Notícia com publicação científica
Compostos bioativos de extratos de café amazônico podem ser aliados na luta contra o câncer de próstata
Pesquisa identifica compostos do grão de café com potencial para reduzir células tumorais

Renata Silva, Embrapa Rondônia

Produção cafeeira do Robusta Amazônica

17 de novembro de 2025, 15:31

Atualizada em

18 de novembro de 2025, 09:09

Fonte

Letícia Souza, Divisão de Assessoria de Imprensa da UFF

Publicação Original

Universidade Federal Fluminense

Áreas

Bioquímica, Biotecnologia Alimentar, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Desenvolvimento de Fármacos, Engenharia de Alimentos, Farmácia Oncológica, Indústria Farmacêutica, Medicina, Nutrição Clínica, Nutrição Funcional, Oncologia, Produtos Naturais, Toxicologia, Urologia

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Resumo

A partir de extratos do café Robusta Amazônico, pesquisadores desenvolveram métodos de preparo de compostos bioativos com a capacidade de bloquear a progressão do ciclo celular das moléculas tumorais no câncer de próstata.

Os testes em laboratório com duas linhagens de câncer de próstata – derivadas de metástase óssea e metástase cerebral – demonstraram que os extratos de café foram eficientes para diminuir as células tumorais viáveis, ou seja, reduzir a viabilidade e reprodução das células tumorais do câncer.

Foco do Estudo

Desenvolver processos que pudessem viabilizar o uso de extratos de café no combate ao câncer de próstata e testá-los em laboratório.

Estudo

Pesquisadores mostraram que o café pode ajudar a combater as células tumorais do câncer de próstata graças aos seus compostos bioativos.

A pesquisa, iniciada em 2023, tem apontado que os extratos do café, quando preparados de maneiras específicas, podem ser eficazes para o combate da doença que, no triênio de 2023 a 2025, atingiu mais de 70 mil homens no Brasil.

O projeto de pesquisa foi idealizado e coordenado pela Dra. Carolyne Pimentel Rosado, pesquisadora de pós-doutorado do  Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Pesquisadores do Centro Integrado de Análises em Alimentos e Nutrição (CIAN) da Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com a Unirio, Embrapa Rondônia e o Instituto Nacional de Câncer (INCA), participaram dos testes com o alimento.  Luciana de Oliveira Silva, doutoranda na Unirio e primeira autora do estudo, foi a responsável pela execução das análises das bebidas em células de câncer de próstata, e estes resultados constituem parte fundamental de sua tese de doutorado, com defesa prevista para o próximo ano.

A avaliação dos efeitos funcionais do café sob diferentes formas de extração foi o ponto central da pesquisa. As respostas das linhagens de câncer de próstata, ou seja, as reações das células tumorais, foram analisadas por meio das ações antioxidantes, citotóxicas e os compostos bioativos, como a cafeína, compostos fenólicos e ácidos clorogênicos.

Para isso, os pesquisadores escolheram o café Robusta Amazônico, da espécie canéfora, com indicação geográfica das ‘Matas de Rondônia’, designado para o projeto por questões sociais, econômicas e regionais.

O estudo foi publicado na Revista de Gestão Social e Ambiental.

O café amazônico é mais do que uma bebida — é um patrimônio biotecnológico. Estudar seus compostos bioativos é também uma forma de valorizar a biodiversidade e gerar soluções em saúde e desenvolvimento regional

Dr. Anderson Junger Teodoro, professor da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor sênior do estudo

Resultados

Os pesquisadores examinaram duas linhagens de câncer de próstata, derivadas de metástase óssea e metástase cerebral. Para os testes in vitro, foram selecionadas as amostras de café com melhor desempenho em ensaios antioxidantes.

Então, os pesquisadores mediram a ação dos compostos de café relacionando os efeitos da bebida contra os radicais livres, que podem ser gerados em condições fisiológicas do corpo, explicou Fernanda dos Santos Ferreira, mestranda da Faculdade de Farmácia da UFF e coautora do estudo.

A atividade citotóxica indicou a eficácia da substância em eliminar células cancerígenas sem afetar as células saudáveis. “O que queremos ver nos ensaios de citotoxicidade é o quanto nossa matriz é tóxica para a linhagem de estudo específica. As células de câncer se proliferam com grande magnitude, mas conseguimos determinar que as substâncias do café são capazes de reduzir essas células viáveis e interromper o crescimento delas”, explicou Fernanda Ferreira.

Em 24 horas de crescimento das células, elas entram em contato com os substratos de café, “um extrato aquoso preparado com o pó liofilizado e água em diferentes concentrações”, para verificar como doses distintas de café se comportam em combate às células tumorais.

Após os testes, que duraram entre 24 e 48 horas, a equipe foi capaz de mensurar a concentração de café mais eficaz para combater o câncer. “O tempo também foi uma variável importante. Por exemplo, notamos que as 48 horas de contato entre a solução e as células obtiveram resultados mais significativos do que apenas 24 horas. Nas linhagens com metástase óssea, foram necessárias dosagens maiores de extratos de café para atingir os mesmos resultados de dosagens menores na metástase cerebral”, destacou a mestranda.

Os testes laboratoriais demonstraram que os extratos de café foram eficientes para diminuir as células tumorais viáveis, ou seja, reduzir a viabilidade e reprodução das células tumorais do câncer. “As células viáveis se proliferam o tempo todo e, quando entraram em contato com a matéria estressora, ou seja, nossa amostra, elas entraram em um processo de diminuição de viabilidade e de morte celular. É exatamente isso que queremos para uma célula de câncer”, explicou Fernanda Ferreira. As células tumorais foram induzidas à apoptose, a morte celular programada.

Os pesquisadores observaram que o extrato de café bloqueou a progressão do ciclo celular das moléculas tumorais: “A depender do método e da torra, tivemos bloqueios em fases diferentes do ciclo celular. Mas, no geral, observamos que as amostras de café foram capazes de bloquear a progressão dessas células em alguma fase do ciclo e fazer com que elas não entrem em um processo indefinido de proliferação”, concluiu Fernanda Ferreira.

Do ponto de vista científico, o trabalho gera novos conhecimentos sobre ingredientes e processos inovadores, promovendo a valorização de recursos nacionais e estimulando a produção científica de impacto internacional. Sob a ótica social, a pesquisa colabora para a formação de profissionais críticos e comprometidos com a transformação da realidade, além de oferecer subsídios para políticas públicas e práticas alimentares mais saudáveis, acessíveis e sustentáveis. No âmbito econômico, a valorização de bioprodutos abre caminhos para a inovação e o empreendedorismo, favorecendo cadeias produtivas locais e o fortalecimento da bioeconomia brasileira

Dr. Anderson Junger Teodoro, professor da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor sênior do estudo

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Autores/Pesquisadores Citados

Dr. Anderson Junger Teodoro

Professor do Departamento de Nutrição da Universidade Federal Fluminense (UFF)

Dra. Carolyne Pimentel Rosado

Pesquisadora de pós-doutorado do Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

Luciana de Oliveira Silva

Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Alimentos e Nutrição (PPGAN) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

Fernanda dos Santos Ferreira

Mestranda da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF)

Publicação

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a revista científica Revista de Gestão Social e Ambiental (em inglês).

Mais Informações

Acesse a notícia original completa na página da Universidade Federal Fluminense.

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