
Dra. Camila Yamashita
Donut desenvolvido por bioimpressão 3D
Fonte
Malena Stariolo, Jornal da UNESP
Publicação Original
Áreas
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Resumo
Pesquisadores combinaram o conceito de impressão 3D de alimentos com a produção de alimentos híbridos – que usam ingredientes de origem animal e vegetal – e a criação de biotintas a partir do cultivo de células in vitro para dar um passo inovador na gastronomia personalizada.
Usando uma base de células vegetais de microalgas Chlamydomonas e Chlorella e uma base de células animais de músculo de frango, os pesquisadores conseguiram imprimir fios de macarrão, uma coxa de frango e um donut, com características específicas.
Essa possibilidade de customização é especialmente interessante para pessoas com necessidades de nutrientes especiais ou mesmo pessoas que enfrentam problemas como dificuldade de engolir.
Foco do Estudo
Estudo
Desde meados de 2010, pesquisadores e profissionais da gastronomia experimentam as possibilidades das impressoras 3D na produção de alimentos.
Neste cenário, um estudo publicado recentemente na revista científica Nature Communications combinou técnicas de impressão 3D com a ideia de agricultura celular, um campo que estuda a produção de carnes e outros produtos agrícolas a partir do cultivo de células, o que permite a produção de alimentos de origem animal sem a necessidade de criação e abate de animais.
O estudo envolveu pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Harvard, da Universidade de Tecnologia e Design de Singapura e também a Dra. Camila Yamashita, à época da pesquisa doutoranda na Faculdade de Ciências e Letras da UNESP em Assis e atualmente pesquisadora na empresa 3D Biotechnology Solutions (3DBS).
A pesquisa combinou várias iniciativas que vêm sendo estudadas de forma independente: a impressão 3D de alimentos; a produção de alimentos híbridos, que combinam ingredientes de origem animal e vegetal; e a criação de biotintas a partir do cultivo de células in vitro.
A junção de todas essas frentes possibilitou um novo campo dentro da gastronomia, no qual o alimento pode ser produzido de forma completamente customizável e, além disso, sem depender de campos de cultivo ou criação.
A pesquisadora vislumbra um futuro no qual será possível, a partir da identificação das necessidades de suplementação de vitaminas e nutrientes de uma pessoa, produzir e imprimir alimentos com essas características. Para que esse futuro seja possível, um primeiro passo é o desenvolvimento de biotintas, que são feitas a partir de géis de polímeros e células animais ou vegetais, para serem utilizadas nas bioimpressoras.
É nesse momento que a composição do alimento pode ser definida. A biotinta consiste em um gel preparado em laboratório, a partir da combinação de células vivas, nutrientes, vitaminas e gelificantes, que podem ser dosados para atingir diferentes resultados: um gel com maior valor proteico, com mais vitamina B12 ou com menor teor de gorduras.
Imprimir um alimento utilizando como base um material comestível já é algo conhecido. O que nós queríamos era conseguir produzir o alimento do zero, a partir do cultivo celular
Resultados
No estudo, o grupo desenvolveu duas biotintas que foram combinadas no momento da impressão: uma à base de células vegetais, com o uso das microalgas Chlamydomonas e Chlorella; e outra com células de músculo de frango. Para isso, outro objetivo foi conseguir cultivar as células de frango em laboratório, eliminando a necessidade de abate dos animais.
Com a biotinta, foi então realizada a impressão 3D, de maneira semelhante à impressão 3D tradicional. O design do formato do alimento é feito a partir de um modelo 3D no computador. A seguir, as ampolas contendo as biotintas são posicionadas na impressora, que inicia o processo de impressão por meio de uma sequência de camadas alinhadas.
A grande diferença entre a bioimpressão dos alimentos e a impressão 3D convencional é que o cabeçote da impressora foi adaptado para que fosse possível inserir as duas ampolas de biotinta, permitindo que a impressão fosse feita simultaneamente com as duas bases.
O principal teste realizado foi a impressão de fios de macarrão. Mas, com o sucesso das biotintas, os pesquisadores também testaram formatos mais desafiadores, incluindo uma coxa de frango e um donut.
A Dra. Camila Yamashita destacou que o foco do estudo estava nos testes mecânicos, buscando avaliar se as biotintas conseguiam preservar a estrutura dos alimentos e se seria possível personalizar ou alterar a textura final. Os resultados foram considerados satisfatórios.
Essa possibilidade de customização é especialmente interessante para pessoas que enfrentam problemas de saúde, como a disfagia – que é a dificuldade de engolir. “Na impressão 3D, conseguimos manipular a textura do que estamos imprimindo. Isso pode criar opções de alimentos nutritivos e atraentes para pessoas idosas ou com dificuldade de engolir”, concluiu a Dra. Camila Yamashita.
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Nature Communications (em inglês).
Mais Informações
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