
Fonte
Escola de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia
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Resumo
Um estudo clínico de fase II com quatro coortes paralelas analisou a eficácia e a segurança de diferentes tratamentos para pacientes com câncer de bexiga não músculo invasivo de alto risco, incluindo o sistema de infusão lenta de medicamentos chamado TAR-200, que administra o fármaco gemcitabina diretamente na bexiga.
Todos os participantes do estudo clínico já haviam sido tratados com medicamento imunoterápico antes, mas o câncer havia retornado.
Da coorte com 85 pacientes que receberam monoterapia com o sistema TAR-200, em 70 pacientes o câncer desapareceu e, em quase metade deles, ainda não havia sinais do câncer após um ano. O tratamento foi bem tolerado, com efeitos colaterais mínimos.
Os pesquisadores destacaram a importância da liberação lenta e sustentada do medicamento (a cada três semanas durante seis meses e, em seguida, quatro vezes por ano durante os dois anos seguintes) diretamente no local do câncer, como um fator importante para o sucesso do tratamento.
Foco do Estudo
Por que é importante?
O câncer de bexiga não músculo invasivo é a forma mais comum de câncer de bexiga.
A doença é considerada de alto risco quando, dependendo do tipo e da localização dos tumores, o câncer apresenta maior chance de recorrência e/ou disseminação para os músculos da bexiga ou outras partes do corpo.
Estudo
Em um avanço contra o câncer de bexiga, um novo sistema de liberação de fármacos – chamado TAR-200 – eliminou tumores em 82% dos pacientes em um estudo clínico de fase II com pacientes com câncer de bexiga não músculo invasivo de alto risco, cujo câncer havia resistido aos tratamentos anteriores.
Na maioria dos casos, o câncer desapareceu após apenas três meses de tratamento, e quase metade dos pacientes estava livre do câncer um ano depois.
“Os resultados do estudo clínico representam um avanço na forma como certos tipos de câncer de bexiga podem ser tratados, levando a melhores resultados e salvando vidas”, disse o Dr. Siamak Daneshmand, professor de Oncologia Urológica da Escola de Medicina da Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos EUA, e primeiro autor do artigo que detalhou os resultados do estudo clínico, publicado na revista científica Journal of Clinical Oncology.
O sistema TAR-200 é constituído por um dispositivo em miniatura que contém um medicamento quimioterápico, a gemcitabina, que é inserido na bexiga por meio de um cateter. Uma vez dentro da bexiga, o TAR-200 libera a gemcitabina de forma lenta e consistente no órgão durante três semanas por ciclo de tratamento.
Os pacientes com câncer de bexiga não músculo invasivo de alto risco que participaram do estudo clínico – chamado SunRISe -1 – já haviam sido tratados com o medicamento imunoterápico Bacillus Calmette-Guérin (BCG), mas o câncer havia retornado.
“O plano de tratamento padrão para esses pacientes era a cirurgia para remover a bexiga e os tecidos e órgãos circundantes, o que apresenta muitos riscos à saúde e pode impactar negativamente a qualidade de vida dos pacientes”, disse o professor Siamak Daneshmand.
No estudo de coortes paralelas de fase II, 53 pacientes receberam o sistema TAR-200 mais cetrelimabe (Coorte 1), 85 pacientes com ou sem doença papilar receberam monoterapia com o sistema TAR-200 (Coorte 2), 28 pacientes receberam monoterapia com cetrelimabe (Coorte 3) e 52 pacientes com doença papilar receberam monoterapia com TAR-200 (Coorte 4).
Tradicionalmente, esses pacientes tinham opções de tratamento muito limitadas. Esta nova terapia é a mais eficaz relatada até o momento para a forma mais comum de câncer de bexiga
Resultados
Tradicionalmente, a gemcitabina é administrada na bexiga como uma solução líquida que permanece na bexiga por apenas algumas horas, o que tem efeito limitado na destruição do câncer, disse o Dr. Siamak Daneshmand.
“A teoria por trás deste estudo era que quanto mais tempo o medicamento permanecesse dentro da bexiga, mais profundamente ele penetraria na bexiga e mais câncer destruiria. E parece que ter a quimioterapia liberada lentamente ao longo de semanas, em vez de em apenas algumas horas, é uma abordagem muito mais eficaz”, explicou o pesquisador.
Para oferecer aos pacientes uma opção melhor, oncologistas urológicos trataram pacientes com o sistema TAR-200 (Coorte 2) a cada três semanas durante seis meses e, em seguida, quatro vezes por ano durante os dois anos seguintes. Em 70 dos 85 pacientes, o câncer desapareceu e, em quase metade deles, ainda não havia sinais do câncer após um ano. O tratamento foi bem tolerado, com efeitos colaterais mínimos.
O estudo também mostrou que a aplicação do sistema TAR-200 em conjunto com o medicamento de imunoterapia cetrelimabe (Coorte 1) não se mostrou tão eficaz quanto o TAR-200 isoladamente e apresentou mais efeitos colaterais.
Este estudo clínico é um dos vários em andamento que investigam o efeito do sistema TAR-200 e a liberação lenta de medicamentos para combater o câncer na bexiga.
Observação: O Dr. Siamak Daneshmand recebeu bolsas/financiamento para pesquisa e reembolso de viagens da Johnson & Johnson – que produz o sistema TAR-200 – além de pagamentos de consultoria da Johnson & Johnson Innovative Medicine (antiga Janssen Pharmaceuticals).
Nossa missão é administrar medicamentos que combatem o câncer na bexiga, proporcionando remissão duradoura do câncer, e parece que estamos bem encaminhados para atingir esse objetivo
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Journal of Clinical Oncology (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade do Sul da Califórnia (em inglês).
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