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‘Dieta ocidental’ pode causar danos permanentes aos vasos sanguíneos do pâncreas e prejudicar o controle da glicemia
19 de junho de 2025, 16:32

Fonte

Anne Hammarskjöld, Instituto Karolinska

Publicação Original

Áreas

Endocrinologia, Hematologia, Metabolismo, Nutrição Clínica, Obesidade, Patologia, Qualidade dos Alimentos

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Resumo

A chamada ‘dieta ocidental’ corresponde a um padrão alimentar caracterizado pelo alto consumo de alimentos ultraprocessados, carnes vermelhas e processadas, laticínios ricos em gordura, grãos refinados, bebidas açucaradas, álcool e sal, além de, tipicamente, ser pobre em frutas, vegetais e grãos integrais.

Recentemente, um estudo liderado por pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, mostrou que os danos provocados pela obesidade induzida pela dieta ocidental aos vasos sanguíneos das ilhotas pancreáticas podem ser duradouros e resistentes à reversão, mesmo após o retorno a uma dieta saudável.

As descobertas, publicadas na revista científica Journal of Clinical Investigation, destacaram um mecanismo até então subestimado que liga a disfunção dos vasos das ilhotas ao metabolismo prejudicado da glicose.

As ilhotas pancreáticas são responsáveis ​​pela detecção da glicose no sangue e pela liberação de hormônios, incluindo a insulina, que controlam a glicemia. Os vasos sanguíneos das ilhotas atuam para garantir a detecção ideal da glicose e a devida secreção hormonal.

Usando imagens in vivo avançadas de ilhotas pancreáticas transplantadas em camundongos, os pesquisadores monitoraram as alterações nos vasos sanguíneos das ilhotas ao longo de 48 semanas. Camundongos alimentados com uma dieta ocidental desenvolveram anormalidades progressivas nos vasos das ilhotas e perda de sensibilidade à VEGF-A, uma molécula-chave que controla a morfologia e a função dos vasos sanguíneos.

“Essa perda de sensibilidade prejudicou a regulação adequada do fluxo sanguíneo das ilhotas e a função de barreira vascular, retardando a liberação de insulina na corrente sanguínea durante os picos de glicose”, explicou o Dr. Yan Xiong, pesquisador do Departamento de Medicina e Cirurgia Molecular do Instituto Karolinska e primeiro autor do estudo.

Quando os camundongos retornaram a uma dieta controle saudável após 24 semanas, algumas anormalidades metabólicas foram revertidas; no entanto, os comprometimentos estruturais e funcionais nos vasos sanguíneos das ilhotas persistiram, o que continuou a prejudicar o metabolismo da glicose.

Estudos mecanicistas identificaram que a superativação – induzida pela dieta – da proteína quinase C atípica (aPKC) nas células endoteliais foi um fator-chave na resistência à VEGF-A. É importante ressaltar que esse defeito de sinalização persistiu mesmo após a remoção dos estressores alimentares, o que aponta para uma ‘memória metabólica’ vascular.

“Este estudo revelou que a disfunção dos vasos das ilhotas é um fator oculto, mas significativo, que contribui para a intolerância à glicose na obesidade, e que esses defeitos podem se tornar permanentes se não forem tratados precocemente”, afirmou o Dr. Per-Olof Berggren, professor do Departamento de Medicina e Cirurgia Molecular do Instituto Karolinska e autor sênior do estudo.

“Compreender a patologia dos vasos das ilhotas abre novas oportunidades terapêuticas que visem preservar a saúde vascular das ilhotas em doenças metabólicas”, concluiu o Dr. Per-Olof Berggren.

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Autores/Pesquisadores Citados

Pesquisador do Departamento de Medicina e Cirurgia Molecular do Instituto Karolinska
Professor do Departamento de Medicina e Cirurgia Molecular do Instituto Karolinska

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