilação do tronco enquanto a pessoa se equilibra em uma perna por 30 segundos.
Depois, o protocolo avança para testes dinâmicos. O participante realiza movimentos de balanço da perna para frente e para trás, depois para os lados, e por fim executa a tarefa de sentar e levantar. Todos os movimentos são orientados por sinais sonoros emitidos pelo próprio app, que padroniza o ritmo com um metrônomo e ajuda a garantir uniformidade nos dados.
Segundo o pesquisador, essa uniformização torna o Equidyn especialmente interessante para aplicação clínica e estudos comparativos. Diferentemente de outras abordagens que avaliam o equilíbrio de forma indireta – por exemplo, pedindo que a pessoa mova a perna o mais longe possível, o que também envolve força e flexibilidade –, o aplicativo mede diretamente a aceleração do tronco durante os testes, o que oferece uma medida mais precisa da estabilidade corporal.
Embora existam aplicativos que registram aceleração, o professor Luís Teixeira destacou que o diferencial do Equidyn é o protocolo validado e testado especificamente para avaliar o equilíbrio em diferentes contextos.
O professor destacou que os testes realizados com o Equidyn foram aplicados em mais de 50 idosos, com bons resultados. Todos conseguiram seguir as instruções, manter o ritmo e completar os movimentos com sucesso. Os dados colhidos mostraram variações esperadas nas acelerações do tronco conforme o tipo de movimento, o que reforça a confiabilidade da ferramenta.
Por outro lado, há limitações de uso. Pessoas com dificuldades severas de equilíbrio – como idosos muito fragilizados ou indivíduos com distúrbios neurológicos – podem não conseguir realizar as tarefas propostas. Por isso, o Equidyn foi pensado para avaliar indivíduos que consigam ao menos se manter equilibrados por cerca de 30 segundos em uma perna só. Ele ressalta que, apesar dos testes terem sido realizados na população da terceira idade, a ferramenta funciona para pessoas em qualquer faixa etária, inclusive jovens.
Atualmente, os pesquisadores ainda trabalham em uma versão otimizada do aplicativo. A expectativa é tornar o teste ainda mais rápido e viabilizar o uso em ambientes clínicos.
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