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Janaína Coelho, Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG
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Resumo
Preocupados em melhorar o acondicionamento, preservação e transporte de órgãos doados para transplante, pesquisadores da UFMG desenvolveram um novo dispositivo que potencialmente pode reduzir o número de eventos adversos durante a logística do transporte de órgãos.
Fruto de um trabalho colaborativo entre pesquisadores de Design e do Hospital das Clínicas da UFMG, a inovação teve seu pedido de patente registrado junto ao INPI e agora aguarda um parceiro para produção e comercialização.
O processo de transplante de um órgão a partir de uma doação para um paciente receptor – principalmente de rins, pulmões, coração, fígado e córneas – pode ser complexo e depende de vários fatores, como a compatibilidade com o paciente receptor, a reação do sistema imune, o sucesso da cirurgia e também a qualidade do órgão que está sendo doado, incluindo sua conservação no transporte entre doador e receptor.
De acordo com a Organização Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a logística inadequada envolvida no processo de transporte de órgãos para doação responde por 5% a 10% das doações não concretizadas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamenta o transporte de órgãos para transplantes por meio da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC 66) de 2009, de modo a garantir a integridade do órgão e evitar sua contaminação.
No sentido de melhorar a qualidade do transporte de órgãos para transplante, uma solução promissora foi desenvolvida na Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG): o designer Wallace Terra apresentou um novo design de um dispositivo para transporte de órgãos. O trabalho foi orientado pela Dra. Laura Cota, professora de Design da Escola de Arquitetura da UFMG.
Para aperfeiçoar a concepção inicial do dispositivo, profissionais do Hospital das Clínicas da UFMG trabalharam durante um ano em conjunto com o estudante para desenvolver a tecnologia.
Ainda hoje, os órgãos são transportados de forma quase artesanal, em coolers à venda em supermercados, onde eles são colocados junto com gelo. Em alguns locais, não há nem termômetros para monitorar essa temperatura, o que gera o risco, entre outros, de o órgão congelar
A tecnologia
Segundo os pesquisadores, o dispositivo de polipropileno tem foco na facilidade, estabilidade e segurança do transporte, com o intuito de reduzir o estresse da equipe médica responsável pelo transporte e o estresse do próprio órgão.
“Criamos uma alça adaptada, que serve tanto para a movimentação horizontal quanto para a vertical, quando se carrega a caixa para o porta-malas e depois para subir escadas”, explicou Wallace Terra.
Para a parte interna do dispositivo, foi criada uma espécie de bolsa de silicone com filamentos inspirados, segundo os inventores, nas estrelas do mar. Assim, o órgão fica suspenso em meio à solução aquosa e não sofre impactos no interior da caixa, como ocorre com os dispositivos existentes. Essa redução de impacto pode diminuir o estresse do órgão, aumentando suas chances de aceitação para transplantes.
“Temos hoje uma excelente alternativa para enfrentar o problema do transporte de órgãos no Brasil”, destacou o Dr. Marcelo Sanches, professor da Faculdade de Medicina da UFMG, coordenador do Instituto Alfa Gastro do Hospital das Clínicas da UFMG e responsável pelos transplantes de fígado da Unidade.
O pedido de patente do dispositivo para acondicionamento, preservação e transporte de órgãos foi depositado recentemente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Agora, o Núcleo de Inovação da UFMG procura empresas parceiras para a fabricação do dispositivo. A intenção é usá-lo em projeto-piloto do Hospital das Clínicas para o transporte de órgãos que serão transplantados.
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Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Mais Informações
Acesse a (RDC 66) de 2009 da Anvisa.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Minas Gerais.
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