
Dra. Cintia Carla Niva, Embrapa Suínos e Aves
Fungos e coprólitos
Fonte
Liliane Bello, Embrapa Agrobiologia
Publicação Original
Áreas
Resumo
Cientistas da Embrapa estão liderando um grupo internacional, em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), que pretende criar um observatório global da biodiversidade do solo.
A intenção dos pesquisadores é concentrar e organizar informações em um sistema unificado e padronizado de monitoramento da biodiversidade do solo, que possa ajudar a aprimorar a formulação de políticas baseadas em evidências, facilitando ações globais.
Com avaliações mais acuradas sobre a situação desses ecossistemas em todo o mundo, o observatório pode levar à construção de mapas globais de distribuição da biodiversidade e de um banco de dados unificado, melhorando esforços de conservação ambiental.
Foco do Estudo
Estudo
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU) e outras instituições internacionais, propuseram a criação de um observatório global da biodiversidade do solo, o Glosob (Global Soil Biodiversity Observatory).
A proposta, publicada na revista científica Nature Ecology and Evolution, visa estabelecer um sistema unificado e padronizado de monitoramento da biodiversidade do solo, essencial para a vida no planeta e que abriga 59% da biodiversidade mundial, mas ainda é pouco observado e altamente vulnerável às mudanças climáticas e ao mau uso da terra.
A intenção é padronizar indicadores e aprimorar as capacidades nacionais de monitoramento da biodiversidade do solo, de modo a apoiar a formulação de políticas baseadas em evidências, facilitando avaliações globais.
O Dr. George Brown, pesquisador da Embrapa Florestas, explicou que, atualmente, há dois indicadores nas convenções internacionais que abordam os solos: um índice de agrobiodiversidade e outro de mudanças nos estoques de carbono orgânico do solo. “Eles não consideram a biodiversidade do solo nem as interações biológicas que regulam os ciclos biogeoquímicos e outras funções ecossistêmicas essenciais para a vida na terra”, declarou o cientista.
A intenção do Glosob é identificar pontos críticos de biodiversidade do solo e áreas de monitoramento chave, garantindo uma coleta de dados mais representativa e estratégica. Para isso, pretende priorizar os esforços de capacitação, de modo que todos os países, independentemente de seus recursos técnicos e financeiros, possam contribuir.
Além de pesquisadores da Embrapa (Embrapa Agrobiologia, Embrapa Florestas, Embrapa Cerrados e Embrapa Suínos e Aves) e da FAO/ONU, também participaram da proposta pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no Brasil, e da Universidade de Coimbra, em Portugal, em colaboração com pesquisadores dos Países Baixos, Canadá, Colômbia, Espanha, EUA e Itália.
Hoje, nem todos têm capacidade para monitorar os organismos do solo, e diversas análises globais revelam que muitas regiões permanecem subestimadas
Resultados
A estruturação do Glosob, segundo os cientistas, deve estar apoiada em cinco pilares: i) padronização dos métodos para medir os indicadores da biodiversidade do solo; ii) integração da biodiversidade em levantamentos convencionais do solo e sistemas nacionais de informação do solo; iii) aumento no apoio financeiro, institucional e de capacitação aos países; iv) conscientização sobre o papel e o valor dos organismos do solo e suas funções para a prestação de serviços ecossistêmicos; e v) melhora na interação sobre biodiversidade e indicadores, com informações sobre melhores práticas e modelos econômicos e estruturas políticas e legais projetadas para proteger e restaurar o ecossistema solo.
Além de padronizar os indicadores e variáveis, o monitoramento da biodiversidade do solo a partir do Glosob deve permitir análises e avaliações mais acuradas sobre a situação desses ecossistemas em todo o mundo, permitindo a construção de mapas globais de distribuição da biodiversidade e de um banco de dados unificado.
“A partir desse observatório será possível identificar melhores práticas para a conservação do solo e uso de sua biodiversidade, bem como das suas contribuições para os serviços ecossistêmicos. Além disso, poderá ser um importante incentivo ao desenvolvimento de políticas públicas que abordem a saúde do solo, também garantindo que essa permaneça uma prioridade na governança ambiental global”, destacou a Dra. Maria Elizabeth Correia, pesquisadora da Embrapa Agrobiologia e coautora do artigo.
Outro diferencial da proposta é a abordagem colaborativa, envolvendo povos indígenas e o conhecimento tradicional, formuladores de políticas públicas, produtores agrícolas e especialistas técnicos.
As iniciativas nacionais deverão ser acompanhadas por um comitê diretor de especialistas, de modo a avaliar realidades específicas de cada local. “Os esforços de capacitação, as salvaguardas legais e o alinhamento com os compromissos nacionais e internacionais aumentarão o engajamento, enquanto a colaboração contínua por meio de conselhos consultivos, plataformas digitais e gerenciamento adaptativo garantirá o sucesso a longo prazo”, escreveram os autores.
A proposta do Glosob foi aprovada em 2024, durante a 12ª reunião do Global Soil Partnership da FAO, da qual participaram mais de 900 pessoas de 143 instituições parceiras.
“Com a publicação do artigo na Nature, a divulgação será muito mais ampla, alcançando muitos atores nos âmbitos científico e político. Espera-se que isso provoque um efeito cascata de discussão sobre a importância da avaliação e do monitoramento da biodiversidade nos solos mundiais, e que os países signatários da Convenção da Biodiversidade (CBD) e participantes da reunião se organizem para colocar em prática a implementação do Glosob local e regionalmente”, concluiu o Dr. George Brown.
Nosso país se destaca entre os de clima tropical com expertise em biodiversidade do solo, e vários dos cientistas especialistas são da Embrapa
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
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