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Universidade de Waterloo
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Resumo
No Canadá, pesquisadores estão trabalhando para identificar sinais precoces de alterações na saúde mental de crianças com doença física crônica a partir da análises de biomarcadores de fácil acesso – como o cortisol presente nos fios de cabelo – para acessar estados de estresse prolongado.
Para isso, foi realizado um estudo prospectivo a partir da evolução de 244 crianças com idades entre 2 e 16 anos com algum tipo de doença física crônica, que foram acompanhadas por um período de 4 anos.
Os resultados indicaram que mais de dois terços das crianças participantes do estudo apresentavam níveis persistentemente altos de cortisol, estando mais propensas a apresentar sintomas de depressão, ansiedade ou outros problemas de saúde mental.
O uso do cortisol como biomarcador – com acesso não invasivo e fácil de coletar – pode ser um sinal de alerta precoce que pode ajudar a identificar crianças que podem estar em maior risco de problemas com a saúde mental.
Foco do Estudo
Por que é importante?
As crianças que vivem com algum tipo de doença física crônica enfrentam um risco muito maior de desenvolver problemas de saúde mental em comparação com crianças saudáveis, o que as coloca em maior risco de má qualidade de vida, pensamentos suicidas e maior dependência de serviços de saúde.
“Viver com uma doença crônica significa enfrentar desafios diários, como tomar medicamentos, faltar à escola e ajustar atividades. Tudo isso pode ter um impacto emocional significativo”, disse Emma Littler, doutoranda em Ciências da Saúde Pública na Universidade de Waterloo, no Canadá.
Estudo
Pesquisadores da Universidade de Waterloo e da Universidade McMaster, no Canadá, mostraram que os níveis de estresse em longo prazo, que podem ser acessados por meio de amostras de cabelo, podem fornecer pistas importantes sobre os riscos à saúde mental em crianças com doença física crônica (DFC).
A pesquisa destacou como o cortisol capilar elevado atua como um poderoso sinal de alerta precoce que pode ajudar a identificar crianças que vivem com DFC e que podem estar em maior risco de problemas de saúde mental, ajudando a orientar estratégias de prevenção e tratamento para melhor apoiar sua saúde e bem-estar.
O estudo acompanhou 244 crianças canadenses inscritas em um estudo prospectivo que envolveu crianças de 2 a 16 anos com DFC recrutadas em clínicas ambulatoriais de um hospital pediátrico canadense e acompanhadas por 48 meses. O estresse foi acessado através do cortisol capilar – um biomarcador que reflete os níveis de estresse ao longo do tempo.
O estudo foi publicado recentemente na revista científica Stress and Health.
Nossas descobertas sugerem que o estresse cronicamente alto, medido por meio de amostras de cabelo, pode ajudar a identificar crianças com doença física crônica com maior risco de desenvolver problemas de saúde mental. Isso abre caminho para um apoio mais precoce e direcionado
Resultados
Os pesquisadores descobriram que mais de dois terços das crianças participantes do estudo apresentavam níveis persistentemente altos de cortisol. Essas crianças se mostraram mais propensas a apresentar sintomas de depressão, ansiedade ou outros problemas de saúde mental em comparação com seus pares cujos níveis de cortisol diminuíram ao longo do tempo.
Quando os pesquisadores compararam esses padrões com relatos de dificuldades emocionais e comportamentais, descobriram que crianças cujos níveis de cortisol diminuíram ao longo do tempo apresentaram menos sintomas de ansiedade, depressão e problemas de comportamento do que aquelas cujos níveis de cortisol permaneceram altos.
“Identificar esses fatores de risco precocemente pode ajudar médicos e familiares a intervir antes que as dificuldades emocionais e comportamentais se instalem”, disse o Dr. Mark Ferro, professor da Escola de Ciências da Saúde Pública da Universidade de Waterloo e coautor do estudo.
O professor Mark Ferro também liderou outro estudo recente, publicado na revista científica Brain and Behaviour, mostrando que biomarcadores encontrados no sangue de crianças com doença física crônica podem ajudar a prever futuros desafios de saúde mental.
Neste novo estudo, os pesquisadores descobriram que alguns sinais sanguíneos estavam associados à piora da saúde mental em crianças com DFC ao longo do tempo, enquanto outros estavam associados a melhorias.
Os resultados reforçam que exames de sangue de rotina, combinados com check-ups de saúde mental, podem ajudar os médicos a identificar crianças que podem precisar de apoio extra mais precocemente.
O cortisol capilar oferece um biomarcador não invasivo e fácil de coletar que poderá um dia ser usado para rastrear crianças e monitorar se tratamentos ou programas de apoio estão ajudando a reduzir o estresse
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Stress and Health (em inglês).
Mais Informações
Acesse também o artigo publicado na revista científica Brain and Behaviour (em inglês).
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Waterloo (em inglês).
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