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Metástase de câncer de pulmão
Fonte
UNSW e Instituto Garvan de Pesquisa Médica
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Resumo
Na Austrália, um novo estudo considerou 742 pacientes com câncer de pulmão avançado submetidos a tratamento com imunoterapia com anti-PD1 e identificou os pacientes com as melhores respostas ao tratamento.
Nestes melhores casos, os pesquisadors realizaram uma análise genética e identificaram versões menos ativas do gene NOD2, em combinação com a ocorrência de reação do tipo autoimune causada pela imunoterapia.
E o resultado não foi limitado a pacientes com câncer de pulmão: o efeito de reforço imunológico de versões menos ativas do gene NOD2 também foi observado em 160 pessoas com diversos tipos de câncer submetidas ao tratamento anti-PD1.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A imunoterapia – um dos avanços mais significativos no tratamento do câncer nas últimas décadas – funciona recrutando o sistema imunológico do corpo para reconhecer e eliminar células cancerígenas. Mas o tratamento ainda não tem a mesma eficácia em todos os casos: enquanto para alguns o tratamento apresenta forte ativação imunológica, para outros os efeitos são mínimos.
Uma imunoterapia amplamente utilizada contra o câncer é a anti-PD1, parte de uma família de tratamentos chamados inibidores de ponto de controle. Normalmente, o câncer evita a eliminação pelo sistema imunológico, inibindo a ação das células imunológicas. Os inibidores de ponto de controle liberam esse freio, permitindo que o sistema imunológico veja e destrua as células cancerígenas.
A terapia anti-PD1 é atualmente usada contra vários tipos de câncer, incluindo câncer de pulmão, pele, sangue e câncer gastrointestinal.
Compreender mecanismos que afetam a eficácia da imunoterapia pode ter um impacto significativo para a sobrevivência e qualidade de vida de muitos pacientes com câncer em todo o mundo.
Estudo
Uma pesquisa recente revelou um novo mecanismo que pode ajudar a explicar por que alguns pacientes com câncer respondem muito bem à imunoterapia, enquanto outros não.
Pesquisadores do Instituto Garvan de Pesquisa Médica e da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), na Austrália, descobriram que versões menos ativas de um gene chamado NOD2, em combinação com radioterapia ou imunoterapia, podem ajudar a potencializar a capacidade do sistema imunológico de atacar o câncer.
As descobertas, publicadas na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), podem ajudar no desenvolvimento de tratamentos de imunoterapia mais personalizados e eficazes contra vários tipos de câncer.
Para entender por que algumas pessoas respondem bem à imunoterapia anti-PD1 e outras não, os pesquisadores estudaram um grupo de pessoas que responderam excepcionalmente bem ao tratamento.
De um grupo de 742 australianos com a forma mais comum de câncer de pulmão avançado, submetidos a tratamento com anti-PD1, a equipe identificou 40 cujo sistema imunológico respondeu muito bem, como observado pela sobrevida mais longa acompanhada de reações autoimunes.
A terapia anti-PD1 tornou-se parte do tratamento padrão para muitos tipos de câncer. Mas apenas uma minoria de pessoas experimenta um benefício realmente significativo, e não entendemos completamente o porquê
Resultados
Quando os pesquisadores analisaram os genes herdados dos participantes, descobriram que eles tinham mais que o dobro de probabilidade, em comparação com a população em geral, de apresentar versões menos ativas de um gene chamado NOD2, em combinação com uma reação do tipo autoimune causada pela imunoterapia.
“Isso sugere que o bloqueio de dois mecanismos diferentes, um governado pelo PD1 e o outro pelo NOD2, se combina para potencializar o sistema imunológico contra células cancerígenas. Esta foi uma descoberta surpreendente e aponta para a maravilha e a complexidade do sistema imunológico”, afirmou o Dr. Christopher Goodnow, professor da Escola de Ciências Biomédicas da UNSW e um dos líderes do estudo.
O efeito de reforço imunológico do NOD2 não se limitou ao câncer de pulmão. A equipe demonstrou que, em 160 pessoas com diversos tipos de câncer submetidas ao tratamento anti-PD1, aquelas que apresentavam versões menos ativas do NOD2 apresentaram melhor resposta à terapia. Além disso, o papel da via NOD2 na resposta à imunoterapia foi confirmado em modelos pré-clínicos de câncer colorretal.
“Essas descobertas são importantes porque nos ajudam a entender o papel do paciente, bem como do câncer, na resposta à imunoterapia”, afirmou a Dra. Megan Barnet, médica oncologista, pesquisadora do Instituto de Genômica Celular da UNSW e pesquisadora clínica no Instituto Garvan de Pesquisa Médica, que também coliderou o estudo.
“Versões menos ativas do gene regulador imunológico NOD2 são frequentemente encontradas em pessoas com doença de Crohn, uma condição autoinflamatória intestinal. Esta foi a primeira vez que o gene foi identificado como desempenhando um papel na resposta anticâncer à imunoterapia”, concluiu a pesquisadora.
Acreditamos que, para as pessoas submetidas à terapia anti-PD1 e que apresentam uma resposta autoimune ao tratamento, ter NOD2 menos ativo dá ao sistema imunológico um estímulo adicional para atacar e eliminar as células cancerígenas. Isso é animador, pois sugere que a ação das imunoterapias pode ser potencializada por meio de diversas vias complementares
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Universidade de Nova Gales do Sul (em inglês).
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