
Fonte
Universidade de Sevilha
Publicação Original
Áreas
Resumo
Na Espanha, pesquisadores demonstraram que o uso de diterpeno facilita o repovoamento com novos neurônios de regiões cerebrais danificadas por lesões traumáticas.
A descoberta é importante porque os novos neurônios gerados são neurônios funcionais maduros, que se integram aos circuitos neuronais da área danificada e desenvolvem características funcionais idênticas àquelas que foram eliminadas pela lesão.
Apesar de ainda ser um estudo pré-clínico em animais, os resultados da pesquisa podem motivar estudos clínicos em humanos, para confirmar a eficácia e segurança do fármaco.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Lesões cerebrais podem ter consequências muito sérias e muitas vezes irreversíveis.
A perda de neurônios pode afetar uma série de funções, do movimento à cognição, e pode provocar alterações de personalidade ou até mesmo condições mais sérias.
Encontrar tratamentos que ajudem a regenerar o tecido cerebral danificado é um grande desafio para a ciência atual.
Estudo
Pesquisadores da Universidade de Sevilha e da Universidade de Cádiz, na Espanha, coordenados pelos professores de Fisiologia Pedro Núñez-Abades e Carmen Castro, demonstraram que o uso de diterpenos facilita o repovoamento com novos neurônios de regiões cerebrais danificadas por lesões traumáticas.
A descoberta, publicada na revista científica Stem Cell Research & Therapy, é resultado de um estudo pré-clínico realizado em animais, que destacou o papel farmacológico que os diterpenos podem desempenhar como uma potencial terapia para reparar lesões cerebrais.
Nessa busca por possíveis novos tratamentos para a recuperação cerebral após lesões, os pesquisadores Pedro Núñez-Abades e Carmen Castro trabalharam em colaboração com o grupo do Departamento de Química Orgânica da Universidade de Cádiz, liderado pela Dra. Rosario Hernández-Galán. Essa associação permitiu identificar produtos naturais que podem servir como terapias para regenerar tecidos danificados, evitando a perda de função.
Os pesquisadores mostraram que, após uma lesão, a produção de novos neurônios a partir de células-tronco neurais nas áreas do cérebro responsáveis pela geração de novos neurônios é naturalmente ativada.
Entretanto, essas células não se movem para as áreas comprometidas pela lesão. Os pesquisadores, então, procuraram moléculas que pudessem ser facilitadoras desse trânsito de novos neurônios, para a região afetada pela lesão.
Nós estudamos o efeito de um diterpeno com capacidade de induzir a liberação de neuregulina na promoção da neurogênese em um modelo murino de lesão cerebral cortical. Os resultados contribuem significativamente para a compreensão do efeito do diterpenoide EOF2 no reparo de lesões corticais. Essa pequena molécula facilita a liberação da [proteína] neuregulina-1, expressa por células microgliais na área perilesional e promove a migração de neuroblastos da zona subventricular em direção ao local da lesão e sua subsequente diferenciação.
Resultados
Ao aplicar o tratamento com diterpenos – usados como medicamentos em camundongos com lesão cerebral -, o fármaco facilitou o movimento dos neurônios recém-gerados em direção à região danificada, onde puderam repovoar o tecido que perdeu neurônios devido à lesão.
Assim, graças ao tratamento com a molécula, não só se conseguiu que a região danificada do cérebro dos animais recebesse novos neurônios de áreas que ainda têm capacidade de gerar novos neurônios, mas também que os novos neurônios fossem totalmente funcionais e semelhantes aos que haviam sido danificados, o que levou a uma restauração dos circuitos neuronais originais e, portanto, a uma recuperação funcional dos déficits associados à lesão.
O estudo também identificou um novo alvo terapêutico que pode ser usado para gerar novos tratamentos: uma molécula produzida por células do sistema imunológico em resposta a lesões, que pode ser responsável por atrair esses neurônios para a lesão.
Embora o estudo tenha sido realizado em modelos animais e ainda não possa ser aplicado ao cérebro humano, ele abre portas para a realização de estudos clínicos.
No futuro, após a realização de novos estudos clínicos para verificar se o medicamento tem o mesmo efeito em humanos e descartar sua toxicidade, [esperamos que] ele possa ser usado em terapias regenerativas para tratar lesões cerebrais
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
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