
Yanagi et al. , Vaccine (com adaptação)
Acima: Neovascularização coroidal induzida por laser (NVC): redução do vazamento de fluoresceína em 85% e do tamanho em 82%. Abaixo: Neovascularização retinocoroidal de ocorrência natural: supressão contínua entre 40% e 55%
Fonte
Instituto de Ciência de Tóquio
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Resumo
Uma nova vacina de mRNA que pode ser injetada por via intramuscular foi testada em camundongos e demonstrou suprimir fortemente a neovascularização retinocoroidal que ocorre na degeneração macular relacionada à idade.
Após apenas duas injeções intramusculares administradas com 14 dias de intervalo, os animais apresentaram fortes respostas de anticorpos que reduziram significativamente o crescimento anormal de vasos sanguíneos na retina.
Foco do Estudo
Por que é importante?
Uma das principais causas de perda de visão em pessoas com mais de 60 anos é a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), uma condição que afeta quase 200 milhões de pessoas em todo o mundo.
Uma forma da doença, conhecida como DMRI úmida, é causada pelo crescimento de vasos anormais no olho, uma condição chamada neovascularização. Esses vasos sanguíneos vazam e acumulam fluido na retina, o que gradualmente leva à perda de visão, se não for tratado.
Atualmente, a única maneira de retardar esse processo é por meio de injeções regulares de medicamentos antiangiogênicos que impedem a formação de vasos sanguíneos diretamente no olho. No entanto, esses medicamentos precisam ser tomados regularmente e alguns pacientes param de responder ao tratamento.
Estudo
Pesquisadores do Instituto de Ciência de Tóquio, no Japão, desenvolveram uma nova vacina de mRNA que pode ser injetada por via intramuscular, tornando-a mais fácil de administrar e menos onerosa para os pacientes com degeneração macular relacionada à idade (DMRI) do que os tratamentos atuais que exigem injeções diretas no olho.
A vacina foi testada em camundongos e demonstrou suprimir fortemente a neovascularização retinocoroidal, oferecendo esperança a milhões de pacientes com DMRI.
A equipe de pesquisa foi liderada pelo Dr. Satoshi Uchida, professor do Departamento de Engenharia Nanomédica Avançada do Instituto de Ciência de Tóquio, e pelo Dr. Yasuo Yanagi, professor visitante do Departamento de Oftalmologia e Microtecnologia da Universidade da Cidade de Yokohama, também no Japão.
Normalmente, as vacinas de mRNA carregam instruções que permitem ao corpo produzir anticorpos contra agentes infecciosos. Nesse caso, a vacina fornece mRNA que codifica a alfa-2-glicoproteína 1 rica em leucina (LRG1), uma proteína conhecida por promover a angiogênese e encontrada em níveis elevados em pacientes com DMRI. Como resultado, o corpo produz anticorpos que se ligam especificamente ao LRG1 e o inibem.
O estudo foi publicado na revista científica Vaccine.
A pandemia de COVID-19 destacou o notável potencial do mRNA como plataforma vacinal. Inspirados por esses sucessos, buscamos expandir seu uso para além de doenças infecciosas e câncer, para doenças oculares crônicas. Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a demonstrar que uma vacina de mRNA pode suprimir a neovascularização patológica em modelos animais
Resultados
Os pesquisadores testaram a vacina em dois modelos murinos de doença ocular: um no qual a neovascularização coroidal (NVC) foi induzida e outro que naturalmente desenvolve a NVC.
Após apenas duas injeções intramusculares administradas com 14 dias de intervalo, ambos os modelos apresentaram fortes respostas de anticorpos que reduziram significativamente o crescimento anormal de vasos sanguíneos na retina.
Os efeitos foram visíveis uma semana após a primeira dose. No 21º dia, o modelo de NVC induzida por laser apresentou uma redução de 85% no vazamento e uma redução de 82% no tamanho da lesão. No modelo de NV natural, o tamanho da lesão diminuiu 55% no 28º dia.
Nos testes, a vacina não interferiu no crescimento normal dos vasos sanguíneos, não danificou o tecido retiniano saudável nem desencadeou reações imunológicas prejudiciais em outros órgãos dos camundongos. Ao mesmo tempo, o tratamento foi tão eficaz quanto os medicamentos convencionais anti-fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), mas sem suas principais desvantagens.
Se comprovada a eficácia em humanos, a vacina poderá substituir as frequentes e desconfortáveis injeções oculares que os pacientes com DMRI enfrentam atualmente, por uma simples injeção no braço.
Os efeitos da vacinação com mRNA do LRG1 na redução das células endoteliais e microgliais foram comparáveis aos da terapia com anticorpos anti-VEGF. Ao contrário dos tratamentos convencionais que exigem injeções intravítreas repetidas, esta vacina pode proporcionar benefícios em longo prazo com uma única dose intramuscular, reduzindo potencialmente a carga do tratamento para os pacientes
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Autores/Pesquisadores Citados
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