
Fonte
Débora Motta, FAPERJ
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Resumo
Pesquisadores já iniciaram um estudo inédito sobre a influência do consumo diário de castanha-do-Pará (castanha do Brasil) em conjunto com a suplementação com trans-resveratrol sobre a saúde vascular e microvascular em pessoas obesas e não obesas.
O estudo será ampliado ao longo de 2025 para ajudar na compreensão de como as propriedades antioxidantes da castanha e do trans-resveratrol podem ser aliadas na saúde cardiovascular, principalmente em pessoas obesas.
Os pesquisadores esperam que o estudo possa apontar tratamentos complementares para a obesidade, melhorando a qualidade de vida das pessoas e reduzindo a ocorrência de doenças da circulação sanguínea.
Uma pesquisa em desenvolvimento na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) está investigando os efeitos do consumo de castanha-do-pará (Castanha do Brasil) aliado à suplementação com trans-resveratrol – uma substância encontrada naturalmente nas uvas e frutas vermelhas – sobre a microcirculação e o sistema cardiovascular, principalmente em pessoas com obesidade.
O objetivo do estudo, que teve início em setembro de 2024 no Laboratório de Pesquisas Clínicas e Experimentais em Biologia Vascular da UERJ, é analisar os efeitos da ingestão diária combinada do trans-resveratrol, em formato de cápsulas (600 mg por dia), com quatro castanhas-do-pará. O estudo terá participantes obesos e não obesos.
“Estamos testando essa suplementação alimentar, por quatro semanas, em grupos de homens e mulheres jovens adultos, entre 18 e 35 anos, com e sem obesidade. Estamos avaliando as melhorias na microcirculação, no perfil lipídico e no estresse oxidativo desses pacientes, e na condição que gera o desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade de defesa do organismo”, resumiu o Dr. Daniel Alexandre Bottino, coordenador da pesquisa e professor da UERJ.
A associação do trans-resveratrol com a castanha-do-pará, agente tipicamente antioxidante, poderá potencializar suas ações protetivas cardiovasculares. A dieta com esses suplementos deve estar associada a uma rotina de reeducação alimentar e exercícios, para retardar o processo da formação de aterosclerose, as placas de gordura nos vasos sanguíneos
O professor Daniel Bottino destacou que, na literatura médica, sabe-se que o trans-resveratrol e a castanha-do-pará possuem propriedades antioxidantes. Ele agora quer testar clinicamente de que forma o alimento funcional e o suplemento podem melhorar o perfil da circulação sanguínea em vasos de menor calibre e promover melhorias no sistema cardiovascular de pessoas com obesidade, o que ainda não foi feito.
“Não temos na literatura médica estudos sobre os efeitos do consumo associado de trans-resveratrol com castanha, voltados para a microcirculação. Sabemos que a obesidade está acompanhada geralmente por um quadro de inflamação no corpo, que se desencadeia no tecido adiposo, gerando radicais livres e favorecendo o surgimento de quadros de resistência à insulina e de doenças cardiovasculares, como infarto, hipertensão arterial, diabetes mellitus e outras doenças metabólicas. Ela prejudica a função endotelial, isto é, a capacidade de regular a circulação sanguínea e o tônus vascular”, explicou o professor.
Os resultados preliminares da pesquisa indicam melhoria na microcirculação e o aumento do HDL, o colesterol bom, nos pacientes voluntários avaliados. “Por enquanto, foram avaliadas 12 pessoas, todas com a condição de não terem outra doença além da obesidade e de serem sedentárias. Verificamos respostas mais rápidas na vasoreatividade, isto é, na capacidade de dilatação dos microvasos, com auxílio da videocapilaroscopia do leito periungueal, um exame não invasivo que analisa a microcirculação dos vasos sanguíneos que rodeiam as cutículas dos dedos das mãos. Também utilizamos outra técnica, a pletismografia de oclusão venosa, para avaliar o fluxo sanguíneo do braço e a capacidade de dilatação do vaso sanguíneo”, detalhou o pesquisador.
Os testes continuarão ao longo de 2025. “Serão avaliados quatro grupos com 25 sujeitos cada. No grupo 1, teremos pacientes mulheres eutróficas, ou seja, dentro do peso ideal; no grupo 2, eutrófico masculino; no grupo 3, pacientes mulheres com sobrepeso/obesidade e Índice de Massa Corporal (IMC) até 39,9; e o grupo 4, masculino, com sobrepeso/obesidade e IMC até 39,9”, explicou o Dr. Daniel Bottino.
O pesquisador espera que os testes abram caminhos para o desenvolvimento de tratamentos complementares para a obesidade, a partir da ingestão diária do alimento e do suplemento alimentar natural.
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