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Fonte
Ben Schamisso, Universidade Northwestern
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Resumo
Cientistas avançaram na compreensão sobre a resistência dos tumores de pâncreas à proteção do sistema imunológico: as células tumorais usam um açúcar para ‘despistar’ as células de defesa, enviando um sinal ‘que está tudo bem’.
Além de identificar esse mecanismo usado pelas células tumorais, os pesquisadores também identificaram um anticorpo que consegue desligá-lo, ao menos em testes em animais: os tumores nos camundongos tratados com a nova terapia de anticorpos monoclonais cresceram significativamente mais lentamente do que nos animais controles não tratados.
Com novos estudos e testes, os pesquisadores estimam que dentro de cinco anos a terapia poderá estar disponível para pacientes.
Foco do Estudo
Estudo
Uma equipe de pesquisa liderada por cientistas da Escola de Medicina da Universidade Northwestern, nos EUA, descobriu uma nova explicação para a resistência do câncer de pâncreas: os tumores pancreáticos usam um ‘disfarce’ à base de açúcar para se esconderem do sistema imunológico. Os cientistas também criaram uma terapia com anticorpos que bloqueia o sinal que evita o ataque do sistema imunológico, mediado pelo açúcar.
Pela primeira vez, os pesquisadores identificaram como esse mecanismo que envolve o açúcar funciona e mostraram que bloqueá-lo com um tipo de anticorpo monoclonal reativa as células imunológicas para que possam atacar as células cancerígenas em modelos pré-clínicos em camundongos.
O estudo foi publicado na revista científica Cancer Research.
Dentro dos tumores pancreáticos, a resposta do sistema imunológico é excepcionalmente suprimida. “Nossa intenção era descobrir o porquê e se poderíamos reverter esse ambiente, para que as células imunológicas atacassem as células tumorais em vez de ignorá-las ou até mesmo ajudá-las”, disse o Dr. Mohamed Abdel Mohsen, professor da Escola de Medicina da Universidade Northwestern e autor sênior do estudo.
O laboratório do professor Mohamed Abdel Mohsen na Universidade Northwestern concentra seus esforços de pesquisa na área da glicoimunologia, que estuda como os açúcares regulam o sistema imunológico.
Também participaram do estudo pesquisadores do The Wistar Institute, da Universidade Johns Hopkins e do MD Anderson Cancer Center, nos EUA, e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada (AIST), no Japão.
Nossa equipe levou cerca de seis anos para descobrir esse novo mecanismo, desenvolver os anticorpos certos e testá-los. Ver isso funcionar foi uma grande conquista
Resultados
A equipe de pesquisa descobriu que os tumores pancreáticos sequestram um sistema de segurança natural usado por células saudáveis. Em condições normais, as células saudáveis expressam um açúcar chamado ‘ácido siálico’ em sua superfície para sinalizar ao sistema imunológico: “não me ataque”.
Os cientistas descobriram que os tumores pancreáticos exploram esse sistema carregando o mesmo tipo de açúcar em uma proteína de superfície chamada integrina α3β1. Essa camada de açúcar permite que a proteína se ligue a um sensor nas células imunológicas chamado Siglec-10, enviando um sinal falso de ‘desativação’.
“Em resumo, o tumor se reveste de açúcar – uma clássica manobra de ‘lobo em pele de cordeiro’ – para escapar da vigilância imunológica”, explicou o professor Abdel Mohsen.
Assim que descobriram esse novo mecanismo, os cientistas desenvolveram anticorpos monoclonais que o bloqueavam. Quando usaram esses anticorpos em laboratório e em dois modelos animais, as células imunológicas despertaram e começaram a fagocitar as células cancerígenas. Os tumores nos camundongos tratados cresceram significativamente mais lentamente do que nos controles não tratados.
Agora, os pesquisadores estão aprimorando o anticorpo para uso em humanos e avançando para os estudos iniciais de segurança e dosagem. Paralelamente, estão testando-o em combinação com quimioterapia e imunoterapia e desenvolvendo um teste complementar para identificar quais tumores de pacientes dependem dessa via metabólica baseada em açúcar, para que os médicos possam direcionar a terapia adequada para cada paciente.
O Dr. Mohamed Abdel Mohsen estima que, se o progresso continuar conforme o planejado, essa terapia poderá estar disponível aos pacientes dentro de cinco anos.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica Cancer Research (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade Northwestern (em inglês).
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