
Divulgação, TU Delft
Secção de tecido cerebral humano fixado em formalina e incluído em parafina (FFPE) do atlas BigBrain: técnica ComSLI permite visualizar os trajetos das fibras nervosas com resolução micrométrica, inclusive em regiões com fibras densamente compactadas
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Elianna Kraan, TU Delft
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Resumo
Uma nova técnica consegue mostrar, em detalhes micrométricos, a rede de fibras nervosas em qualquer corte fino de tecido cerebral, inclusive em fatias de cérebro tratadas com parafina.
A nova ferramenta, simples e econômica, requer apenas uma luz LED e uma câmera de alta resolução.
Os cientistas destacaram que a técnica excede os limites do tecido cerebral, podendo até mesmo aprimorar o diagnóstico de câncer, através do estudo da organização das fibras de colágeno nos limites do tumor.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Conhecer em detalhes a rede de neurônios do cérebro poderia ajudar na compreensão de muitas doenças cerebrais, como Alzheimer ou Parkinson.
Para analisar a anatomia detalhada do cérebro ao microscópio, o tecido é frequentemente incluído em parafina e cortado em fatias ultrafinas. Essas seções, chamadas de seções fixadas em formalina e incluídas em parafina (FFPE), são o padrão ouro para o estudo de tecidos saudáveis ou com doenças.
No entanto, as técnicas de microscopia atuais não conseguem mapear com precisão grandes redes de fibras nervosas nessas seções FFPE.
Estudo
Nos últimos anos, a Dra. Miriam Menzel, professora da Universidade Técnica de Delft (TU Delft), nos Países Baixos, desenvolveu uma técnica inédita chamada Imagem Computacional de Luz Espalhada (ComSLI) para desvendar redes de fibras nervosas em tecidos.
Recentemente, a invenção se revelou a primeira técnica capaz de mapear fibras nervosas densas em seções fixadas em formalina e incluídas em parafina (FFPE) com precisão micrométrica e em grandes áreas.
Juntamente com colegas cientistas da TU Delft; da Universidade Stanford, nos EUA; do Centro de Pesquisa Jülich, na Alemanha; e do Centro Médico da Universidade Erasmus (Erasmus MC), nos Países Baixos, a Dra. Miriam Menzel demonstrou que a técnica ComSLI revela a rede de fibras nervosas em qualquer corte fino de tecido, inclusive em fatias de cérebro tratadas com parafina.
A técnica ComSLI requer apenas uma luz LED e uma câmera de alta resolução, tornando-se uma ferramenta simples e econômica. “Outros laboratórios de pesquisa ou clínicos podem facilmente implementar nossa técnica, inclusive como um complemento para microscópios já existentes”, afirmou a professora Miriam Menzel.
O Dr. Marios Georgiadis, instrutor na área de Neuroimagem do Departamento de Radiologia da Escola de Medicina da Universidade Stanford, é o primeiro autor do estudo, publicado na revista científica Nature Communications.
Nossa técnica funciona em todos os cortes comumente usados para análise microscópica: novos ou centenários, não corados ou corados, congelados ou fixados, em diferentes etapas de preparação da amostra. Ela pode ser aplicada retrospectivamente a qualquer corte arquivado, dos quais milhares estão disponíveis em laboratórios do mundo todo
Resultados
No BigBrain, um atlas do cérebro humano baseado em milhares de cortes FFPE com corpos celulares corados, a anatomia do cérebro pode ser observada em 3D e qualquer parte do cérebro pode ser ampliada para fornecer detalhes microscópicos. Os pesquisadores mediram os tecidos originais do atlas com a técnica ComSLI e conseguiram visualizar a intrincada rede de fibras nervosas, além dos corpos celulares – algo que não era possível antes.
Os pesquisadores conseguiram mapear corretamente as vias de fibras não apenas em tecidos saudáveis, mas também em amostras de cérebro neurodegeneradas com esclerose múltipla, doença de Alzheimer e leucoencefalopatia. Isso torna o ComSLI ideal para o estudo de distúrbios neurológicos e psiquiátricos.
Mas a técnica ComSLI não se restringe à pesquisa cerebral. A Dra. Miriam Menzel explicou: “Descobrimos que a técnica também torna visíveis outras estruturas fibrosas, como fibras musculares ou de colágeno. E pode ser aplicada a cortes congelados, o que permite a avaliação do tecido durante cirurgias”.
Dessa forma, a técnica pode até mesmo aprimorar o diagnóstico de câncer, estudando a organização das fibras de colágeno nos limites do tumor.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Nature Communications (em inglês).
Mais Informações
Acesse o atlas BigBrain (em inglês).
Acesse a notícia original completa na página da Universidade Técnica de Delft (em inglês).
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