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Mayra Malavé-Malavé, IFF/Fiocruz
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Resumo
As fases de transição para a menopausa, menopausa e pós-menopausa levam a mudanças importantes no corpo da mulher e constituem desafios para a atenção primária e a saúde pública.
A conscientização sobre essas mudanças, a busca por informações baseadas em evidências científicas e o acompanhamento com profissionais da saúde que possam indicar as melhores abordagens e tratamentos individualizados são fundamentais para a saúde da mulher.
Aos 48 anos, em média, o corpo da mulher inicia uma transformação que impacta sua saúde física, mental e social: a transição à menopausa. Apesar de natural, esta fase ainda é cercada de desinformação, tabus e lacunas nos cuidados.
A transição para a menopausa, que marca o início da diminuição gradual da função ovariana, exige atenção especial à saúde feminina. Segundo a Dra. Lizanka Marinheiro, endocrinologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), “o acesso a informações confiáveis permite que as mulheres compreendam as mudanças em seus corpos e busquem apoio necessário, prevenindo impactos negativos na saúde física e mental”.
“O acompanhamento médico é fundamental para aliviar sintomas e prevenir complicações. No entanto, é um desafio garantir que o cuidado seja integral e acessível a todas, o que reforça a necessidade de expansão da qualificação profissional para atender às complexidades desta fase”, reforçou a Dra. Lizanka.
A transição para a menopausa e a pós-menopausa podem provocar alterações significativas, que vão desde sintomas físicos até impactos psicológicos e sociais. Segundo a especialista do IFF/Fiocruz, entre os sintomas mais comuns estão: ondas de calor e suor noturno, acompanhadas de palpitações e mal-estar; alterações no ciclo menstrual, culminando na cessação definitiva da menstruação; ressecamento vaginal, dor durante a relação sexual e incontinência urinária; dificuldade para dormir/insônia; alterações de humor, depressão e ansiedade.
Apesar do risco de gravidez diminuir significativamente na transição para a menopausa, ainda é possível engravidar. Além disso, mulheres nesta fase permanecem suscetíveis a infecções sexualmente transmissíveis, incluindo HIV, devido ao afinamento da parede vaginal, que aumenta o risco de lesões e rupturas.
Antes de qualquer tratamento, é essencial discutir opções com um profissional de saúde qualificado, considerando as necessidades individuais
Tratamentos e inovações científicas
Embora apenas 52% das mulheres busquem algum tipo de tratamento, a terapia de reposição hormonal continua sendo o padrão para sintomas mais severos, mas é usada por apenas 22% das que procuram tratamento.
Novidades incluem: estradiol transdérmico (Lenzetto): absorção eficiente e custo acessível; estetrol: hormônio estrogênico com perfil de ação potencialmente mais seguro; fenzolinetant: antagonista do receptor de neuroquinina-3 (NK3) para ondas de calor; antidepressivos e terapias comportamentais: ajudam a controlar sintomas de depressão e insônia; hormônios bioidênticos e fitoterápicos: combinam personalização e abordagens naturais.
Continuamente, o Ministério da Saúde avalia novas terapias e medicamentos, considerando evidências científicas, segurança e custo-benefício, de modo a ampliar gradualmente as opções de tratamento para todas as mulheres. Mas a disponibilidade dessas novidades no Sistema Único de Saúde (SUS) depende de processos regulatórios e de incorporação de tecnologias, que podem levar tempo.
Pesquisa, nutrição e inovação
Estudos científicos têm avaliado dietas ricas em fitoestrógenos, cálcio, vitamina D, bem como suplementos e fitoterápicos para manejo de sintomas.
Segundo a Dra. Maria Teresa Massari, professora e pesquisadora do IFF/Fiocruz, “oferecer aos profissionais de saúde conteúdos baseados em evidências fortalece o cuidado físico, mental e social das mulheres na transição à menopausa”. Neste sentido, o IFF/Fiocruz lançou recentemente o curso ‘Cuidado da Saúde durante a Transição para Menopausa e Pós-Menopausa na Atenção Primária à Saúde’, disponível para todos os profissionais de saúde no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do Instituto.
Além disso, o IFF/Fiocruz está colaborando na atualização do Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa do Ministério da Saúde, diretriz nacional de referência, que amplia recomendações clínicas e aborda populações minorizadas, como indígenas e mulheres em situação de vulnerabilidade.
Em suas publicações, o Portal SciAdvances tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal SciAdvances tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Autores/Pesquisadores Citados
Mais Informações
Acesse o curso ‘Cuidado da Saúde durante a Transição para Menopausa e Pós-Menopausa na Atenção Primária à Saúde’, (para profissionais de saúde) no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do IFF/Fiocruz.
Acesse o Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa do Ministério da Saúde.
Acesse a notícia original completa na página da Fundação Oswaldo Cruz.
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