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Adolescentes relatam em cartilha estratégias para aliviar o sofrimento mental

Fonte

Fernanda Bassette, Agência FAPESP

Publicação Original

Áreas

Enfermagem, Neurociências, Pediatria, Psicologia, Saúde Mental, Saúde da Criança

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Resumo

A adolescência é uma fase de intensas transformações emocionais e sociais, momento em que muitos jovens enfrentam desafios psicológicos significativos – entre eles o isolamento social e a autolesão, prática de ferir a si mesmo sem intenção suicida.

Estima-se que um em cada sete adolescentes apresente sofrimento mental e que cerca de metade desses casos tem início antes dos 14 anos. Além disso, estima-se que 14% dos adolescentes já tenham se autolesionado pelo menos uma vez na vida, utilizando esse comportamento como uma tentativa de lidar com angústias internas, como depressão, ansiedade ou traumas.

Em 2018, antes da pandemia, a psicóloga Luiza Cesar Riani Costa, então aluna da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), realizou um projeto de iniciação científica com o objetivo de compreender as questões relacionadas à autolesão não suicida entre jovens, ou seja, como adolescentes que vivenciavam essa experiência conceituavam esse fenômeno e por que isso acontecia.

Luiza Costa iniciou uma pesquisa de abordagem qualitativa, ou seja, que não pressupõe uma grande quantidade participantes, já que o objetivo era se aprofundar no entendimento do que estava acontecendo. Ao todo, foram avaliadas nove adolescentes entre 12 e 17 anos que estavam em sofrimento psíquico, tinham histórico de autolesão e buscaram espontaneamente participar do projeto.

Luiza Costa partiu da questão: ‘O que alivia a sua dor?’, e pediu que as adolescentes respondessem à pergunta por meio de fotografias feitas por elas mesmas, apresentando outras estratégias que usariam para passar por situações difíceis e que lhes causam dor, desde que não fosse a autolesão. Para isso, a pesquisa usou a metodologia Photovoice, técnica amplamente aplicada em contextos de vulnerabilidade, na qual imagens são usadas como forma de expressão para abordar temas delicados.

Ao analisar as fotografias produzidas pelas adolescentes, foi possível identificar elementos comuns entre elas, apesar das particularidades individuais: o foco na natureza, a importância das relações afetivas, a presença da família, o carinho pelos animais, a música, os filmes e outras formas de expressão artística. “Encontramos muitas semelhanças e similaridades entre as imagens e, por isso, concluímos que isso também poderia fazer sentido para outros adolescentes”, contou a Dra. Diene Monique Carlos, orientadora da pesquisa na época e atualmente professora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP).

Os resultados revelaram que as adolescentes viam a autolesão como uma forma de aliviar o sofrimento emocional, destacando a importância de um ambiente acolhedor para lidar com a dor psíquica.

A publicação está disponível em português e inglês e tem potencial de ser uma importante ferramenta terapêutica e educativa de baixo custo, especialmente por utilizar uma linguagem acessível e coerente com o universo dos adolescentes.

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Autores/Pesquisadores Citados

Psicóloga e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na UFSCar
Professora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP)

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