
Fonte
Universidade de Sevilha
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Resumo
A partir de dados de pacientes em estágios iniciais da doença, coletados anteriormente na coorte internacional Parkinson’s Progression Markers Initiative (PPMI), pesquisadores desenvolveram um estudo longitudinal que acompanhou 120 pacientes ao longo de quatro anos, onde puderam observar as alterações cerebrais dos pacientes ao longo do tempo.
Os pesquisadores usaram o questionário da Escala de Atividade Física para Idosos (PASE) para quantificar as atividades físicas desenvolvidas no dia a dia e contaram com exames de ressonância magnética de alta resolução para acessar a espessura do córtex cerebral e o volume de estruturas profundas, como o hipocampo e a amígdala, principais áreas-alvo da neurodegeneração na doença de Parkinson.
Os resultados mostraram que o efeito neuroprotetor da atividade física sobre essas regiões mediou muitos dos benefícios observados no desempenho cognitivo.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A doença de Parkinson afeta mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo e é a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente, atrás apenas do Alzheimer.
Até o momento, as estratégias terapêuticas se concentravam principalmente em tratamentos paliativos, visando aliviar os sintomas motores. No entanto, nos últimos anos, a atividade física surgiu como uma intervenção promissora, com potencial não apenas para melhorar a função motora, mas também para influenciar a progressão da doença.
Diversos estudos demonstraram que a prática regular de atividade física não apenas atenua os sintomas motores, mas também pode retardar ou reduzir a progressão de outros sintomas associados à doença de Parkinson, como o declínio cognitivo.
O declínio cognitivo pode surgir mesmo nos estágios iniciais da doença, é altamente prevalente e tem profundo impacto na autonomia e na qualidade de vida dos pacientes e de suas famílias.
Compreender como a prática regular de atividade física afeta o curso da doença em longo prazo é fundamental para o desenvolvimento de estratégias que contribuam para melhorar a vida de pessoas com doença de Parkinson.
Estudo
Um estudo liderado pelo Dr. Pablo Mir, professor da Universidade de Sevilha, e pelo Dr. Michel Grothe e Dra. Patricia Diaz-Galvan, pesquisadores do Instituto de Biomedicina de Sevilha (IBiS), na Espanha, trouxe novas evidências sobre como a atividade física regular pode retardar os processos neurodegenerativos que afetam a cognição na doença de Parkinson.
Colaboraram no estudo pesquisadores do Centro Espanhol de Pesquisa Biomédica em Doenças Neurodegenerativas (CIBERNED), Universidade de Sevilha, Centro de Alzheimer da Fundação Rainha Sofia (Fundação CIEN), na Espanha, e da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
As descobertas, publicadas na revista científica Neurology, abrem caminho para uma revisão das estratégias terapêuticas atuais e para a incorporação de atividades físicas diárias como uma ferramenta essencial para retardar a progressão da doença neurodegenerativa.
No estudo, os pesquisadores usaram a neuroimagem como ferramenta essencial, permitindo a observação direta das alterações cerebrais e revelando os mecanismos biológicos subjacentes aos benefícios da atividade física na doença de Parkinson.
Para compreender como a atividade física pode influenciar a progressão da doença de Parkinson, a equipe analisou dados de pacientes em estágios iniciais da doença, coletados anteriormente na coorte internacional Parkinson’s Progression Markers Initiative (PPMI). O estudo longitudinal acompanhou 120 pacientes desde o diagnóstico e ao longo de quatro anos, permitindo a observação das alterações cerebrais ao longo do tempo.
As atividades físicas foram avaliadas no contexto da vida diária dos participantes, utilizando o questionário da Escala de Atividade Física para Idosos (PASE), uma ferramenta simples e validada que permite uma captura realista da quantidade e do tipo de atividade física que as pessoas realizam no dia a dia.
Durante os quatro anos de acompanhamento, os participantes da coorte PPMI foram avaliados periodicamente quanto aos seus níveis de atividade física e foram submetidos a ressonâncias magnéticas de alta resolução, que permitem a análise da estrutura cerebral.
Essas imagens foram usadas para medir a espessura do córtex cerebral e o volume de estruturas profundas, como o hipocampo e a amígdala, principais áreas-alvo da neurodegeneração na doença de Parkinson.
Graças à análise desses dados longitudinais, pudemos observar como o exercício regular está associado a uma menor perda de tecido cerebral em regiões vulneráveis à doença de Parkinson
Resultados
O estudo mostrou que pacientes com Parkinson que mantiveram um nível mais alto de atividade física ao longo do tempo apresentaram menor perda de espessura cortical em regiões-chave do córtex temporal e parietal, bem como menor atrofia em estruturas mais profundas, como o hipocampo e amígdala.
Essas áreas cerebrais estão diretamente relacionadas a funções cognitivas fundamentais: o córtex temporoparietal está envolvido na atenção e no processamento de informações, o hipocampo é fundamental para a memória e o aprendizado, e a amígdala está envolvida na regulação emocional e na memória.
Análises estatísticas mostraram que o efeito neuroprotetor da atividade física sobre essas regiões mediou muitos dos benefícios observados no desempenho cognitivo. Os pacientes mais ativos tiveram melhor desempenho em tarefas que envolvem memória verbal, atenção sustentada e velocidade de processamento de informações.
Os pesquisadores enfatizaram a importância de integrar programas de ativiade física à prática clínica de rotina desde os estágios iniciais da doença.
Sabíamos que o exercício ajuda a melhorar os sintomas motores da doença de Parkinson, mas essas descobertas vão além: demonstram que a atividade física protege áreas do cérebro críticas para a função cognitiva e que esse efeito neuroprotetor é um fator-chave para retardar o declínio cognitivo. Isso reforça a necessidade de considerar o exercício regular como um pilar fundamental no tratamento da doença de Parkinson desde os estágios iniciais
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a revista científica Neurology (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Sevilha (em espanhol).
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