
Fonte
Maria Fernanda Ziegler, Agência FAPESP
Publicação Original
Áreas
Resumo
Em estudo pré-clínico em ratos não obesos, portadores de um quadro semelhante ao diabetes tipo 2, pesquisadores avaliaram a influência do consumo de óleo de peixe sobre o estado inflamatório dos animais.
Os resultados mostraram que a suplementação com ácidos graxos Ômega-3 pode atenuar a resistência à insulina por meio da modulação da resposta inflamatória.
Foco do Estudo
Por que é importante?
A obesidade é um dos fatores de risco para o diabetes, mas pessoas diabéticas podem ser não obesas.
Compreender os mecanismos subjacentes ao estabelecimento da resistência à insulina em casos de diabetes em não obesos, bem como testar nutrientes que possam reverter esse processo, pode ter impacto na saúde e qualidade de vida de milhões de pessoas.
Estudo
Estudo pré-clínico em animais não obesos com quadro semelhante ao diabetes tipo 2 mostrou que a suplementação com ácidos graxos Ômega-3 pode atenuar a resistência à insulina por meio da modulação da resposta inflamatória.
O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Cruzeiro do Sul e publicado na revista científica Nutrients.
Os pesquisadores observaram que a administração de óleo de peixe na dose de 2 gramas por quilograma-força de peso (contendo 540 mg/g de ácido eicosapentaenoico, ou EPA, e 100 mg/g de ácido docosa-hexaenoico, ou DHA), três vezes por semana, durante oito semanas, atenuou a resistência à insulina dos roedores não obesos.
Os animais apresentaram melhora na glicemia, em marcadores inflamatórios e no perfil lipídico, incluindo colesterol total, colesterol LDL e triglicerídeos.
O Dr. Rui Curi, diretor do Centro de Ensino do Instituto Butantan, professor do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde da Universidade Cruzeiro do Sul e coordenador do estudo, explicou que qualquer alteração nos linfócitos – células que comandam a resposta de defesa – tende a ter impacto em outras células do sistema imune, criando um efeito cascata.
O experimento foi feito com ratos Goto-Kakizaki, um modelo animal para diabetes tipo 2 sem obesidade. Observamos que a atenuação da resistência à ação da insulina nesses animais se dá por meio da modulação da resposta inflamatória, mudando o perfil de células de defesa [linfócitos] do estado pró-inflamatório para anti-inflamatório, da mesma forma como ocorre em indivíduos obesos e com resistência à insulina que fazem suplementação com ácidos graxos ômega-3
Resultados
“(…) o objetivo principal da pesquisa era identificar se a suplementação com óleo de peixe [rico em ômega-3] conseguiria reverter alterações específicas nos linfócitos, que tinham sido observadas em estudos anteriores. Com os resultados, conseguimos aprofundar o entendimento sobre a relação entre inflamação e resistência à insulina em animais não obesos, confirmando que se trata de uma questão central do diabetes, mesmo quando não há obesidade”, explicou a Dra. Renata Gorjão, vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde da Universidade Cruzeiro do Sul e coautora do estudo.
“A suplementação com óleo de peixe reverteu esse quadro [inflamatório], apresentando um efeito anti-inflamatório notável ao reduzir os perfis inflamatórios Th1 e Th17 [dois subtipos de linfócitos T que desempenham funções cruciais na inflamação], seguido de aumento na porcentagem de células T-reguladoras, que tem a capacidade de suprimir a ação dos linfócitos pró-inflamatórios. Dessa forma, a atuação dos ácidos graxos ômega-3 nos linfócitos, modulando-os do estado pró-inflamatório para o anti-inflamatório, pode ter sido o desencadeador da atenuação do quadro de resistência à insulina nos animais”, explicou Tiago Bertola Lobato, doutorando na Universidade Cruzeiro do Sul.
Ainda que fruto de testes pré-clínicos, os resultados trazem esperanças para pessoas com diabetes tipo 2 não obesas. Porém, os pesquisadores alertam que mais pesquisas são necessárias para confirmar os resultados em humanos.
Em suas publicações, o Portal SciAdvances tem o único objetivo de divulgação científica, tecnológica ou de informações comerciais para disseminar conhecimento. Nenhuma publicação do Portal SciAdvances tem o objetivo de aconselhamento, diagnóstico, tratamento médico ou de substituição de qualquer profissional da área da saúde. Consulte sempre um profissional de saúde qualificado para a devida orientação, medicação ou tratamento, que seja compatível com suas necessidades específicas.
Autores/Pesquisadores Citados
Instituições Citadas
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Nutrients (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Agência FAPESP.
Leia também:

Universidade de Queensland

Universidade Técnica de Munique