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Annona squamosa (fruta-do-conde ou pinha)
Fonte
Thais Szegö, Agência FAPESP
Publicação Original
Áreas
Resumo
Como potencial alternativa para tratamentos contra a dor e inflamações, pesquisadores estudaram a ação do extrato metanólico das folhas da planta Annona squamosa, conhecida como fruta-do-conde ou pinha, e de uma substância isolada da planta chamada palmatina.
Os resultados observados em animais se mostraram promissores, o que deve fomentar mais pesquisas sobre formulações, farmacocinética e toxicidade das substâncias.
Foco do Estudo
Por que é importante?
O uso prolongado de analgésicos opioides e anti-inflamatórios não esteroides – principais tratamentos farmacológicos para a dor – pode causar vários efeitos colaterais, como dependência, úlceras e eventos trombóticos cardiovasculares.
Por outro lado, o uso de medicamentos contra inflamação – como os análogos dos glicocorticoides e os anti-inflamatórios não esteroides – em tratamentos crônicos pode levar à insuficiência adrenal e resistência à insulina, entre outros resultados indesejados.
Neste cenário, a planta Annona squamosa, já usada em diversos países com fins medicinais e empregada na medicina popular para tratar dor e artrite, poderia ser uma nova alternativa contra dores e inflamações.
Estudo
Pesquisadores identificaram nas folhas da Annona squamosa – árvore conhecida popularmente no Brasil como fruta-do-conde ou pinha – substâncias com ação analgésica, anti-inflamatória, anti-hiperalgésica (combate à dor persistente) e antiartrítica.
A pesquisa foi desenvolvida por cientistas da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade Estadual Paulista (Unesp).
O grupo avaliou o extrato metanólico da planta e uma substância isolada chamada palmatina. Para isso, as folhas da planta passaram por um processo de secagem e foram transformadas em pó. Então, foram extraídas as substâncias que seriam analisadas.
O extrato metanólico e o alcaloide palmatina foram administrados oralmente em camundongos com pleurisia (inflamação das pleuras), com inflamação articular e com hiperalgesia mecânica (sensibilidade elevada a estímulos dolosos).
O estudo foi publicado na revista científica Pharmaceuticals.
O objetivo do estudo foi investigar o potencial analgésico, antiartrítico e anti-inflamatório do extrato metanólico e da palmatina, obtidos a partir da Annona squamosa
Resultados
O estudo mostrou que o extrato metanólico da Annona squamosa e a palmatina são agentes analgésicos e anti-inflamatórios, e que as propriedades anti-hiperalgésicas da palmatina podem envolver a via TNF, uma proteína sinalizadora produzida por células de defesa e que desempenha papel crucial na regulação da resposta imune.
A palmatina pode ser um dos compostos responsáveis pelas propriedades anti-hiperalgésicas e/ou antiartríticas da planta medicinal.
As conclusões obtidas na análise são muito relevantes e ajudam a comprovar os efeitos terapêuticos das amostras analisadas e a avançar na compreensão de seus mecanismos de ação.
Entretanto, novos estudos precisam ser feitos antes que as substâncias possam ser utilizadas para o tratamento de doenças.
“Mais estudos são necessários para avaliar se, em outras formulações, seriam alterados os efeitos e as propriedades farmacocinéticas da palmatina”, afirmou o Dr. Marcos José Salvador, professor do Departamento de Biologia Vegetal da Unicamp.
O professor também ressaltou serem necessárias novas pesquisas para avaliar a toxicidade dos compostos e as doses necessárias para obter o efeito terapêutico para uso clínico.
Os resultados mostraram que o extrato metanólico e a palmatina extraídos da A. squamosa têm potencial analgésico e anti-inflamatório. A palmatina tem ainda propriedades anti-hiperalgésicas, que podem envolver a inibição da via mediada pelo fator de necrose tumoral. Concluímos também que a palmatina pode ser um dos constituintes responsáveis pelas propriedades antiartríticas da planta
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Autores/Pesquisadores Citados
Publicação
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a revista científica Pharmaceuticals (em inglês).
Mais Informações
Acesse a notícia original completa na página da Agência FAPESP.
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